19/10/2015
Para tentar evitar um cenário de paralisia, o Palácio do Planalto vai orientar seus aliados no Congresso a trabalhar por um desfecho rápido da crise que atingiu o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A equipe da presidente
Dilma Rousseff avalia que o melhor é acelerar uma saída de Cunha do
comando da Casa, costurando nos bastidores para que a presidência da
Câmara continue com o PMDB.
Segundo assessores presidenciais,
a situação de Cunha ficou insustentável com as novas revelações sobre
suas contas na Suíça, mas o governo teme que o deputado consiga se manter no comando da Casa até o fim do ano.
Nesta hipótese, o Planalto teme que votações de seu interesse,
como a renovação da DRU (mecanismo que desvincula receitas da União) e o
Orçamento de 2016, fiquem paralisadas, contribuindo para agravar a
crise econômica.
O governo sabe que Cunha tentará resistir e seguirá ameaçando acatar um pedido de impeachment contra Dilma. Avalia, porém, que ele perdeu credibilidade para comandar o processo.
A expectativa é que até a oposição passe, de forma mais veemente, a cobrar a saída do peemedebista para preservar a imagem da Câmara.
O comando do PMDB também avalia como inevitável a saída de Cunha e já discute nomes para substituí-lo.
O partido, que não pretende abrir mão na
indicação para o posto, tem buscado uma alternativa “independente”, que
possa favorecer um consenso entre os grupos da sigla favoráveis e
contrários ao apoio do PMDB ao governo.
Para evitar que Cunha tenha controle do
processo e faça um sucessor, a cúpula do partido pretende levar a
discussão para a Executiva Nacional do PMDB, com as participações das
bancadas na Câmara e no Senado.
Se Cunha realmente renunciar, como é a
aposta da maioria da legenda, quem assume é o vice, Waldir Maranhão
(PP-MA). Ele teria cinco sessões para convocar novas eleições. O eleito
assumiria o comando da Câmara pelo tempo que restaria a Cunha, ou seja,
até janeiro de 2017.
O comando do PMDB sabe que o líder da
bancada na Casa, Leonardo Picciani (RJ), irá pleitear o cargo, mas
considera improvável que ele consiga apoio suficiente para viabilizar
seu nome depois de ter batido de frente com os deputados para indicar
dois ministros na reforma ministerial.
Na tentativa de conseguir um consenso,
tem ganhado força a indicação de “nomes históricos” da legenda que sejam
independentes, mas que passem a imagem de estabilidade diante da crise
política. Nessa linha, são lembrados Osmar Serraglio (PR), que relatou a
CPI dos Correios, e José Fogaça (RS), que já foi prefeito de Porto
Alegre.
O ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos é também cotado e tem o apoio da oposição. Por já ter defendido a renúncia da presidente Dilma, no entanto, sofre resistência de peemedebistas governistas.
Em outra frente, Cunha articula dois
nomes próximos a ele: Jovair Arantes (PTB-GO) e Andre Moura (PSC-SE).
Sua intenção é manter no comando da Câmara um nome que siga suas
orientações e garanta o apoio do chamado baixo clero, os deputados com
pouca expressão política.
No momento, porém, nem aliados e auxiliares de Cunha acreditam que ele tenha condições de fazer um sucessor.
Há também outros nomes com interesse em
assumir a Câmara, mas que têm pouca força: Silvio Costa (PSC-PE),
Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Alessandro Molon e Miro Teixeira, ambos da
Rede-RJ.
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