08 de fevereiro de 2014
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Outra vítima
Operário da Arena Amazônia é atingido por peça metálica. Metade dos óbitos ocorreu nas obras do estádio de Manaus
Operário da Arena Amazônia é atingido por peça metálica. Metade dos óbitos ocorreu nas obras do estádio de Manaus
Mais um operário morreu nas obras da Arena Amazônia, em Manaus. O português Antônio José Pita Martins, de 55 anos, foi atingido na cabeça por uma peça durante o desmonte de um guindaste, ontem pela manhã.
Ele foi levado para o Hospital Dr. João Lúcio com traumatismo craniano e morreu à tarde, durante cirurgia. Foi a quarta morte ocorrida em canteiros de obras em Manaus, e a oitava em construções ou reformas de estádios da Copa no Brasil.
Nas obras do Mundial de 2010, na África do Sul, dois trabalhadores morreram. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do Estado do Amazonas (Sintracomec-AM) garantiu que haverá greve a partir de segunda-feira como forma de protesto à morte de ontem.
O pedreiro Raimundo Nonato Lima Costa, de 49 anos, e Marcleudo de Melo Ferreira, de 22, morreram em 2013 nas obras da Arena Amazônia. José Antônio do Nascimento, de 49 anos, faleceu ao sofrer infarto quando trabalhava no Centro de Convenções ao lado do estádio amazonense.
Em junho de 2012, o ajudante de carpinteiro José Afonso de Oliveira Rodrigues, de 21 anos, caiu de uma altura de 50 metros no Estádio Mané Garrincha e não resistiu. Um mês depois, durante expediente na reforma do Mineirão, Antônio Abel de Oliveira, de 55 anos, faleceu ao sofrer uma parada cardiorrespiratória. Fábio Luiz Pereira, 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44, morreram em novembro de 2013 na queda de um guindaste na Arena Corinthians, em São Paulo.
O técnico português morto ontem trabalhava para a Martifer Construções Metalomecânicas S.A, uma empresa terceirizada. A obra é da construtura Andrade Gutierrez. O procurador do Ministério Público do Trabalho Jorsinei Dourado do Nascimento garantiu que o fato de o empregado estar vinculado à empresa terceirizada não tira da construtora a responsabilidade pelo ocorrido. Ele disse ainda que a cena do acidente, no exterior do estádio, teria sofrido alterações.
A cena onde ocorreu o acidente estava sendo alterada pela empresa, a exemplo da escada onde o trabalhador estava, que foi retirada do local. Além disso, foi jogada areia sobre os vestígios de sangue no chão disse Jorsinei.
DEMORA NO ATENDIMENTO
Um dos operários, que. preferiu não se identificar, afirmou que o socorro ao colega português levou 40 minutos para chegar à Arena Amazônia. Nesse período, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores, Francisco Sarmento, teria sido proibido de entrar no estádio pelos seguranças.
O presidente do Sintracomec-AM, Cícero Custódio, garantiu que as obras da Arena Amazônia serão interrompidas a partir de segunda-feira. Ele prometeu uma greve da categoria para reivindicar os direitos dos trabalhadores.
A Arena estará parada. Não tem Ministério Público do Trabalho, não tem governador, não tem nada. Na segunda-feira, ninguém entra. Vamos para a frente e protestar. Decretamos luto por ele e pelos direitos dos trabalhadores garantiu Custódio.
O acidente aconteceu justamente no dia em que o governador do Amazonas, Ornar Aziz, faria uma vistoria nas obras do estádio, que estão atrasadas. A inauguração deveria ter acontecido na segunda quinzena de janeiro deste ano.
Após a morte do operário Marcleudo de Melo, em dezembro de 2013, o estádio chegou a ser interditado por 72 horas. A obra está 98,58% concluída, e havia a chance de o estádio ser finalizado na próxima sexta-feira. Mas ainda não há previsão para o jogo inaugural.
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