domingo, 15 de junho de 2014

A união do PSDB é fundamental para preservar a democracia no Brasil



A última vez em que o PSDB esteve tão unido numa campanha eleitoral foi 1998. Não vou aqui me dedicar à arqueologia de por que, antes, foi assim ou assado. 


O fato é que o candidato à Presidência, Aécio Neves, conta com o pressuposto primeiro de uma campanha que pretende, claro!, ser vitoriosa: a união. Sem ela, não existe milagre. Para alcançá-la, é preciso que todos os atores estejam dispostos não exatamente a fazer concessões, mas a ouvir o “outro” e “os outros”. 


Mais do que tudo, entendo, desta vez, o PSDB não tinha o direito — sob o risco da autodissolução — de não ouvir fatias consideráveis do país que querem mudança. E a cobram com uma clareza que não se via desde 2002, justamente quando o PT venceu.


Notem que não faço juízo de valor sobre os desejos de antes e os de agora. Falo de demandas que estão na sociedade e às quais os partidos têm de responder. O PSDB não tinha, e não tem, o direito de se apequenar em divisões internas. O que se viu neste sábado é auspicioso. 


Lá estavam, e com muito mais solidez do que em jornadas anteriores, Aécio e José Serra de mãos dadas, sob o olhar de FHC, o tucano que venceu o PT nas urnas duas vezes, no primeiro turno.


Isso é uma declaração de voto? Não é, mas poderia ser — e não vejo por que os leitores devam ter desconfianças sobre em quem vou votar. 


Acho que minha escolha está clara. Mas isso é o de menos neste post. O meu ponto é outro. 


Não existe democracia sem oposição. Repito o que já escrevi dezenas de vezes: as tiranias também têm governo (e como!!!). Só as democracias contam com forças que se opõem ao poder de turno, buscando substituí-lo, dentro das regras do jogo. Sem oposição organizada, não existe governo legítimo.


Ocorre que esse não é um valor no petismo. Nunca foi. Ao contrário. Para o partido, os que se opõem à sua visão de mundo — mesmo àquela parcela eventualmente não criminosa — são sabotadores, são inimigos.  

E devem ser destruídos.


Desde que os petistas chegaram ao poder, resolveram dar início a uma falsa guerra entre o “nós”, que eram “eles”, e o “eles”, que eram os outros. De um lado, os donos da virtude, do bem, do belo, do justo; do outro, o contrário. Talvez seja o caso, então, de a oposição comprar essa briga e fazer o confronto entre o “nós oposicionista” e o “eles governista”.


Os tucanos têm uma história respeitável. Tiraram o Brasil da hiperinflação. Deram ao país uma moeda. Devolveram a nação ao cenário internacional. E o fizeram sem jogar o povo contra o povo. E o fizeram sem incitar a guerra de todos contra todos. 


E o fizeram sem estimular ódios e rancores. Ao contrário: sempre souberam, e sabem, que, como diz o velho bordão, a união faz a força. Os petistas, infelizmente, tentam se fortalecer jogando brasileiros contra brasileiros, como estamos cansados de ver. É assim que eles enfraquecem a sociedade para fortalecer um ente de razão chamado “partido”.


Mais do que nunca, acho que cabe aos tucanos deixar realmente claro que “eles”, tucanos, não são “os outros”, os petistas e seus aliados. Ou, nos termos propostos pelo PT, chegou a hora de deixar claro que, de verdade, “nós não somos eles”. E não é preciso ir muito longe para percebê-lo: há, por exemplo, tucanos e membros de gestões tucanas sob investigação. 


Não vi, até agora — e não creio que vá acontecer — o partido a demonizar a Justiça. Sim, há uma grande diferença entre se solidarizar com um aliado e atacar a instituição. Em defesa de mensaleiros, de criminosos condenados, o petismo não hesitou um só instante em achincalhar o Supremo, cuja composição é, de resto, de sua inteira responsabilidade.


Autoritários A propaganda política terrorista que o PT levou ao ar, destaquei aqui, deixou claro que o partido não tem mais futuro a oferecer aos brasileiros. Agora só lhes resta o expediente, que também não é novo em sua trajetória, de destruir a reputação e o passado alheios e de recontar a história. Mais um pouco, os “historiadores” do partido ainda transformarão Lula no pai do “Plano Real”, e FHC no chefe do grupo que tentou sabotá-lo — e sabotar o país.


Dilma já não sabe por que governa e sabe menos ainda por que quer mais quatro anos. Essa gente é tão autoritária que inventa teorias conspiratórias até quando parte de um estádio de futebol expressa seu repúdio ao governo, segundo a linguagem, feia ou bonita, que se costuma usar em disputas assim desde as arenas romanas ao menos. 


Seus áulicos na subimprensa — um bando de vagabundos pançudos, pendurados nas tetas da propaganda oficial e de estatais — têm o topete de acusar, ora vejam!, a oposição e alguns jornalistas por manifestações espontâneas, que surgem sem paternidade.


Os petistas, no poder, sempre tentaram calar a oposição. Agora, acham que já é chegada a hora de calar o povo — ao menos a parcela do povo que ousa discordar. E sua concepção autoritária de poder está em curso, com lances novos, embora esperados, dado o seu projeto de poder. 


O Decreto 8.243, inspirado por Gilberto Carvalho, saído das catacumbas do PT, é a evidência de que o partido ainda não desistiu da ditadura do partido único.


A união do PSDB, demonstrada neste sábado, é fundamental para preservar a democracia no Brasil.

Por Reinaldo Azevedo

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