sábado, 7 de fevereiro de
2015
Avaliação de Dilma chega ao
fundo do poço. Povo brasileiro a considera falsa, mentirosa e desonesta.
(Folha) Apenas três meses e meio depois do segundo turno, o país assiste à mais
rápida e profunda deterioração política desde o governo Collor. Segundo
pesquisa Datafolha, a queda abrupta de popularidade arrasta a presidente Dilma
Rousseff (PT), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito
da capital, Fernando Haddad (PT), juntos, para a vala comum da rejeição. É como
se o sentimento de junho de 2013 tivesse voltado, mas em surdina, sem protestos
de rua.
A conjuntura sombria
resulta da confluência do escândalo da Petrobras com a acentuada piora das
expectativas sobre a economia. O pessimismo dos entrevistados se agrava pelo
contraste entre a realidade e a imagem rósea pintada nas campanhas eleitorais
do ano passado e pela possibilidade cada vez mais concreta de faltar água e
energia.
A presidente da República
recebe o pior golpe, com uma inversão total nas opiniões sobre seu governo. Em
dezembro passado, Dilma tinha 42% de ótimo/bom e 24% de ruim/péssimo. Agora,
marca respectivamente 23% e 44%. São as piores marcas de seu governo e a mais
baixa avaliação de um presidente da República desde Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) em dezembro de 1999 (46% de ruim/péssimo).
Alckmin também viu
esvair-se sua popularidade, mas menos que Dilma. O tucano perdeu dez pontos de
ótimo/bom desde outubro e caiu de 48% para 38%, nível que tinha em junho de
2013. Haddad não se sai melhor. Empatou com Dilma em juízos negativos (44%) e
também retornou ao patamar da crise do aumento das tarifas de ônibus em 2013.
NOTA VERMELHA
Segundo o Datafolha, Dilma
obteve a primeira nota vermelha (4,8) após quatro anos no governo e uma
campanha vitoriosa pela reeleição. A perda de prestígio da
presidente se verifica mesmo nas faixas de renda em que encontra mais
eleitores. Metade dos que ganham até dois salários mínimos consideravam seu
governo ótimo ou bom em dezembro, e agora são 27% -23 pontos de queda em dois
meses.
As más novas se acumulam em
todas as frentes: escândalo na Petrobras, piora das perspectivas da economia,
aumento do pessimismo na população, restrição de benefícios sociais e uma
estiagem que ameaça apagar as luzes e secar as torneiras. O tema da corrupção,
impulsionado pelo combustível do Petrolão, rivaliza com a saúde pública como
principal problema do país. Cravou 21% das preferências dos entrevistados pelo
Datafolha, contra 26% da saúde.
O mensalão vicejou no
governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas em seus dois mandatos não mais que 9%
dos brasileiros apontavam o desvio de dinheiro público como mal maior. Agora, a
corrupção se avizinha do pódio. A presidente não se livra de responsabilidade
perante a população. Segundo o Datafolha, 77% dos entrevistados acreditam que
ela tinha conhecimento da corrupção na Petrobras. Para 52% ela sabia dos
desvios e deixou continuar; para outros 25%, sabia e nada pôde fazer.
Quase metade (47%) dos
brasileiros a consideram desonesta, além de falsa (54%) e indecisa (50%). A
imagem deteriorada alcança correligionários. Entre petistas, 15% falam em
desonestidade e 19%, em falsidade.
MENTIRAS
Não há tanto o que
estranhar, quando se tem em mente que seis de cada dez entrevistados consideram
que Dilma mentiu na campanha eleitoral. Para 46%, falou mais mentiras que
verdades (25% em meio a petistas). Para 14%, só mentiras. Se na época do segundo
turno só 6% achavam que a situação econômica do próprio entrevistado iria
piorar, hoje são 26%. Como 38% acreditam que ficarão na mesma, conclui-se que o
desalento contagia 2/3 da população. E isso num momento em que o tarifaço, o
aumento do desemprego e dos juros e a recessão nem se materializaram
completamente.
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