FOLHA DE SP - 27/04
BRASÍLIA - O clima no Planalto e no PT deve ser de "salve-se quem puder" diante da avalanche de más notícias. Dilma culpa o partido, o PT culpa a presidente e ambos têm um bode expiatório: a imprensa. Dilma cai nas pesquisas e parece cada vez mais só, mas mantém a imagem de mulher honesta e distante de maracutaias. Logo, empurra para o PT a responsabilidade pelas vicissitudes e a torrente de denúncias.
Elas embolam o ex-vice-presidente da Câmara André Vargas, o ex-ministro e atual candidato Alexandre Padilha, ex-diretores da Petrobras e um doleiro onipresente em negociatas, já preso e indiciado.
O PT, enrolado até o pescoço, fugindo como pode de uma CPI da Petrobras e apavorado com a queda da aprovação de Dilma em todas as faixas de renda e de escolaridade, tenta jogar a culpa numa presidente que não acerta uma. Não tem marca, deixa a desejar na gestão e é um desastre na economia: crescimento só superior ao da Argentina e da Venezuela na América do Sul, previsão de inflação acima da meta, juros mais altos do que antes da posse, aumento de impostos para cobrir erros no setor elétrico. E a balança comercial...
Afinal, o que vai bem? E, se o governo falha e o partido está envolto em denúncias, de quem é a culpa? Dilma não pode fugir da responsabilidade, como disse o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli sobre a compra da refinaria de Pasadena, que gerou prejuízo de mais de meio bilhão de dólares.
Isso vale para tudo e para os dois lados. Se Dilma tem responsabilidade sobre Pasadena, também tem sobre os resultados lamentáveis da Petrobras e os erros do seu partido no governo. Como o PT tem sobre os escândalos e sobre os erros de um governo que, afinal, é seu. Por mais que Dilma e o PT tentem se desassociar dos fracassos um do outro, há um elo indissolúvel entre eles: Lula. Estão no mesmo barco e ninguém pode só lavar as mãos.
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