1. VIRA VIRA de Mamonas Assassinas (exemplo de agressividade/desprezo de homem contra mulher)
Falar sobre o sexismo, machismo, misoginia ou qualquer outra espécie
de preconceito apenas sob termos ”complicados”, e conceitos difíceis nem
sempre é tão efetivo, então vamos para os exemplos, para a realidade da
nossa cultura e cotidiano;
Há algum tempo eu havia percebido que tinha algo de ”duvidoso” e questionável nessa letra, todavia, eu precisava
lê-la para ter certeza antes de afirmar qualquer coisa, então baseada
nessa em dados do IPEA (corrigidos), e cultura de estupro, eu vos
apresento a letra
VIRA VIRA de Mamonas Assassinas para que percebamos o ”imperceptível’?
Fui convidado pra uma tal de suruba
Não pude ir, Maria foi no meu lugar
Depois de uma semana ela voltou pra casa
Toda arregaçada, não podia nem sentar ( alguma espécie de ironia com um sofrimento de natureza sexual?)
Quando vi aquilo fiquei assustado
Maria chorando começou a me explicar
Daí então eu fiquei aliviado
E dei graças a Deus porque ela foi no meu lugar
Nota: É implícito (?) que a sua companheira passou por assédio
sexual, ou estupro coletivo, e ainda por cima após o choro, afirma com
gracejos que está feliz por ter sido com ela e não com ele. Que bom, que
a Maria tava fodida e ele não, né?!
Será que leremos argumentos que por ela estar em uma orgia deveria estar
ciente que isso aconteceria? Será que homens são naturalmente
estupradores no qual devemos nos proteger à todo instante?
Me parece previsível com a pesquisa IPEA.
Talvez, o estupro se tornasse ”menos grave”?
Maria claramente passou por um trauma grave.
Oh, Manoel olha acá como eu estou (eu percebi xenofobia quanto à ser português e ser automaticamente burro)
Tu não imaginas como eu estou sofrendo (??? me parece um dado interessantíssimo e relevante)
Uma teta minha um negão arrancou (racismo por incitar estereótipos de agressores sexuais?)
E a outra que sobrou está doendo
Oh, Maria vê se larga de frescura ( quando eu digo que machistas não
são cuspidos da terra, mas são criações culturais milenares…)
Que eu te levo no hospital pela manhã
Tu ficaste tão bonita monoteta
Mais vale um na mão do que dois no sutiã
Nota: A mulher diz claramente estar sofrendo pelo abuso violento no
qual passara com diversos homens, e o tal age de maneira apática e
sarcástica como se fosse digno de piada ou displicência.
A violência física contra a mulher também tornou-se a própria
conveniência dele pois, a vítima está mais ”bonita” e ” mais vale um na
mão..”
Oh Maria essa suruba me excita (isso deveria excitá-la se a tal sofreu um estupro coletivo?)
Arrebita, arrebita, arrebita
Então vai fazer amor com uma cabrita (piada com estupro de animais)
Arrebita, arrebita, arrebita
Mas Maria isto é bom que te exercita
Nota: O corpo da mulher tornou-se um recipiente da agressividade
misógina de outros homens, enquanto seu companheiro interpreta sua dor, e
trauma como frescura, e que ainda diz ”ser para seu bem”, porque a
”exercita”?
Exercita para que? Para abusos sistemáticos dele? Acostumar-se aos
abusos no metrô, ou à acostumar-se com cantadas nas ruas, ou assédio de
familiares e conhecidos?
Não estou tentando terminar com a ”música de festas”, mas é inegável
que essa música é sim, uma incitação à violência sexual com caráter
discursivo apático, irônico e quase de legitimidade.
Como eu sempre falo, muitas vezes o preconceito, e a misoginia, o
racismo, são ingredientes ”invisíveis” na nossa cultura e não raro
motivado pelo inconsciente, o imaginário imperceptível de todos, que
pode não ser intencional, doloso, mas que são responsáveis pela sua
manutenção.
Quando você tem mais compromisso com os direitos humanos, com o
conhecimento, e a busca do bem estar social é necessário desconstruir
ídolos e personalidades intactas em seu ”altar” de fãs para então nos
tornarmos conscientes de nossas estruturas, de motivações sócio
culturais, disseminação e naturalização da violência.
2.Pagu Funk: Vou cortar a pica dele (exemplo de agressividade/desprezo de mulher contra homem)
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