Os sinais preocupantes extraídos
das pesquisas e sondagens eleitorais fizeram a cúpula da pré-campanha de Dilma
Rousseff mudar de estratégia: em vez de trabalhar para fazê-la voltar a
crescer, o importante agora é estancar a queda da presidente. Integrantes do
governo e do PT já não escondem alguma apreensão no front eleitoral. Nos
bastidores, enxerga-se pouca "margem de manobra" para combater não só
o declínio nas sondagens eleitorais, mas também o sentimento "difuso"
de pessimismo que hoje atinge uma boa parte do eleitorado.
Há viés de baixa na avaliação das
principais áreas da administração dilmista. Com isso, desencadeou-se uma
cobrança para que a presidente reaja no discurso e politize as suas falas públicas.
Por conta disso, Dilma foi convencida a fazer o mais ofensivo de seus
pronunciamentos nos últimos tempos.
Ela fará uma mensagem
presidencial em rede nacional de rádio e televisão por ocasião do Primeiro de
Maio, Dia do Trabalho, na próxima quinta-feira. Trata-se da última janela na
televisão antes do horário eleitoral gratuito, em agosto, e, por isso, a
derradeira oportunidade de "mostrar o que o governo está fazendo",
como dizem seus interlocutores, para uma grande audiência.
PRIMEIRO TURNO
A última pesquisa do Datafolha,
realizada nos dias 2 e 3 deste mês, registrou uma queda de seis pontos
percentuais nas intenções de voto em Dilma desde fevereiro -ela caiu de 44%
para 38%. Além disso, 63% dos brasileiros disseram que a presidente fez pelo
país menos do que eles esperavam. Apesar disso, a sondagem aponta que ela
continua na liderança e ainda seria reeleita no primeiro turno.
Nos cálculos internos, a petista
voltará a crescer com a propaganda oficial. Seu trunfo é o horário eleitoral na
TV: o tempo de propaganda projetado para Dilma representa cerca do dobro da
soma de seus dois principais adversários, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o
ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB-PE). A distribuição ainda será
anunciada pela Justiça Eleitoral.
O marqueteiro João Santana
prepara um discurso que passa longe dos tradicionais balanços. O partido de
Dilma quer ver exposto o contraponto entre o projeto do PT e o do PSDB. Por
ora, os dois maiores desafios da administração são a inflação e as críticas à
realização da Copa no Brasil.
Sobre o segundo item, a equipe da
presidente adota, internamente, um discurso pragmático: o governo, no máximo,
"empata" em relação ao evento. Há, nas avaliações feitas
reservadamente, o diagnóstico de que dificilmente o Executivo consiga melhorar
sua aprovação com o campeonato, alvo de críticas disseminadas na população,
sobretudo em relação aos gastos com a realização do Mundial.
FÔLEGO ELEITORAL
O Datafolha detectou, também no
início deste mês, que chegou ao mais baixo nível o índice dos que são
favoráveis à realização da Copa -48%, quatro pontos a menos do que no levantamento
realizado em fevereiro. Para petistas, Dilma precisa organizar a militância,
até agora dormente -em parte por causa do movimento "volta, Lula",
que prega o retorno do ex-presidente à disputa eleitoral-, mas também
insatisfeita com o estilo da candidata à reeleição.
Para integrantes da pré-campanha,
é muito difícil que a presidente não recupere fôlego a partir do horário
eleitoral, em agosto. O Palácio do Planalto avalia que a imprensa alimenta o
pessimismo no eleitorado. Daí a necessidade de lançar mão de meios de
comunicação direta com a população.
Apesar das dificuldades na área
econômica, setor em que o governo federal reconhece que há pouco a fazer a não
ser administrar as expectativas, a defesa interna é de que a atual gestão tem o
que mostrar durante a campanha. (Folha de São Paulo)
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