Caos no trânsito é combatido com reforço no transporte público, ciclovias e criatividade
ludmila.rocha@jornaldebrasilia.com.br
Mudanças nos principais meios de transporte coletivo da capital, a expansão de vias e ciclovias, opções para o transporte particular individual e incentivos para adesão a meios de transporte alternativos e transporte solidário (caronas). Estas são algumas das medidas implementadas pelo governo para melhorar a mobilidade urbana no Distrito Federal, tema que tem sido alvo de uma série de reportagens publicadas nos últimos dias pelo Jornal de Brasília.
Medidas
O objetivo do Executivo local é reduzir os principais transtornos enfrentados pelos cidadãos, como engarrafamentos diários, falta de estacionamentos e de segurança aos ciclistas, transporte público, além da relação conturbada entre motoristas e motociclistas.
Segundo o secretário da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, várias medidas já foram e ainda serão tomadas pelo GDF para melhorar a mobilidade no DF.
Intervenções
De acordo com ele, R$ 4 bilhões já foram gastos em intervenções estruturais para o transporte coletivo. A expansão das linhas do metrô e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), por exemplo, já está em fase de licitação. No mês passado, um projeto para inclusão de novas linhas, para ambos os veículos, até o Terminal da Asa Norte, foi selecionado para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Outra solicitação de material rodante foi incluída. Serão dez trens para a expansão do metrô e outros dez para a do VLT.
Ainda há projetos para a conclusão das obras nas estações do metrô da 104, 106 e 110 Sul e construção de cinco novas estações. Para a expansão, mais 7,5 quilômetros de linhas devem ser implementados em todo o DF. Além disso, o sistema operacional dos veículos será modernizado, o que deve reduzir o tempo de espera entre os trens.
Expresso DF ganha forma no Eixo Sul
Para o Expresso DF, estão sendo elaborados projetos que abrangerão o Eixo Sudoeste (Riacho Fundo, Recanto das Emas, Núcleo Bandeirante e Plano Piloto), o Eixo Norte (Planaltina, Sobradinho e Plano Piloto), que está em fase de licitação, e o Eixo Oeste (Sol Nascente, Ceilândia, Taguatinga e Plano Piloto). Já o Expresso DF Eixo Sul, que inclui Santa Maria, Gama e Plano Piloto, tem conclusão prevista para o mês que vem.
O secretário da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, admite no entanto que as melhorias no transporte público, por si só, não resolvem o problema. “Sabemos que a circulação de carros particulares pode diminuir, mas não acabará com a implementação de um transporte coletivo de qualidade. Por isso, estamos pensando em alternativas para o aumento da frota de carros e em opções de transporte alternativo”, afirmou.
Foco em veículos não motorizados
Uma das principais bandeiras do governo para melhorar o trânsito no DF, entretanto, diz respeito aos transportes alternativo e solidário. Para isso, o governo tem investindo em obras que possibilitem o deslocamento por meio de veículos não motorizados, como bicicletas, patins e patinetes. Até agora, já foram gastos R$ 65,3 milhões em ciclovias e ainda há uma previsão de investimentos de R$ 65,2 milhões.
Ciclo Vida
O GDF também desenvolveu um sistema pioneiro, que está em fase de testes, para incentivar o uso das bicicletas. O programa, batizado de Ciclo Vida, permitirá aos ciclistas conhecer o trajeto das ciclovias já existentes, ver quantos quilômetros foram percorridos, opinar sobre o estado de conservação das pistas e até sugerir mudanças. Os ciclistas poderão tirar fotos da pista, pelo próprio aplicativo, e enviar para o GDF com suas considerações. O secretário garante que todos os usuários terão suas demandas respondidas em tempo hábil. “Já temos 400 quilômetros de ciclovias e estamos perseguindo os 600 quilômetros. Nossa malha cicloviária já é a maior do Brasil, superando grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro”, acrescentou.
Para a Copa do Mundo, em junho, o governo disponibilizará 400 bicicletas para aluguel nos arredores do Estádio Nacional Mané Garrincha, a exemplo do que já acontece no Rio de Janeiro.
Cidadão quer soluções
Uma preocupação do governo é com a conturbada situação dos ônibus na Região Metropolitana do DF, O secretário da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, porém, garantiu que o problema será solucionado em breve. “Há um desequilíbrio entre o GDF e a ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) no momento, mas queremos agilizar ao máximo o processo de licitação. A população não pode sair prejudicada. Os cidadãos não precisam saber de quem é a responsabilidade, eles querem soluções”, concluiu.
Solução
E querem soluções mesmo, urgentes! O motoboy Marcos Roberto Barbosa, de 32 anos, acredita que dificultar a venda de carros e motos pode ser uma opção. “Acho que o trânsito de Brasília tem solução. Se até no Japão, um dos países mais populosos do mundo, os engenheiros conseguiram encontrar uma alternativa para o trânsito, aqui conseguiremos também. Acontece que hoje todo mundo consegue comprar um veículo. Qualquer um que tenha o nome limpo na praça pode financiar um carro ou moto e dividir o valor em várias parcelas. Mas o governo não se preocupa com isso e só quer lucrar”, reclamou.
A corretora de imóveis Alice Soares, de 45 anos, concorda que há muitos carros nas ruas. Ela acredita, porém, que o problema se deve, principalmente, à ineficiência do transporte público. “Se tivéssemos um transporte público de qualidade e abrangente, eu utilizaria. Como não é o caso, prefiro ir de carro, enfrentar o trânsito, mas ter um pouco mais de conforto. Moro em Águas Claras e tem uma estação de metrô ao lado da minha casa. O problema é que trabalho na Asa Norte e ainda não há linhas para lá”, comentou.
Iniciativas devem ser ampliadas
Fábio de Cristo, especialista em trânsito, acredita que uma série de ações conjuntas podem ajudar a solucionar os problemas de mobilidade. “O grande desafio das autoridades de trânsito está na melhoria da infraestrutura viária e de fiscalização. A construção do Expresso DF, o aumento das ciclovias, a renovação da frota de ônibus urbano, do asfalto e a abertura de novas licitações para as empresas de transporte coletivo foram importantíssimas”, diz ele. Contudo, a seu ver, ainda existem aspectos a serem melhorados, como a integração entre ônibus e metrô, a ampliação das linhas, a sinalização das ciclovias e a melhoria da infraestrutura das paradas de ônibus. Além disso, ele diz que é preciso administrar de maneira eficiente as constantes greves de metroviários e rodoviários.
Estacionamentos
Fábio de Cristo acredita que questões como a construção de estacionamentos na zona central de Brasília precisam ser bem pensadas. “A implementação dos estacionamentos requer amplo debate, uma vez que não se trata apenas da construção. Tais garagens, em vez de resolver, podem intensificar os problemas porque atrairão mais usuários de automóveis para o centro. As soluções vão desde um transporte coletivo eficiente até a implantação de sistemas de cobrança do tempo estacionado”, afirma.
Com a proximidade de grandes eventos, como a Copa do Mundo da Fifa, os problemas com a mobilidade urbana se intensificam. Segundo o especialista, neste caso, a escolha prévia do local do evento, a melhoria da infraestrutura disponível ou a sua construção e a gestão do trânsito nos dias de evento, são algumas das medidas sugeridas. Boa parte delas, no entanto, já foi ou será implementada nas cidades sede dos jogos.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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