sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O grau de irresponsabilidade dos governantes é espantoso. O Brasil está à beira do colapso do abastecimento de água em São Paulo, está com graves problemas em outras cidades do país, o Rio se prepara para hospedar um grande evento no ano que vem. Eles ficam contando as gotas de chuva ou cavando mais fundo para ver se encontram algo. A cada sinal positivo, adiam decisões inevitáveis.


A hora é agora

O Rio de Janeiro tem que começar a fazer racionamento de água porque pode faltar água em plena Olimpíada. São Paulo tinha que ter racionado desde o ano passado. Pelo menos, a multa sobre quem consome muito deveria ter sido adotada no ano eleitoral de 2014. O governo Federal deve começar o racionamento de energia porque não fez a racionalização quando havia tempo.

O grau de irresponsabilidade dos governantes é espantoso. O Brasil está à beira do colapso do abastecimento de água em São Paulo, está com graves problemas em outras cidades do país, o Rio se prepara para hospedar um grande evento no ano que vem. Eles ficam contando as gotas de chuva ou cavando mais fundo para ver se encontram algo. A cada sinal positivo, adiam decisões inevitáveis.

O que não deveria ser sequer pensado é o rodízio de água. Na Califórnia, chegou a ser reduzida a oferta em 85% porque é proibido fazer rodízio. Empresas não podem deixar de entregar, mas podem reduzir bastante a entrega para haver um pouco de água para todos, todos os dias.

O racionamento só pode ser evitado quando planos de contingência são feitos com antecedência. Foi só elevar 0,8% o nível do Paraibuna para o Rio de Janeiro adiar medidas emergenciais sobre a água. São Paulo encontrou um quarto volume morto no Cantareira. Elevou-se um pouquinho o nível da represa Billings e isso bastou para que fossem adiadas medidas de contingência. Tudo deveria ter sido feito antes para evitar o rodízio, porque este tem que ser o último recurso.

O governador Luiz Fernando Pezão deve saber, mas como não demonstra, é preciso que alguém lhe diga: a administração de um recurso vital como a água tem que ser planejada de forma plurianual, e os reservatórios estão muito baixos neste segundo ano de seca. As chuvas que porventura caírem sobre os reservatórios vão apenas recuperar parte do que foi perdido. Precisamos chegar em 2016 com um nível confortável.
Quando não se controla uma das variáveis, atua-se sobre outras. Elementar. Por isso, em vez de esperar a chuva — elemento fora do controle — um governo previdente atua onde tem ingerência e monta plano para os piores cenários.
Dias atrás, entrevistei o climatologista Carlos Nobre. Ele disse: — O risco de colapso de abastecimento de água em São Paulo é real. Deve ser levado muito a sério. Se não chover 60% a 80% acima da média histórica, o que é improvável, não haverá outra solução a não ser uma drástica redução de consumo.

Perguntei a ele se, em caso de chuva nesse volume improvável, a situação poderia se normalizar. Ele respondeu: “Normalizar, não. Não existe essa possibilidade, pode levar anos até se normalizar.”

O Rio, segundo ele, tem que fazer um plano de contingência já de olho nas Olimpíadas de 2016. Não deve esperar para ver o que acontecerá porque “o Rio é São Paulo amanhã”. E, nesse amanhã, o ano que vem, teremos o maior evento esportivo do mundo.

O governo Federal cometeu uma lista exaustiva de erros, e o setor elétrico hoje é politraumatizado. O nível de água nos reservatórios subiu para 17,74% no Sudeste e Centro-Oeste. Alta de um ponto percentual em fevereiro. Bom, porque perdemos quase três pontos em janeiro, mês de recarga no sistema. Não é hora de relaxar nem de improvisar.

De olho nas urnas, os governantes adiaram as más notícias, principalmente a presidente Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alckmin. Mas o eleitor é mais sábio do que pensam os propagandistas. Se o governo Dilma não tivesse tido a insensatez de reduzir o preço da energia e incentivado o consumo em 2013, se tivesse começado programas de racionalização quando os alertas foram feitos, o Brasil não estaria correndo os riscos que corre.

O mesmo vale para o governador Geraldo Alckmin. Será que ele pensou mesmo que se falasse a verdade sobre a escassez de água, se tivesse elevado o custo para os maiores consumidores, teria perdido a eleição? O eleitor é capaz de reconhecer um problema e valorizar o governante que age com prudência.

As águas de março fecham o verão. Em abril, chove um pouco. Depois, vem o longo tempo seco. O clima está mudando. Nossa energia depende da água. A hora de agir é agora.

 Fonte: Coluna da Míriam Leitão

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Um comentário:

Unknown disse...

Eu acredito que o governador está fazendo o melhor que pode para contornar a crise hídrica, em nenhum momento escondeu a verdade da população. Além do mais, já aprovou vários projetos para amenizar a crise que a seca provocou.