domingo, 23 de agosto de 2015

É impossível comparar o Brasil atual com o Brasil de 1964. O Brasil de 1964, apesar da ameaça comunista, era menos miserável, o desemprego menor, a insegurança menor, o atendimento à saúde pública era melhor. No Brasil de agora temos mais violência, mais fome, mais desemprego, mais insegurança, mais brasileiros morrendo nas portas dos hospitais e não digam que é consequência do aumento da população.


Eu não fui, mas gostei.

As ruas deram um banho nas redes e mostraram que o metro quadrado do asfalto pode ser dividido em paz 

Quem ganhou de barbada nas manifestações contra e a favor de Dilma Rousseff foi a democracia brasileira. Fiz parte dos milhões de brasileiros que não foram a nenhuma das duas. Nem no domingo 16 nem na quinta-feira 20. No país hoje tão acusado de “intolerância”, o que vi foi o exercício pacífico da liberdade de expressão. Os maiores ausentes foram os black blocs (lembram?), a violência, os danos ao patrimônio público ou privado, a intimidação policial.

 

Com bandeiras e cartazes, com famílias e amigos, com alegria e indignação, com esperança e até com muitas dúvidas, foram às ruas brasileiros de todos os matizes e ideologias. Mais de 1 milhão, com certeza, e muito mais contra Dilma que a favor. Nas passeatas a favor da presidente, havia protestos contra o programa econômico de Dilma, o ajuste fiscal, o ministro Levy, o arrocho a trabalhadores, à classe média e aos aposentados.

O que importa é que não vimos pancada ou tiro. Não vimos encapuzados depredando bancos e lojas. Nem bombas de gás lacrimogêneo. Não vimos jovens algemados, à esquerda ou à direita. Nem jornalistas atacados ou cinegrafistas mortos. Não vimos repressão truculenta de policiais fardados ou à paisana. Não vimos os black blocs de triste lembrança. O que aconteceu com essa turma que usou o pretexto dos 20 centavos de aumento nas passagens de ônibus para aterrorizar as ruas e o povo?

O dono das ruas foi a paz. Foram tão cordatas as manifestações de lado a lado que acabaram acusadas de artificiais, montadas ou despidas de convicção. A maior lição das ruas foi dupla. O governo Dilma não será derrubado por protestos porque não é assim que funciona uma democracia. O governo Dilma não poderá ignorar os protestos à esquerda, ao centro e à direita e terá de enfrentar uma crescente insatisfação popular. As manifestações ficaram longe da unanimidade. Havia blocos distintos e divergências profundas dentro de cada marcha.

Um personagem conseguiu unir o Brasil, acusado de roubar milhões de dólares. Somos todos – ou quase todos – contra o abominável Eduardo Cunha, por enquanto presidente da Câmara. Cristo deve se contorcer na cruz diante do mau uso que Cunha faz de seu nome: o deputado e sua mulher têm uma empresa chamada Jesus.com, com uma rede virtual, explorando a fé evangélica. Um sintoma de nervosismo de Cunha é sua repentina prudência nas declarações, com voz mais desafinada que a habitual. Renan Calheiros aconselhará o companheiro a fazer como ele fez no Senado. Renuncie. [só que Renan antes de tudo, de qualquer coisa, é um traidor; até para renunciar ele antes trai.


 
Com o devido respeito a ilustre articulista, mas, elogiar Renan e execrar Cunha são atitudes que só os participantes da manifestação a favor da Dilma mas contra o seu governo são capazes de fazer.]  E depois volte. E volte como eu voltei, dirá Renan, amigo da rainha, sucessor de Sarney como eminência parda.

Vimos de tudo nas ruas. Os desiludidos que querem a implosão do governo Dilma e a implosão do Congresso, acabando com todas as mordomias das castas partidárias, sem pensar no futuro próximo. A esquerda que reza pela cartilha de Dilma, seja lá o que ela fizer, e isso inclui todas as concessões, como o loteamento de cargos comissionados e um Estado cada vez mais inchado e ineficiente, que oferece péssimos serviços públicos. 




A esquerda que fecha os olhos aos acordos de Dilma com o grande capital, com o pior PMDB, com os empresários de telecomunicações. A esquerda que rejeita o programa econômico de Dilma por considerá-lo de direita. A social-democracia que quer a renúncia de Dilma e uma reforma política – mas defende a política econômica de Levy.

 


A direita que quer o impeachment de Dilma. A extrema-direita que quer a volta dos militares. [o impeachment de Dilma é essencial para a reconstrução do Brasil e a volta dos militares se torna indispensável para acabar de vez com todos os males causados pela esquerda.
Os militares vão voltar.

 
A INTERVENÇÃO MILITAR CONSTITUCIONAL é a única solução. Ou ela ou o Brasil acaba.  

 
LEMBRE: a DIREITA venceu na "batalha" pacífica das ruas.
Só que batalha pacífica, manifestações 'PAZ e AMOR' não resolvem nada. Tanto que a Dilma continua fazendo merda, continua ferrando os aposentados, aumentando o desemprego e tudo mais que não presta.]

O maior equívoco é cometido não nas ruas, mas nas redes sociais, que, na falta de coquetéis molotov, bombardeiam com palavras ofensivas e raciocínios primários quem pensa diferente. Comparar o Brasil de hoje ao de 1964 é uma total falta de perspectiva histórica.  



Há 16 anos, uma passeata em Brasília pediu “fora FHC”, e Lula disse: “Renúncia é um gesto de grandeza. Só um grande homem tem essa grandeza. Fernando Henrique não tem. Ele é orgulhoso e prepotente”. Ninguém chamou Lula de golpista ou nostálgico da ditadura. 


E FHC tinha um índice de aprovação mais alto do que o atual de Dilma. FHC plagiou Lula na semana passada. E foi uma comoção geral. 


[é impossível comparar o Brasil atual com o Brasil de 1964. O Brasil de 1964, apesar da ameaça comunista, era menos miserável, o desemprego  menor, a insegurança menor, o atendimento à saúde pública era melhor.

 
No Brasil de agora temos mais violência, mais fome, mais desemprego, mais insegurança, mais brasileiros morrendo nas portas dos hospitais  e não digam que é consequência do aumento da população.


 
A população de hoje é bem superior a de 64, só que a piora das condições de vida é, para ficar no mínimo, dez vezes superior ao crescimento da população.]
 
 


Chamar todo oposicionista de fascista, rico, golpista e coxinha. Chamar todo petista de burro, pobre, pelego e mortadela. Esse festival de besteiras também faz parte, infelizmente, da democracia. Mas as ruas deram um banho nas redes sociais. Mostraram que o metro quadrado do asfalto pode ser dividido em paz, no mesmo dia e na mesma hora, por quem defende inúmeras saídas para a crise política e econômica do Brasil. As ruas deram seus recados. Vamos escutar e agir. 



 [E a ação para ser eficiente não pode se limitar a usar as ruas para caminhadas que não servem como solução política e nem mesmo para melhorar a forma física.]
 

Fonte: Ruth de Aquino - Revista Época 
 

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