domingo, 2 de março de 2014

O recado do PMDB na TV: a eleição de 2014 é uma página em branco

sábado, 1 de março de 2014





A semana foi tão corrida que somente agora pude assistir o programa de televisão que o PMDB levou ao ar nesta quinta-feira. 
E a mensagem que o partido de Michel Temer decidiu emitir em seu primeiro espaço de propaganda do ano é tão clara que me espantei com as poucas reações surgidas.
 

Notem que não se trata, aqui, de fazer análise da qualidade do programa e,  muito menos,  de debater que a nova - pouca importa se boa ou não -  linguagem apresentada implique em alguma renovação concreta no partido. 


 Na verdade, a linguagem apresentada nesta semana já tinha sido ensaiada no programa exibido em agosto do ano passado - em pleno calor das manifestações que tomaram as ruas do país.
Quero falar é do tema que foi o eixo discursivo do programa desta quinta-feira: "escolhas". 


Ao longo de mais de 10 minutos de programa  o PMDB não fez outra coisa a não ser deixar  claro que sua escolha para 2014 ainda não foi feita. 

Se o partido vai novamente com Dilma ou se vai debandar para a oposição, é "escolha" que será feita mais adiante - em se tratando do PMDB, quando o cenário eleitoral indicar com mais segurança qual decisão tem mais chances de mantê-lo em estreitas relações com o poder.

Bem sei que a postura não é nova. O PMDB é aquele partido que, há décadas, tem se mantido no poder mediante um jogo que inclui o "racha" eleitoral: oficialmente, sempre apoia o governo; informalmente, faz vistas grossas para os membros "rebeldes" que declaram apoio à oposição. 


Conforme o quadro eleitoral vai ficando mais definido, o partido sempre pode pular para o barco que melhor lhe convier - no mínimo porque, quando a oposição vence, aqueles "rebeldes" serão seus embaixadores junto ao novo governo eleito.  


O espólio desta guerra vocês conhecem: são os cargos em ministérios e empresas estatais.


Mas, então, o que há de novo no programa eleitoral levado ao ar na quinta-feira? A inédita institucionalização deste jogo e, por conseqüência, o evidente temor de manter-se, precipitadamente, associado a Dilma Rousseff. 


Basta clicar aqui  e assistir o programa que o partido levou ao ar nesta mesma época, em 2010, para entender: então, tudo o que o PMDB queria era vincular-se aos programas sociais de Lula, numa clara preparação ao apoio que daria à sua sucessora.

 

Ao que tudo indica, agora o "maior partido do Brasil" entra em um ano eleitoral sem conseguir enxergar o quadro com tanta clareza.  
O PMDB tem  dúvidas sobre seguir ou não com Dilma - e quer assegurar o seu direito de fazer outras escolhas. 

E quando o PMDB, que nunca dá ponto sem nó, manda um recado destes, a oposição pode ter uma certeza: a situação de Dilma não está nada boa.


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