segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Saída honrosa de Cunha é aprovar impeachment e fazer delação


Carlos Newton


No imundo tabuleiro do xadrez da política brasileira, poucos são os que se salvam. Lula tinha razão quando foi eleito deputado federal constituinte e denunciou que havia 300 picaretas na Câmara.


Cumpriu pessimamente o mandato, não discursava nem apresentava projetos, era uma nulidade do mesmo porte de Roberto Campos e Delfim Neto, que jamais fizeram um só discurso, jamais presidiram as comissões de Economia nem se conhece nenhuma lei que algum deles tenha proposto.

Entre os 300 de Esparta, digo, da Esplanada, Lula deixou de incluir o picareta-mor, ele próprio, que vai ficar na História como o político que conseguiu desmoralizar a política tradicional, a política sindical e a política ideológica. Não é pouco coisa, mesmo.


Poderia ter ficado na História Universal como um dos maiores líderes da humanidade, comparável a Nelson Mandela, mas se perdeu no meio do caminho, depois de receber títulos honoríficos de universidades dos mais diversos países. Hoje, todos sabem que perderam tempo e prestígio ao homenageá-lo, porque ele não passa de um político corrupto e enganador, como tantos outros.


CUNHA TAMBÉM ENGANOU
Na política brasileira, os exemplos se multiplicam. Eduardo Cunha também conseguiu enganar muita gente. No início da carreira, surgiram várias denúncias de corrupção contra ele, mas jamais sofreu condenação judicial. Como muitos outros, entrou para a Assembleia de Deus, Ministério de Madureira, onde nunca morou, e fez uma meteórica carreira político-religiosa. Simultaneamente, enriqueceu com a maior facilidade, largou a primeira mulher e casou com a apresentadora mais bonita da TV Globo.


Tudo ia maravilhosamente, até que assumiu a liderança do PMDB, ganhou musculatura política, enfrentou o governo Dilma e se elegeu com facilmente para a Presidência da Câmara.
Saiu-se muito bem, fez a Câmara trabalhar como nunca, batendo recordes de produtividade, até que seu nome surgiu na lista do procurador-geral Rodrigo Janot, como um dos envolvidos da Lava Jato.
De lá para cá, sua vida virou um inferno, seu enriquecimento ilícito veio à tona e a carreira político-religiosa não existe mais.


PERSEGUIDO POR JANOT
A favor de Eduardo Cunha, não se pode desconhecer que realmente está sendo perseguido por Janot, que também não é flor que cheire, como se dizia antigamente, conforme o senador Fernando Collor já demonstrou.

É impressionante como a investigação contra Cunha avança a toda velocidade, enquanto os demais inquéritos dormem nas gavetas do Ministério Público Federal. Como deputado, seu inquérito deveria correr em sigilo, mas Janot alimenta diariamente a imprensa contra Cunha e nada lhe acontece nem acontecerá.

Enquanto isso, os demais políticos envolvidos na Lava Jato, que são dezenas e incluem figuras carimbadas, como Lula, Dilma, Lobão, Roseana, Barbalho, Renan e Cia. Ltda., ainda continuam sonhando com uma possível impunidade.

A SAÍDA DE CUNHA
Para o deputado Eduardo Cunha, a única alternativa hoje é buscar pelo menos uma saída honrosa – ou até gloriosa. Ele precisa aceitar logo o novo pedido de impeachment a ser apresentado nesta terça-feira pelo jurista Helio Bicudo e conduzir pessoalmente o trâmite do afastamento de Dilma. E depois, quando for incriminado pelo Supremo, deve se oferecer para delação premiada e contar tudo o que sabe sobre os grandes negócios que são feitos nos bastidores da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.

Se agir assim, com um mínimo de dignidade, no apagar das luzes de sua carreira, Cunha vai ser julgado e cumprir pena, mas depois poderá andar sempre de cabeça erguida, por ter cumprido seu dever, como ocorreu com Roberto Jefferson, que hoje entra em qualquer restaurante e não é insultado nem vaiado. Pelo contrário, é sempre festejado.

O país inteiro ficaria devendo a Cunha por este gesto nobre, que significará o sepultamento político de Lula, Dilma e de grande parte dos 300 picaretas que infestam a política nacional e se vendem por 30 dinheiros.

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