Por Percival Puggina
Diante desse cenário é importante levar em conta que a eleição do dia 5 de outubro não será como outras quaisquer.
Nosso
país estará decidindo se quer ser uma republiqueta bolivariana ou uma
nação respeitável, alinhada com as democracias do planeta.
Completou-se,
na manhã de quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014, mais uma página na
história da construção da hegemonia petista. Ela desenha para o Brasil
um estado totalitário, à margem da democracia constitucional.
Confirmou-se a formação de uma bancada governista dentro do Supremo
Tribunal Federal, situação que passamos a partilhar com os países do
eixo bolivariano que, há mais tempo, abandonaram o princípio da
independência dos poderes.
O STF, apesar de todos os seus pesares, ainda
era um último recurso contra o arbítrio. Varreu-se, agora, a linha
divisória que nos separava do mundo das trevas onde reina, todo
poderoso, o partido que hegemonizou a política nacional.
Cerrou-se a
porta onde poderíamos bater para conter o braço longo do Estado em suas
ingerências na vida privada e o uso abusivo do aparelho estatal. O
petismo, que governa a República, que chefia e partidariza o Estado, que
mantém a soldo a maioria parlamentar, capturou também o STF para seu
aprisco.
O
modelo institucional brasileiro, tão mal concebido, tão fácil de ser
empalmado por quem tenha vocação totalitária, prevê que os membros dos
tribunais superiores sejam indicados à aprovação parlamentar pelo chefe
do respectivo poder executivo.
Assim, quem indica os ministros do STF é a
pessoa que preside a República. Essa norma, esculpida na Constituição,
pressupunha o natural rodízio dos partidos no mais elevado escalão do
poder nacional.
Não cogitaram, os constituintes, a possibilidade de um
mesmo partido exercer a presidência durante sucessivos mandatos, por 12
ou, mesmo, 16 anos.
Pensaram que a gangorra das maiorias e o rodízio dos
governantes permitiriam a renovação do STF, preservando conveniente
pluralidade.
No entanto, a solidificação de uma hegemonia no governo da
República foi transformando a Corte em colegiado a ele subalterno.
Quando
Joaquim Barbosa, com a habitual sem cerimônia, afirmou ao novato
Roberto Barroso que seu voto tinha todo jeito de ter vindo pronto quando
chegou ao STF no ano passado, ele estava fazendo a leitura de um
período muito triste da história do Brasil.
O Supremo encolhendo como
poder e sendo composto como mesa de banquete nos regabofes palacianos.
Diante
desse cenário é importante levar em conta que a eleição do dia 5 de
outubro não será como outras quaisquer. O que estará em disputa quase
definitiva não é uma simples escolha entre dois ou mais nomes.
Nosso
país estará decidindo se quer ser uma republiqueta bolivariana ou uma
nação respeitável, alinhada com as democracias do planeta. Impossível
recusar esta verdade bem simples: não é entre tais democracias que o
partido hoje hegemônico em nosso país gosta de estar.
Seus dirigentes
não escondem seu apreço pelas piores companhias, nem seus afetos pelos
ditadores e demagogos que infernizam nações vizinhas, alinhadas com as
confabulações do famigerado Foro de São Paulo.
Em 5 de outubro estaremos
fazendo uma escolha praticamente definitiva sobre o tipo de civilização
em que queremos nos desenvolver como nação, que tipo de ambiente
cultural queremos integrar, que tipo de direitos queremos exercer e de
deveres aceitamos cumprir. Isso é bem mais do que eleger um governante.
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