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Perna curta – Ministro da Justiça, o petista José Eduardo Martins Cardozo não se inscreveu no curso do “companheiro” Lula sobre técnicas da mentira. Acuado diante da pressão da opinião pública por causa das reuniões secretas com advogados das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, Cardozo inicialmente negou os encontros. Na sequência, sem saber o que fazer, o ministro mudou o discurso e admitiu ter recebido em seu gabinete os defensores das construtoras envolvidas no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história.Com o imbróglio fermentando rapidamente com o passar do tempo, o que colocou o desgoverno do PT na zona do desconforto, José Eduardo Cardozo resolveu admitir os encontros, mas tropeçou em nova mentira. Disse o ministro, na quinta-feira (19), que no encontro com os advogados da Odebrecht tratou de eventuais vazamentos de informações da Lava-Jato.
Para piorar a frágil e embaraçosa situação do ministro, a Odebrecht informou que tratou com o titular da Justiça da cooperação entre o Brasil e Suíça, firmado na esteira das investigações da Operação Lava-Jato. A preocupação da empreiteira baiana se justifica pelo fato de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e um dos principais delatores do Petrolão, ter revelado, em depoimento, que recebeu da Odebrecht US$ 31,5 milhões em propina, dinheiro depositado em contas na Suíça.
Por ser o Brasil uma democracia, José Eduardo Cardozo tem direito à livre manifestação do pensamento, mas na condição de ministro da Justiça não pode mentir, como fez no caso das reuniões secretas. Como se não bastasse, o ministro tem duas agendas, uma oficial e outra paralela, sendo que nesta última constaram os encontros com os advogados das empreiteiras.
Reza o Estatuto da Advocacia que as autoridades devem receber os advogados em qualquer tempo, mas o momento não é o mais adequado para Cardozo se reunir com os defensores das empreiteiras atoladas no Petrolão. Principalmente porque a Polícia Federal, que vem realizando um excelente trabalho, está no “guarda-chuva” do Ministério da Justiça. Ademais, o Estatuto da Advocacia só serve para os tubarões do Direito que defendem os envolvidos em escândalos que atingem o governo federal, pois um reles advogado jamais será recebido pelo ministro da Justiça.
Enquanto os advogados das empreiteiras alegam que nos encontros com Cardozo não houve qualquer tentativa de interferência no processo da Lava-Jato, as empresas do Petrolão têm procurado o ex-presidente Lula para minimizar o estrago. Ideia é fazer com que o ex-metalúrgico, agora lobista de empreiteira, aja politicamente para evitar uma catástrofe no setor da construção pesada, como se o brasileiro fosse obrigado a conviver com a bandalheira oficial.
Voltando a Cardozo, o ministro da Justiça deveria para com essa vexatória onda de mitomania, arrumando um tempo em sua concorrida agenda para reflexões, pois melhor seria que o Brasil soubesse, de uma vez por todas, quem frequentou o principal gabinete do Ministério da Justiça nos últimos quatro anos. Apenas para refrescar a memória do ministro, alguém tratou em seu gabinete assunto relacionado ao escândalo envolvendo Erenice Guerra, ex-chefe da Casa Civil e acusada de tráfico de influência enquanto no cargo.
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