A então
presidente da Petrobras, Graça Foster, fez apelos ao Conselho de
Administração, presidido pelo ministro Guido Mantega, para aumentar a
gasolina em pelo menos quatro ocasiões. O ministro sempre negou,
prejudicando a Petrobras. Mantega só autorizou o aumento depois da
reeleição de Dilma:
Atas e
áudios das reuniões do Conselho de Administração da Petrobras em 2014,
obtidos pelo GLOBO, revelam que o então presidente do colegiado, Guido
Mantega, só recomendou o aumento do preço da gasolina e do óleo diesel
imediatamente após a reeleição da presidente Dilma Rousseff. A decisão
do ex-ministro da Fazenda ocorreu em reunião de 4 de novembro, que era
uma continuação do encontro de 31 de outubro — Dilma foi reeleita em
segundo turno em 26 de outubro.
Em pelo
menos quatro reuniões que antecederam a disputa eleitoral, Mantega não
atendeu aos apelos da então presidente da Petrobras, Graça Foster, pelo
fim do represamento dos preços. Ela chegou a falar em "sacrifício" e em
"constrangimento" à estatal por conta da iniciativa do governo.
Manter os
preços congelados foi a forma artificial encontrada pelo governo Dilma
para segurar a inflação, o que contribuiu para o endividamento e os
prejuízos da estatal. Em 6 de novembro, dois dias depois do aval de
Mantega, a Petrobras divulgou comunicado sobre o reajuste — 3% para a
gasolina e 5% para o diesel —, que começou a vigorar no dia seguinte.
Na
reunião em que encaminha pelo aumento, Mantega inclusive cita o
endividamento da estatal agravado por conta dos preços praticados. "Para
que se obtenha melhoria dos indicadores de endividamento e alavancagem,
é preciso passar um tempo com preços acima da paridade, a fim de
recompor defasagens do passado", disse o ex-ministro, que recomendou o
aumento à diretoria executiva "quando considerar conveniente", ainda em
2014. Ele também orientou a diretoria a manter esses preços "acima do
preço de paridade no futuro para chegar a um equilíbrio financeiro
melhor".
A ata
registra que Graça chegou a pedir confirmação sobre a recomendação. O
presidente do conselho confirmou. Nas duas reuniões anteriores, em 8 de
agosto e 12 de setembro, Graça fez discursos incisivos contra o
represamento e afirmou acreditar que o reajuste viria "no teto da banda
de preços". A presidente disse não "ter poder" para promover o aumento.
Segundo ela, o aumento era "condição básica para a sustentabilidade" da
Petrobras em 2015.
"A
companhia não pode trocar aumento de produção de óleo pela falta de
reajuste de preço do diesel e da gasolina, sendo necessário conjugar
produção e preço para continuar investindo", argumentou Graça. Ela só
foi atendida depois da disputa presidencial.
O GLOBO
questionou a Petrobras sobre o conteúdo dos áudios e atas. "Não
comentaremos informações supostamente oriundas de vazamentos ilegais",
respondeu. A reportagem também questionou a Secretaria de Imprensa da
Presidência da República a respeito da decisão de represar os preços dos
combustíveis, mas não houve retorno. (O Globo).
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