sábado, 8 de março de 2014

R$ 6,9 bilhões por universidades descredenciadas

Galileo pede na Justiça R$ 6,9 bilhões por universidades descredenciadas

Ministério da Educação fechou Gama Filho e UniverCidade em janeiro.
Para Galileo, 'decisão foi desproporcional e demasiadamente gravosa'.

Do G1 Rio
 

 
A Galileo Educacional, que administra a Universidade Gama Filho e a UniverCidade, entrou com ação na 5ª Vara de Justiça Federal pedindo R$ 6,91 bilhões em reparação por danos materiais pelo descredenciamento das instituições de ensino. O caso ocorreu no dia 13 de janeiro. As informações foram divulgadas neste sábado (8) pela própria assessoria de imprensa da empresa.

De acordo com a assessoria, os réus do processo são a União, o ministro da Educação, José Henrique Paim Fernandes, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, além do secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Jorge Rodrigo Araújo Messias.


Ainda de acordo com a assessoria, para o Galileo Educacional, o MEC, "por meio de julgamento sumário e de natureza discricionária, em menos de 30 dias da  abertura de processo administrativo", proferiu "decisão desproporcional e demasiadamente gravosa" contra a UGF e a UniverCidade - o descredenciamento foi anunciado em janeiro, com o semestre ainda em curso.

A Galileo Educacional informou ainda que cálculo da indenização foi feito com base nas mensalidades dos cursos, considerando uma projeção futura de 15 anos de perda de receitas. A empresa acrescentou ainda que o descredenciamento provocou o desemprego de 2.600 pessoas.
 
Entenda o caso

No fim de 2012, o MEC instaurou um processo de supervisão na Gama Filho e na UniverCidade, motivado por denúncias de irregularidades, deficiência acadêmica e problemas financeiros. 

No início do ano passado, a crise se agravou, com a deflagração de greve de professores, funcionários e estudantes por falta de pagamento de salários nas duas instituições.

Diante desse cenário, o MEC criou em abril de 2013 uma comissão de acompanhamento para avaliar a situação, além de outra formada por professores, funcionários, estudantes, pais e sindicatos, entre outros, para identificar soluções e articular acordos.

Ao longo do ano passado, segundo nota divulgada pelo MEC, foram alternados na Gama Filho e na UniverCidade períodos de normalidade acadêmica e resolução de problemas apontados pelo ministério (incluindo o pagamento de professores) com períodos de agravamento da crise, com ocupação de alunos na reitoria, suspensão do fornecimento de água e luz, e ausência de serviços de segurança e limpeza, o que impedia o funcionamento das instituições. 

No dia 2 de agosto do ano passado, o MEC suspendeu o vestibular das duas universidades, impedindo o ingresso de novos alunos. Os estudantes matriculados ocuparam a reitoria. 

No dia 15 do mesmo mês, a mantenedora anunciou ter pago alguns meses de salários atrasados dos docentes.

No dia 2 de outubro, o grupo Galileo anunciou a demissão de 348 professores das duas universidades.
Protesto é contra descredenciamento da Gama Filho e da UniverCidade (Foto: Isabela Marinho / G1) 
 
Aunos chegaram a protestar contra o
descredenciamento da Gama Filho e
da UniverCidade 
 
 
No dia 8 de outubro, o grupo Galileo assinou um Termo de Saneamento de Deficiências (TSD) com o MEC, no qual se comprometia a realizar um conjunto de ações de curto, médio e longo prazos. 

O ministério, então, revogou a suspensão do vestibular, no dia 10 de outubro.

Ao longo de outubro e novembro, foram feitas visitas para acompanhar se o termo estava sendo cumprido. 


Segundo o MEC, o grupo Galileo não cumpriu as premissas firmadas no contrato, "especialmente na operação de captação de recursos que viabilizaria os aportes essenciais para a consecução das demais ações saneadoras, indicando a reinstalação da crise".

No dia 12 de dezembro de 2013, diante do descumprimento do que foi acertado, o MEC suspendeu novamente o vestibular da Gama Filho e da UniverCidade, os processos regulatórios das duas instituições e novos contratos para financiamento estudantil (Fies) e bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni). 

Além disso, houve restrição das instituições à participação no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Com a instauração do processo administrativo, as duas universidades tiveram um prazo de 15 dias para apresentação de defesa e de 30 dias para recorrerem das medidas cautelares impostas. 

As instituições se manifestaram no dia 3 de janeiro de 2014, e a proposta foi analisada pelo MEC, que optou pelo descredenciamento delas, com "o objetivo de preservar o interesse dos estudantes e da sociedade por uma educação superior de qualidade".

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