Temendo a prisão, Lula diz que "as coisas vão piorar". Está furioso com a PF, que cumpre suas obrigações legais.
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No encontro
com Dilma, ministros e representantes da etnia petista, Lula sapateou e
esbravejou. Puxou as orelhas da presidente e dos ministros, chamando
todos para a rua - sem perceber que a rua não é mais do PT, mas do
antipetismo. Esperneie, tiranete, esperneie contra a democracia:
Preocupado
com os efeitos da Operação Lava Jato sobre o governo, que já enfrenta
grave crise política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se
reuniu ontem com a presidente Dilma Rousseff e ministros, no Palácio da
Alvorada, para montar a estratégia de reação. No diagnóstico de Lula, o
estrago foi grande com as buscas e apreensões realizadas em casas de
políticos da base aliada, como o senador Fernando Collor (PTB-AL), e o
cenário previsto é de mais dificuldades.
"Preparem-se
porque as coisas vão ficar piores", afirmou o ex-presidente, segundo
relatos obtidos pelo Estado. O encontro começou por volta de meio-dia,
com um almoço, e terminou às 16h30. Lula estava furioso com a forma como
a Polícia Federal vem agindo e disse a Dilma que ela precisa sair logo
dessa agenda negativa.
"Você não
tem que ficar falando de Lava Jato", esbravejou Lula, de acordo com
dois participantes da reunião no Alvorada. "Você tem que governar, ir
para a rua, conversar com o povo, divulgar os seus programas. Não pode
ficar só nessa agenda de Lava Jato e ajuste fiscal."
Antes de
se reunir com Dilma, Lula esteve com o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy. Pediu a ele que insista em divulgar as medidas para a etapa
seguinte ao ajuste porque, na sua avaliação, o governo deve "vender"
esperança. Para o ex-presidente, a aprovação de Dilma e mesmo a dele
desmoronaram muito mais por problemas na economia do que por denúncias
de corrupção na Petrobrás.
Lula
disse a Levy que o governo ainda erra na comunicação. "O ajuste fiscal
não pode ser apresentado como um fim em si mesmo", insistiu. "O que nós
temos que mostrar para as pessoas é onde queremos chegar."
A
conversa entre os dois foi cordial. Tanto que, no Alvorada, Lula afirmou
que as divergências entre Levy e o ministro do Planejamento, Nelson
Barbosa, sobre a redução da meta fiscal precisam ser contornadas. O
ex-presidente cobrou unidade no governo e chegou a elogiar o vice Michel
Temer, que comanda o PMDB e é articulador político do Planalto.
Dilma
concordou com o padrinho, mas não escondeu a insatisfação com as últimas
críticas feitas por ele. Afirmou, ainda, nada poder fazer em relação às
investigações da PF. Nos bastidores, políticos dizem que os próximos
alvos são os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Quebrando
o gelo. Lula não conversava com Dilma havia quase um mês, desde que
criticou a estratégia do Planalto para sair da crise. Num encontro com
religiosos, o ex-presidente disse que ele e a sucessora estavam no
"volume morto".
O receio
do governo é que o novo movimento da PF provoque ainda mais tensão no
relacionamento com a base, no momento em que Dilma que sofre ameaças de
impeachment. Há quem avalie, porém, que, se Cunha e Renan forem
denunciados, o discurso pró-saída de Dilma perde consistência no
Congresso.
Além de
Lula, participaram da reunião no Alvorada os ministros Aloizio
Mercadante (Casa Civil), Edinho Silva (Comunicação Social), Jaques
Wagner (Defesa), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), o governador de
Minas, Fernando Pimentel, e o presidente do PT, Rui Falcão. Pimentel é
alvo de operação da PF que apura arrecadação ilegal de dinheiro em suas
campanhas. (Estadão).
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