BLOG do ORLANDO TAMBOSI
Carnaval da corrupção. |
Entre as
generosas doadoras da escola de samba que homenageou o ditador da Guiné
Equatorial está a Odebrecht, patrocinadora de palestras de Lula, que
esteve na Guiné em 2011 como representante do governo brasileiro -
curiosamente, na comitiva com gente da empreiteira. Alô, imprensa, que
tal fazer algumas perguntinhas ao tiranete?
O governo
da Guiné Equatorial negou nesta quinta-feira que tenha patrocinado a
Beija-Flor, que venceu o carnaval com um enredo em homenagem ao país. Em
nota, o ministro da Informação, Imprensa e Rádio, Teobaldo Nchaso
Matomba, afirmou que a iniciativa do patrocínio partiu de “empresas
brasileiras”. O governo não citou nomes, mas, na quinta-feira, durante
as comemorações pelo título na quadra da escola, o carnavalesco
Fran-Sérgio, integrante da comissão de carnaval da escola, citou
Queiroz Galvão, Odebrecht e grupo ARG como patrocinadores do enredo.
“A
iniciativa de realizar esta homenagem à Guiné Equatorial não partiu do
governo e nem da Presidência da República. É uma iniciativa que surgiu
das empresas brasileiras que operam na Guiné Equatorial, em conjunto com
a Beija-Flor. Uma iniciativa que apoiamos”, diz a nota.
Segundo o
governo, os ministérios da Informação, Imprensa e Rádio e da Cultura e
Turismo forneceram materiais e informações sobre a arte e cultura do
país. O contrato assinado entre a Beija-Flor e o ministério da Cultura e
Tursimo do país africano cita um aporte de R$ 10 milhões para a escola,
mas não informa a origem do dinheiro.
Por fim, a
nota parabeniza a vitória da Beija-Flor e afirma que o governo da Guiné
Equatorial espera que o sucesso incentive outros países africanos a
participar do carnaval brasileiro.
ODEBRECHT NEGA PATROCÍNIO
Também em
nota divulgada nesta quinta-feira, a Odebrecht negou que tenha
patrocinado o enredo da Beija-Flor. A empreiteira afirmou ainda que
sequer realizou obras na Guiné.
“A
Odebrecht não patrocinou o desfile do Grêmio Recreativo Escola de Samba
Beija-Flor, do Rio de Janeiro. A Odebrecht esclarece ainda que nunca
realizou obras na Guiné Equatorial. A empresa chegou a manter um pequeno
escritório de representação no país africano, mas ele foi desativado em
2014”, diz a nota.
Em 2011,
segundo a “Folha de S. Paulo”, o diretor de relações institucionais da
Odebrecht, Alexandrino Alencar, integrou a comitiva de uma viagem do
governo brasileiro à Guiné. Na ocasião, o representante oficial da
delegação brasileira, designado pela presidente Dilma Rousseff, foi o
ex-presidente Lula.
O
carnavalesco da Beija-Flor citou ainda a Queiroz Galvão — que, assim
como a Odebrecht, está envolvida nas denúncias da Operação Lava-Jato — e
o grupo ARG como financiadores do carnaval. Procurada, a Queiroz Galvão
afirmou que vai se posicionar durante o dia. Em seu site oficial, o
grupo ARG afirma que atua na Guiné desde 2007 e destaca a execução de
duas obras rodoviárias no país: entre as cidades de Añisok e Oyala e a
ligação entre Oyala e Mongomeyen. Segundo a empresa, as estradas vão
ligar Bata, a segunda maior cidade do país, a Gabão e Camarões.
Procurado por e-mail, o grupo ARG ainda não respondeu. (O Globo).
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