A
última vez em que o PSDB esteve tão unido numa campanha eleitoral foi
1998. Não vou aqui me dedicar à arqueologia de por que, antes, foi assim
ou assado.
O fato é que o candidato à Presidência, Aécio Neves, conta
com o pressuposto primeiro de uma campanha que pretende, claro!, ser
vitoriosa: a união. Sem ela, não existe milagre. Para alcançá-la, é
preciso que todos os atores estejam dispostos não exatamente a fazer
concessões, mas a ouvir o “outro” e “os outros”.
Mais do que tudo,
entendo, desta vez, o PSDB não tinha o direito — sob o risco da
autodissolução — de não ouvir fatias consideráveis do país que querem
mudança. E a cobram com uma clareza que não se via desde 2002,
justamente quando o PT venceu.
Notem que
não faço juízo de valor sobre os desejos de antes e os de agora. Falo de
demandas que estão na sociedade e às quais os partidos têm de
responder. O PSDB não tinha, e não tem, o direito de se apequenar em
divisões internas. O que se viu neste sábado é auspicioso.
Lá estavam, e
com muito mais solidez do que em jornadas anteriores, Aécio e José
Serra de mãos dadas, sob o olhar de FHC, o tucano que venceu o PT nas
urnas duas vezes, no primeiro turno.
Isso é uma
declaração de voto? Não é, mas poderia ser — e não vejo por que os
leitores devam ter desconfianças sobre em quem vou votar.
Acho que minha
escolha está clara. Mas isso é o de menos neste post. O meu ponto é
outro.
Não existe democracia sem oposição. Repito o que já escrevi
dezenas de vezes: as tiranias também têm governo (e como!!!). Só as
democracias contam com forças que se opõem ao poder de turno, buscando
substituí-lo, dentro das regras do jogo. Sem oposição organizada, não
existe governo legítimo.
Ocorre que
esse não é um valor no petismo. Nunca foi. Ao contrário. Para o
partido, os que se opõem à sua visão de mundo — mesmo àquela parcela
eventualmente não criminosa — são sabotadores, são inimigos.
E devem ser
destruídos.
Desde que
os petistas chegaram ao poder, resolveram dar início a uma falsa guerra
entre o “nós”, que eram “eles”, e o “eles”, que eram os outros. De um
lado, os donos da virtude, do bem, do belo, do justo; do outro, o
contrário. Talvez seja o caso, então, de a oposição comprar essa briga e
fazer o confronto entre o “nós oposicionista” e o “eles governista”.
Os tucanos
têm uma história respeitável. Tiraram o Brasil da hiperinflação. Deram
ao país uma moeda. Devolveram a nação ao cenário internacional. E o
fizeram sem jogar o povo contra o povo. E o fizeram sem incitar a guerra
de todos contra todos.
E o fizeram sem estimular ódios e rancores. Ao
contrário: sempre souberam, e sabem, que, como diz o velho bordão, a
união faz a força. Os petistas, infelizmente, tentam se fortalecer
jogando brasileiros contra brasileiros, como estamos cansados de ver. É
assim que eles enfraquecem a sociedade para fortalecer um ente de razão
chamado “partido”.
Mais do
que nunca, acho que cabe aos tucanos deixar realmente claro que “eles”,
tucanos, não são “os outros”, os petistas e seus aliados. Ou, nos termos
propostos pelo PT, chegou a hora de deixar claro que, de verdade, “nós
não somos eles”. E não é preciso ir muito longe para percebê-lo: há, por
exemplo, tucanos e membros de gestões tucanas sob investigação.
Não vi,
até agora — e não creio que vá acontecer — o partido a demonizar a
Justiça. Sim, há uma grande diferença entre se solidarizar com um aliado
e atacar a instituição. Em defesa de mensaleiros, de criminosos
condenados, o petismo não hesitou um só instante em achincalhar o
Supremo, cuja composição é, de resto, de sua inteira responsabilidade.
Autoritários
A propaganda política terrorista que o PT
levou ao ar, destaquei aqui, deixou claro que o partido não tem mais
futuro a oferecer aos brasileiros. Agora só lhes resta o expediente, que
também não é novo em sua trajetória, de destruir a reputação e o
passado alheios e de recontar a história. Mais um pouco, os
“historiadores” do partido ainda transformarão Lula no pai do “Plano
Real”, e FHC no chefe do grupo que tentou sabotá-lo — e sabotar o país.
Dilma já
não sabe por que governa e sabe menos ainda por que quer mais quatro
anos. Essa gente é tão autoritária que inventa teorias conspiratórias
até quando parte de um estádio de futebol expressa seu repúdio ao
governo, segundo a linguagem, feia ou bonita, que se costuma usar em
disputas assim desde as arenas romanas ao menos.
Seus áulicos na
subimprensa — um bando de vagabundos pançudos, pendurados nas tetas da
propaganda oficial e de estatais — têm o topete de acusar, ora vejam!, a
oposição e alguns jornalistas por manifestações espontâneas, que surgem
sem paternidade.
Os
petistas, no poder, sempre tentaram calar a oposição. Agora, acham que
já é chegada a hora de calar o povo — ao menos a parcela do povo que
ousa discordar. E sua concepção autoritária de poder está em curso, com
lances novos, embora esperados, dado o seu projeto de poder.
O Decreto
8.243, inspirado por Gilberto Carvalho, saído das catacumbas do PT, é a
evidência de que o partido ainda não desistiu da ditadura do partido
único.
A união do PSDB, demonstrada neste sábado, é fundamental para preservar a democracia no Brasil.
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