quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
(Valor) Maior central sindical do país e tradicional aliada do PT, a CUT
realizou no Congresso uma mobilização contra as alterações propostas
pelo governo nas medidas provisórias 664 e 665, que endurecem as regras
para a concessão de benefícios trabalhistas. Segundo o presidente da
central, Vagner Freitas, "a agenda que a presidente está colocando é a
agenda que foi derrotada na eleição".
De acordo com o sindicalista,
"quem disse que ia fazer essas coisas que estão sendo feitas agora era o
candidato do PSDB", em uma referência ao senador tucano Aécio Neves
(MG). Freitas disse que as medidas propostas são "estapafúrdias" e rompem
com um processo de negociação que vinha sendo construído desde 2007.
"A CUT tomou lado na eleição presidencial. Demos o apoio à candidata
Dilma Rousseff", frisou Freitas, afirmando que o pacote de ajuste fiscal
foi "uma grande surpresa". "Colocaram um ministro da Fazenda ligado ao
mercado, ligado a um banco, que poderia muito bem ser o ministro do
candidato do PSDB. Estamos surpresos e não vamos aceitar isso", insistiu
o sindicalista. O ministro da Fazenda Joaquim Levy administrava até o
ano passado um ramo de investimentos do Bradesco.
A central pede a revogação das MPs e criação de um conselho
tripartite, com governo, parlamentares e representantes dos
trabalhadores para discutir alterações na concessão de direitos
trabalhistas. "O governo colocou essas medidas, mexendo em questões
previdenciárias sem tocar na questão da rotatividade no mercado de
trabalho, que é o mais grave. O governo cometeu um equívoco, uma coisa
desorientada ", disse o presidente da CUT.
Para Freitas, "algumas das alterações eram factíveis de serem
realizadas desde que o governo fizesse de maneira negociada, com os
trabalhadores sendo contemplados. O governo meteu os pés pelas mãos,
criou uma agenda negativíssima".
Outro equívoco, na visão da central, é ter vinculado as alterações à
necessidade de composição de receita. "Eu disse pro governo, em reunião
ontem [anteontem], 'se vocês querem economizar, vão tributar as grandes
fortunas. Vá penalizar quem lucra mais. Se tem desmando na economia, não
fomos nós que construímos".
Além da ofensiva da CUT, ontem a Força Sindical resolveu levar a
questão aos tribunais e ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) ações
diretas de inconstitucionalidade que questionam as medidas contidas nas
MPs. A ação da Força Sindical foi feita em conjunto com o partido
Solidariedade e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos
(CNTM).
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