#TERRASPÚBLICAS » Pressão política contra a Agefis
quarta-feira, agosto 12, 2015
Bruna Pinheiro, diretora da Agência de Fiscalização,
enfrenta pressões contra derrubadas e dificuldades por falta de servidores.
Arquiteta concursada, ela conta com a defesa de Rollemberg para seguir com
ações, como a que ocorreu em Vicente Pires
Além de lidar com a defasagem de equipamentos, com o
grave deficit de pessoal e com a falta de apoio para operações, a
diretora-geral da Agência de Fiscalização do DF, Bruna Pinheiro, ainda precisa
driblar as pressões políticas. A arquiteta, que comanda o órgão responsável
pelo controle de invasões e ocupações irregulares desde o início do governo, é
alvo frequente de críticas pela atuação à frente da Agefis.
O episódio mais recente foi a derrubada de mansões
construídas irregularmente em Vicente Pires. Deputados distritais e associações
de moradores partiram para o ataque e pediram a cabeça dela. Mas o governador
Rodrigo Rollemberg (PSB) defende o trabalho da diretora e garante que o controle
das novas invasões vai continuar.
Formada pela Universidade de Brasília, Bruna Pinheiro, 47
anos, é concursada do GDF desde 1994. Como auditora, trabalhou nas
administrações regionais do Paranoá e do Lago Sul. Na extinta Coordenadoria das
Cidades, assessorou a coordenação de fiscalização de todas as
administrações.
Até o ano passado, estava na Secretaria de Obras. Ela
chegou ao atual cargo por decisão de Rollemberg. Sem padrinho político ou
bênção de parlamentares, Bruna ganhou liberdade para agir — até mesmo em
operações impopulares. “Eu recebi o convite com bastante surpresa porque não
fiz nenhum lobby. Mas fiquei muito feliz com o desafio de proteger a cidade”,
disse.
À frente da agência, a arquiteta teve que enfrentar
críticas até mesmo no campo pessoal. Evangélica e pastora, foi ela quem
organizou a operação de derrubada de igrejas construídas ilegalmente em terras
públicas em Ceilândia. “Eu sei separar as coisas, não dá para misturar questões
pessoais e profissionais. Professo minha fé, mas tenho a obrigação de proteger
o patrimônio público. Até porque quem é evangélico tem como princípio fazer o
que é correto”, explicou.
Elogios
Bruna Pinheiro minimiza as pressões. “Nossas ações
desagradam a quem faz coisas erradas, mas tem agradado à maioria da população.
Recebo muitos elogios na rua, de gente que sabe que a Agefis atua para proteger
as terras públicas”, justifica.
“Hoje, mais de 1 milhão de pessoas moram em áreas
irregulares. Nosso objetivo não é tirar todo mundo, mas evitar novas
ocupações”, explica.
Segundo a diretora, todas as obras realizadas de julho de
2014 até agora serão alvo da fiscalização. O controle do território do DF está
longe do ideal. Desde 2008, Agefis não realiza concursos. Hoje, o órgão tem 751
funcionários. Seria necessário dobrar o efetivo, contudo, a diretora garante
que é possível trabalhar com o número atual.
O governador Rodrigo Rollemberg defende a atuação da
Agefis. “A gente faz o que é correto. Claro que isso tem um ônus muito grande e
que desagrada a muita gente. Mas as pessoas vão compreender que é o melhor para
a cidade”, explica.
“Em Brasília, se consolidou a cultura do fato consumado.
Precisamos mudar isso. Em Vicente Pires, por exemplo, a pressão foi enorme, mas
resistimos porque não podemos admitir o crescimento de forma descontrolada.”
A pressão em defesa de quem ocupou irregularmente áreas
públicas é grande. Ontem, deputados enviaram ao governador uma indicação,
assinada por Reginaldo Veras (PDT), em que pedem a suspensão das derrubadas.
Amanhã, haverá uma audiência pública da Câmara em Vicente Pires.
A presidente da Casa, deputada Celina Leão (PDT), defende
o fim das invasões e cobra mais rigor nas fiscalizações. “De certa forma, o
Estado permitiu aquelas construções, que têm água e luz instaladas pela Caesb e
pela CEB. Os moradores alegam que a Agefis agiu com terrorismo, que teria
havido cobrança de propina. É preciso ouvir todos os lados.”
Protesto na Câmara
Ontem, cerca de 200 pessoas se reuniram na Câmara
contra as derrubadas em Vicente Pires. Parte dos manifestantes ocupou o
plenário da Casa, para pressionar os deputados distritais. Além de moradores da
Chácara da Prosperidade, condomínio de luxo retirado pela agência, compareceram
proprietários de casas da Chácara 94, que temem serem alvo de uma nova
operação.
“Nossa situação é de medo. Sempre que entra um
carro branco com adesivo do governo, ficamos preocupados. Esperamos que os
parlamentares respondam rapidamente, nos garantindo ampla defesa”, afirmou um
morador.
Fonte: Helena Mader – Correio Braziliense – Colaborou:
Luiz Calcagno – Foto: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário