MTST
invade seis locais do Distrito Federal
Ação foi organizada na madrugada. Grupo cobra inclusão em programas
sociais
Carla Rodrigues e Daniel Cardozo
redacao@jornaldebrasilia.com.br
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Seis locais do Distrito
Federal foram ocupados por mais de 2,6 mil famílias do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST) na madrugada de ontem. Além da moradia, eles
querem a atualização do cadastro nos programas da Secretaria de
Desenvolvimento Social para incluir mais pessoas.
O representante do grupo,
Edson Silva, chegou a apresentar as principais reivindicações à Comissão
de Negociação do governo. Porém, sem chegar a um acordo definitivo, a promessa
é permanecer nas invasões até, pelo menos, terça- feira, quando acontece uma
nova reunião, também na Administração Regional de Ceilândia.
As ocupações foram feitas em Brazlândia, Ceilândia, Planaltina, Recanto
das Emas, Samambaia e Taguatinga. O subsecretário de Movimentos Sociais e
Participação Popular, Acilino Ribeiro, afirmou, ainda durante a reunião, que
não haverá qualquer ação repressora contra as famílias e as ocupações.
Agora, apenas uma viatura da Polícia Militar acompanha cada um dos
acampamentos. “Nem chamo de invasão isso que está acontecendo. Compreendo como
uma ocupação democrática do solo urbano”, salientou.
“O governador Rodrigo Rollemberg tem uma postura humanista e por isso
estão aqui todos os representantes do governo, para fazer este diálogo.
Inclusive, nossa orientação é atender as reivindicações, na medida
das possibilidades orçamentárias, legais e financeiras”, disse ainda o
subsecretário.
Ele pediu a compreensão do movimento, salientando que o atual
governo tem pouco mais de 30 dias de gestão. Portanto, apontou, “trata-se
de demanda reprimida de políticas públicas.”
REIVINDICAÇÕES
Os sem-teto reclamam que participaram como uma cooperativa habitacional
em dois editais em Planaltina e em Samambaia, que não teriam tido desfecho com
a entrada do novo governo. Também cobram a inclusão de famílias no auxílio
vulnerabilidade.
Manifestantes querem terrenos
A principal demanda do movimento é que o GDF doe terrenos, por
meio da Terracap, de tamanho suficiente para o assentamento de todas as
famílias, considerando o adicional de 15% para área institucional na qual
seja possível a realização de um projeto por meio do programa
habitacional do Governo Federal Minha Casa, Minha Vida na modalidade
Entidades.
“Os lotes devem ser em locais dignos e acessíveis, onde existam
equipamentos públicos de qualidade. Não queremos ser mandados para onde Judas
perdeu as botas”, acrescentou o líder do grupo, Edson Silva.
Ainda no encontro, o representante da Terracap Moisés
Marques afirmou que papel da empresa é atender à União e ao GDF.
“Caso seja solicitado por estes órgãos, a Terracap cumpre a demanda e
pode ceder áreas para projetos habitacionais em formas de escrituras
definitivas”, disse.
Sobre a ideia relativa ao programa Minha Casa, Minha Vida, modalidade
Entidades, a diretora de Produção Habitacional da Codhab, Júnia Federman,
observou que já existem 18 editais com obras em Samambaia dentro do projeto.
Portanto, é viável realizar obras deste tipo no DF. Mas,
destacou, “não trata-se apenas de ceder a área. O GDF tem que preparar o
terreno, dar as mínimas condições de moradia nos locais. E isso demanda tempo,
trabalho e dinheiro”.
O movimento pede ainda ao governo a garantia do auxílio excepcional
(CadÚnico) a todas as famílias da entidade. Isso deve acontecer até a mudança
para assentamento permanente, garantindo o pagamento com frequência
correta. Outra reivindicação é que sejam incluídas outras pessoas de baixa
renda na lista.
“dignidade”
Em uma das ocupações do MTST, em Ceilândia, representantes
do grupo questionaram as ações do governo e salientaram que não se
trata apenas de moradia. Para eles, é importante o que chamam de uma “uma vida
mais digna”.
“Não tem acordo sem que nos garantam o cumprimento de todas as
nossas pautas. Se você vai ao hospital, o médico mal olha para a sua cara. Quer
dizer, não é porque estamos em condição inferior à deles que não merecemos
tratamento digno. Estamos falando de direitos constitucionais”, disse o
representante dos ocupantes, Magalhães.
Embasados no direito à moradia
Em Samambaia, cujo número de pessoas na ocupação chega a mais de 200
famílias, os ocupantes garantem não ter renda para financiar uma moradia. “Meu
marido trabalha como ajudante de pedreiro e, hoje, vivemos na casa da minha
sogra. Não temos de onde tirar dinheiro para comprar uma casa. E, se existe lei
que garante o nosso direito à moradia, é dever do governo garantir que
teremos”, disse a jovem Keicy Pereira, de 22 anos.
Ela e a amiga Adriana Mendes, também de 22 anos, estão grávidas.
As duas fazem parte do movimento há mais de sete meses e pretendem deixar o
espaço ocupado em Samambaia só depois de terem a garantia de uma casa. “Não dá
para viver na rua ou sempre dependendo da boa vontade de alguém para nos
acolher”, afirmaram as jovens, que, agora, dividem um barraco na
ocupação.
direito
“O que temos de fazer o governo entender é que morar é um direito.
Sem isso, não tem conversa. Estamos abertos ao diálogo e não queremos qualquer
tipo de uso da força. Somos um movimento de paz. Nossa intenção é chamar
atenção do poder público para este problema que é grave e vem tomando
proporções ainda maiores”, destacou o líder do grupo, Wilson Maria das
Dores.
De acordo com ele, as pessoas que fazem parte do MTST não têm mais o que
fazer a não ser reinvidicar por um teto. “A maioria vive de favor,
em casa de família ou de aluguel e não tem mais condições de pagar. Ou o cara
come ou paga o aluguel. Se ele comer, deixa de pagar, certo?”, indagou. Natural
de São Paulo, ele contou ainda que chegou a Brasília na última quarta-feira só
para apoiar a ocupação.
“Quando entramos no movimento, tomamos consciência de que a luta é
uma só. Vim para lutar por um direito dessas pessoas. Um direito que não
estão garantindo”, criticou. Em São Paulo, lembrou, o Programa Minha Casa,
Minha Vida módulo Entidades já deu certo, com moradias de aproximadamente 64m²
cada apartamento.
versão oficial
Durante aparição em compromissos oficiais de ontem, o governador
do DF, Rodrigo Rollemberg, se manifestou a respeito do caso do MTST. Ele
prometeu negociar com os líderes do movimento, além de combater a venda ilegal
de lotes no Distrito Federal. “Vamos dialogar com os movimentos, como já
estamos dialogando, e intensificar os programas habitacionais. Mas seremos
intolerantes com os grileiros. Ontem (sexta-feira) prendemos três e estamos
colocando a polícia atrás daqueles que ficam manipulando a necessidade legítima
da população por moradia”, declarou o governador.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
2 Comentários
Gil
Interessante as reivindicações de que diz que não tem nada, "Os
lotes devem ser em locais dignos e acessíveis, onde existam equipamentos
públicos de qualidade. Não queremos ser mandados para onde Judas perdeu as
botas?. É governador,assim fica difícil...os terrenos/moradias de preferência
tem que ser perto de algum shopping, que não tenha problemas para utilizar o
celular e próximo a um posto de gasolina. Assistencialismo, sem trabalhar ou
contribuir como todos trabalhadores, já é pedir demais.
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Anselmo Stefanni
"Ocupação democrática do solo urbano" é uma expressão ÓTIMA. A
moda vai pegar! Doravante, toda invasão receberá o pomposo apelido...
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