sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Depois não sabem porque somos reprovados no ENEM! A três dias do retorno às aulas, professores ainda não sabem onde atuarão

Se não bastasse a carência de pessoal, há aqueles que ainda não têm unidade de lotação confirmada

ludmila.rocha@jornaldebrasilia.com.br



A volta às aulas na rede pública, na próxima segunda-feira, continua uma incógnita. A essa altura do campeonato, há professores que ainda não sabem onde serão lotados. Eles teriam sido orientados a esperar uma resolução em casa, até terça-feira. A contratação de  temporários, por outro lado, depende de decisão do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), que está para sair. E como se não bastasse, há ameaça de greve.


Funcionária da Secretaria de Educação há mais de 16 anos, uma professora de Ceilândia diz que  ainda não sabe onde dará aula.  “Costumávamos receber a lotação antes  do ano letivo. Agora, além de não informarem onde vou ficar, me mandaram aguardar”, denuncia.


Segundo a professora,  que estava em exercício provisório, até  temporários devem iniciar as atividades antes. “Como pertenço à Regional de  Ceilândia, só posso ser lotada em uma escola de lá, mas ainda não sei qual. Vamos nos apresentar depois dos outros profissionais, por isso teremos menos tempo para organizar nosso plano de ensino”, lamenta.


Sem cargo
Uma professora   de Planaltina, servidora  há 25 anos, está em situação similar. Em 2013, ela foi convidada a assumir a coordenação da escola. O que não imaginava é que uma modificação no quadro de funcionários, neste ano, a deixaria temporariamente sem cargo.


“Em janeiro, a determinação era que nenhuma escola iniciasse o ano letivo com coordenadores. Após reunião com diretores  e o sindicato, porém, ficou decidido que cada instituição teria, pelo menos, um coordenador. Agora, os coordenadores serão escolhidos em votação com funcionários da escola. Essa reunião está programada para amanhã (hoje)”, explica.


Segundo a professora, a secretaria teria informado que os coordenadores eleitos só poderiam assumir  em abril. “Caso seja reeleita, não sei o que farei até abril. Depende do coordenador montar um plano pedagógico e planejar atividades para o ensino integral, como isso vai funcionar?”, questiona. “E  se não for reeleita,   não sei onde serei lotada. Só semana que vem saberemos quais as vagas com carência”, diz.


Problema interfere no planejamento

Fernando Reis, diretor de Políticas Educacionais do Sindicato dos Professores  (Sinpro-DF), confirma que, ao contrário dos anos anteriores, desta vez o GDF não disponibilizou uma lista com a carência de vagas em cada regional. “O governo cometeu uma falha grave. Diante da falta de planejamento, fizeram um calendário emergencial de apresentação dos profissionais sem lotação para os dias 23 e 24. A data não só coincide com o início das aulas, como com a assembleia da  categoria”, reclama.


Fernando enfatiza a dificuldade que esses professores enfrentarão. “Só depois do início do ano letivo é que esses profissionais saberão em que escola irão trabalhar, em que turno e com quais turmas. Isso impacta no planejamento das aulas e atrapalha professores e alunos”, afirma.


Greve
Diante de tantas incertezas, uma assembleia foi organizada pelo Sinpro-DF para a próxima segunda-feira, primeiro dia de aulas. Caso o GDF não ofereça soluções para os impasses e uma nova proposta para o pagamento dos R$ 120 milhões em benefícios atrasados – somatório de rescisão dos contratos temporários, adicional de férias e 13º salários -, os professores prometem entrar em greve.
Oito em cada dez em estado crítico

Um relatório produzido pelo Tribunal de Contas do DF (TCDF), no ano passado, traz um dado alarmante: 81,5% das escolas públicas   apresentavam condição estrutural crítica, com serviços de manutenção e conservação insuficientes e carecendo de reparos grandes ou moderados. O exame é o sexto de uma série   desde 2007. De acordo com a análise, a situação das instalações melhorou em relação a  2011, mas ainda é pior do que   em 2010, considerada insatisfatória.

As 46 unidades de ensino analisadas foram escolhidas por amostragem aleatória e visitadas entre 27 e 31 de janeiro de 2014, semana que antecedeu o início das aulas.

A planilha utilizada na avaliação contemplou itens próprios de um estabelecimento escolar, tais como muros, pátio, quadra de esportes, instalações elétricas e hidráulicas, banheiros, pisos e paredes, pintura e os componentes das salas de aula (portas, janelas, pontos de iluminação, mesas, carteiras e lousa).

De modo a manter os parâmetros das auditorias passadas, foram consideradas em boas condições as escolas que apresentaram Percentual Ponderado dos Itens Avaliados Negativamente (PPian) inferior a 10%. As que tiveram entre 11% e 25% foram classificadas com necessidade moderada de reparos. De 26% a 40%, consideradas em condições ruins. E  as que obtiveram PPian acima de 40%,   péssimas.
 Entre melhores e piores, quadro é ruim
Conforme pesquisa do Tribunal de Contas do DF, a unidade de ensino mais bem avaliada foi a Escola Classe 401 do Recanto das Emas, com índice de 3,58%. E a pior foi o Centro de Atenção Integral à Criança Professor Walter José de Moura, no Areal, com 53,11%. A média de rendimento das 46 escolas girou em torno de 20,97%, considerada ruim, segundo os parâmetros avaliativos.

Para tentar mudar o quadro do Caic Professor José Walter de Moura, a  diretora da escola, Maria de Jesus Ferreira,  diz ter tirado do próprio bolso os R$ 21 mil necessários para bancar parte das reformas de que a escola necessita.

As obras começaram em dezembro e englobaram troca de pisos dos banheiros masculino e feminino do primeiro ano, colocação de portas nas cabines e pintura da fachada externa do colégio.

"Como o GDF disse que concederia um montante para reformas emergenciais, comprei material fiado para as obras. Tive informações de colegas que já receberam esse dinheiro, mas o nosso ainda não foi depositado", conta.

E ainda há muito a ser feito. "Conforme mostrado no relatório, as obras aqui são primordiais e urgentes. Infelizmente mais um ano vai começar com uma estrutura ruim", lamenta.

Gasto x Resultado
Ao contrário do que se imagina, em três anos, as despesas da Secretaria de  Educação do Distrito Federal (SEDF) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) com reformas subiram - passando de 0,76%, em 2010, para 1,93%, em 2013.

Para se ter uma ideia, o valor total das despesas passou de R$ 25,7 mil, em 2010, para R$ 73,9 mil, em 2013. Exatamente R$ 48 mil a mais.  Só em  2013, foram repassados pelo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e pelo Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf), nada menos do que R$ 42,8 milhões às instituições de ensino.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

Enem "reprova" 63,64% das escolas; 96% delas são públicas

Rafael Targino
Em São Paulo
Mais da metade das escolas foi “reprovada” no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2010: exatas 63,64% de todas as que tiveram a nota das provas objetivas divulgadas não conseguiram atingir a nota média de 511,21. Ou seja: se o que estivesse em jogo fosse a aprovação ou a reprovação, elas não “passariam de ano”.
No total, 12.532 das 19.689 escolas com médias objetivas divulgadas pelo MEC tiraram nota menor que 511,21. Delas, 12.105 –96,6%– são das redes públicas de ensino. Outras 4.211 unidades tiveram menos de 2% de todos os alunos e menos de 10 estudantes participando das provas objetivas e de redação e, por isso, não entram na conta.

É possível dizer que o desempenho não foi muito diferente de 2009. Naquele ano, as unidades geridas por Estados, municípios e União representaram 96,35% das que ficaram abaixo da então média de 501,58 pontos. Todas as comparações são feitas com escolas de ensino médio regular, excluindo a EJA (Educação de Jovens e Adultos), que não teve os dados de 2010 divulgados.

Comparação de desempenho no Enem

Prova objetiva 2009 2010
Nota média 501,58 511,21
Maior nota 730,02 722,68
Menor nota 356,60 367,77
Escolas abaixo
da média
66,37% (11.975) 63,64% (12.532)
Quantas públicas abaixo da média? 96,35% (11.538) 96,6% (12.105)
Quantas privadas abaixo da média? 3,65% (437) 3,4% (427)
Escolas acima
da média
33,63% (6066) 36,36% (7157)
Quantas públicas acima da média? 31,26% (1896) 33,16% (2373)
Quantas privadas acima da média? 68,74% (4170) 66,84% (4784)
Escolas com notas divulgadas (EMR) 18.041 19.689

A situação pode ser ainda pior, já que em 9.176 dessas escolas abaixo da média (mais de 70% delas) a participação dos alunos não chegou à metade do total de matriculados. Ou seja: sendo o Enem voluntário, a tendência é que estudantes em tese mais “preparados” façam a prova, mesmo que, como mostra o resultado, não estejam exatamente bem qualificados. Além disso, há escolas que colocam somente seus melhores alunos para prestar o exame.

Como ler os dados?

Por conta da TRI (Teoria de Resposta ao Item), quanto mais longe da média a escola estiver, muito melhor (ou muito pior) será o desempenho dela. Isso quer dizer que a proficiência de uma unidade que tirou 511,22 (0,1 acima da média) não é muito diferente de outra que teve nota 511,20 (0,1 abaixo). No entanto, uma escola 600 saiu-se bem melhor do que uma 400.

Para chegar à nota da prova objetiva por escola, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) calcula as menções nos exames de linguagens e códigos, matemática, ciências humanas e ciências exatas e da natureza de todos os alunos e tira uma média.

Como a nota média é só da objetiva, é possível que, no ranking geral, a escola tenha conseguido uma posição maior, já que a nota da redação pode ter compensado a menção final. É como um aluno que tem duas avaliações em um bimestre: se ele obtiver uma nota ruim na primeira prova, pode compensar na segunda.

Mas, segundo o Inep, não é possível comparar as notas de redação, já que a correção delas não está em TRI.

Como escolher escola

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi criado para avaliar a qualidade do ensino médio. Desde 2006, o MEC (Ministério da Educação) tem divulgado a nota do Enem por escola, com dados da prova do ano anterior. E esse indicador tem sido bastante utilizado como critério de escolha da escola -- principalmente entre as particulares.

A recomendação é que os pais prestem atenção nos seguintes quesitos: taxa de participação, fazer a comparação entre escolas semelhantes e considerar outros fatores, além da nota do Enem.

Quase 530 mil foram reprovados na redação do ENEM 2014

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529.373 mil estudantes tiraram nota zero na redação do Enem de 2014. Destes, mais de 13 mil copiaram textos motivadores da prova, mais de sete mil escreveram menos de sete linhas, mais de quatro mil fugiram do tipo textual, mais de três mil tiveram trechos incoerentes com o contexto, 955 feriram os direitos humanos e outras 1.500 zeraram por outros motivos. Segundo o Inep, 6.193.565 pessoas fizeram as provas em mais de 1,7 mil cidades


Em contrapartida, 250 mil candidatos tiraram nota máxima na redação. Apesar do número menor de inscritos para o Enem de 2013, 481 mil estudantes tiraram nota máxima e 106.742 zeraram a redação. De acordo com o Inep, houve uma queda de 9,7% no desempenho dos estudantes que concluíram o ensino médio, em relação a 2013.


Sobre o grande número de estudantes que não poderão concorrer a uma vaga em unidades do Governo Federal devido à nota zero na redação, o ministro da Educação, Cid Gomes, disse que “publicidade infantil não é um tema que teve um grande processo de discussão como teve o de 2013″, que foi sobre Lei Seca.


Avaliação
São avaliados cinco competências durante a correção da prova de redação do Enem: domínio da norma padrão da língua portugues escrita; compreensão da proposta; capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fato, opiniões e argumentos de defesa de um ponto de vista; conhecimento das ferramentas linguísticas necessárias para argumentação e elaboração de proposta de intervenção ao problema abordado, respeitando os direitos humanos.


(Por Thais Dutra/Diário de Goias)
(Foto: Divulgação)

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