Os jornais divulgam que o PSDB tem de indicar ao Tribunal Superior Eleitoral, esta segunda-feira, os municípios em que pretende fazer auditoria nas urnas eletrônicas. A exigência foi feita pelo TSE quinta-feira passada a propósito de facilitar a organização do processo, sob alegação de que as urnas eletrônicas têm de sofrer manutenção para eventuais eleições suplementares.
A auditoria foi pedida pelo PSDB ao TSE no ano passado, após a vitória da presidente Dilma Roussef com diferença de 3,4 milhões de votos. Como se sabe, pela primeira vez desde que começou a ser usada a urna eletrônica à brasileira, a apuração só foi divulgada a partir das 20 horas. Respondendo a uma indagação do PSDB, o presidente do TSE, Dias Toffoli, alegou que essa mudança no horário estava prevista na Resolução 23.399, de 2013:
“Foi uma decisão tomada por esta corte”, afirmou Toffoli, sem acrescentar que essa inovação foi introduzida por ele próprio, na condição de relator da Resolução. Na época, ele não chamou a atenção dos demais ministros do TSE para as conseqüências desta inovação, que passou despercebida pelo plenário e foi aprovada.
TOFFOLI FEZ OUTRAS “INOVAÇÕES”
Toffoli deveria esclarecer muitas outras “inovações”. Por que proibiu fiscalização dos partidos na apuração, realizada numa sala fechada do TSE, com acesso proibido até mesmo aos ministros do TSE, segundo declarações do corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha. . Somente o presidente (ele, Toffoli) podia entrar.
As declarações do corregedor-geral são inaceitáveis e assustadoras, porque jamais ocorrera no país uma eleição em que até mesmo as maiores autoridades da Justiça Eleitoral estivessem proibidas de acompanhar a apuração. Antigamente, de acordo com o próprio Noronha, os ministros do TSE acompanhavam normalmente a contagem dos votos. Mas desta vez, só tiveram acesso aos números quando foi anunciada, de chofre, a vitória de Dilma Rouseff, pois embora se alegasse que a eleição ainda não estava matematicamente definida, não havia mais a menor possibilidade de uma virada de Aécio Neves.
COMO GREENHALG SABIA?
Há muitas dúvidas sobre a apuração. Se era verdade que os técnicos do TSE estavam incomunicáveis, não podiam nem mesmo portar celulares, como então os petistas souberam previamente do resultado? O jornalista Felipe Moura Brasil denunciou que o dirigente e ex-deputado José Eduardo Grennhalg sabia do resultado, por ter postado em seu Facebook e divulgado no Twitter, às 19h26, que Dilma havia vencido a eleição. A essa hora, segundo o próprio TSE, Aécio ainda estava na frente e só houve empate às 19h32m, mas seis minutos antes Greenhalg já anunciava a vitória…
Por gentileza, não levantem a dúvida de que se tratava de “computador desatualizado no horário de verão”. Se Greenhalg tivesse postado a mensagem às 20h26m, jamais escreveria a ressalva de aguardar o anúncio oficial: “Atenção: Dilma reeleita. Festejemos após o anúncio oficial do TSE essa vitória histórica contra o fascismo, a mídia aética e o PSDB.” Como se sabe, às 20h26m, todo o país já tinha pleno conhecimento de que Dilma vencera, os petistas estavam comemorando e Greenhalg com toda certeza nem estava mais se distraindo na internet.
Detalhe: à mesma hora da “apressada” mensagem de Greenhalg, em Salvador os petistas já soltavam fogos, comemorando efusivamente a reeleição de Dilma. Mas como sabiam, se naquele exato momento do foguetório petista Aécio ainda estava na frente e só houve empate às 19h32m?
APURAÇÃO SECRETA EM MINAS
O mais importante é que não houve sala secreta somente em Brasília, na contagem dos votos. Também em Belo Horizonte, no Tribunal Regional Eleitoral, a apuração foi sigilosa e sem fiscalização, por ordem expressa do ministro Antonio Dias Toffoli, presidente do TSE, é claro.
Confiram, por favor, o que o site da Veja publicou na seção “Bastidores da Política Brasileira”, exatamente às 19h37m, ou seja, um minuto após Greenhalg ter anunciado a vitória de Dilma.
“Faltando trinta minutos para a liberação do resultado da eleição presidencial pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os resultados já circulam freneticamente entre os tribunais regionais. Um único tribunal não participa da conversa. Em Minas Gerais, há ordem expressa para que nenhum número seja compartilhado com os outros TREs. Minas é, de fato, o ‘fiel da balança’ nesta eleição. O autor da ordem é o presidente do TSE, o ministro Dias Toffoli.”
Esta denuncia da Veja jamais foi desmentida nem pelo TSE nem pelo TRE mineiro.
ERA FÁCIL MUDAR O RESULTADO
Com apuração secreta no TRE de Belo Horizonte e no TSE de Brasília, ficaria mais fácil manipular o resultado, claro. Minas Gerais este ano teve cerca de 12 milhões de votantes e o resultado apresentou Dilma com mais 550 mil votos do que Aécio (cerca de 5% dos votos válidos). Agora, façam as contas. Se o candidato do PSDB tivesse vencido em Minas com apenas 1,2 milhões de votos de frente de Dilma (o que significa somente 10% dos votantes mineiros), teria vencido a eleição. E não seria nenhuma surpresa Aécio vencer Dilma com essa pequena diferença em Minas, não é mesmo? Pense nisso.
Estes são os fatos – indiscutíveis, irrefutáveis e inaceitáveis – que marcaram as estranhíssimas inovações desta eleição presidencial, em que não houve transparência nem fiscalização. Se o PSDB quiser comprovar fraude, deve se concentrar na apuração em Minas e conferir os chamados algoritmos, que marcam a evolução dos dados. Se houve fraude, os algoritmos indicam. Mas será que os tucanos sabem disso?
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