Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Arthur Jorge Costa Pinto
Não
quero que pensem que sou terrorista, mas o que estamos presenciando é o
“tsunami perfeito”, devastando sem compaixão e nem piedade a economia
brasileira.
Aquele
ambiente de tranquilidade e prosperidade econômica que tivemos há tempos atrás
dissipou-se, levando-nos para um abismo
sem precedentes em função dos sucessivos erros praticados na gestão da política
econômica nos últimos quatro anos. Enquanto isso, as justificativas
governamentais continuam sempre recaindo no macro ambiente externo
desfavorável.
Acontece
que, mais uma vez, estamos caminhando contra os ventos globais. A economia
mundial já está se harmonizando, os governos moderam os gastos, comprimem o
endividamento, domam a inflação, que se mostra declinante e muitos países
parecem estar assustados com o fantasma da deflação, embora ela também
apresente inegáveis indícios de que as economias estão começando a se
restabelecer.
No
Brasil petista, os gastos públicos continuam em crescimento incessante, o
endividamento se aproximando dos 60% do PIB (Produto Interno Bruto), limite suportável
de referência internacional, a inflação elevada e excitada, mesmo que se
pratique um dos juros mais altos do mundo; todas as sinalizações que se
propagam em nossa economia doméstica denotam uma concreta possibilidade de
convivermos com uma nociva estagnação da economia, conjuntamente com a
ampliação da deterioração das suas contas públicas internas e externas.
A
equipe econômica persiste em adiar as decisões inevitáveis que há muito já
deveriam ter sido tomadas, alardeando que a situação já está melhorando.
Entretanto, o tempo passa e as mazelas econômicas se consolidam.
O
“tsunami perfeito” chegou trazendo em maio um saldo da balança comercial com um
déficit acumulado de US$ 4,85 bilhões, na forma de déficit em conta corrente
que soma US$ 33,5 bilhões, o que representa 4,65% do PIB, com investimentos
estrangeiros diretos (IED) em abril de US$ 5,233 bilhões, menores do que os US$ 5,719 bilhões
realizados em abril do ano passado.
Como
informei acima, o nível de endividamento está consolidado bem próximo a 60% do
PIB e grande parte das reservas internacionais foram formadas através desse
comprometimento, pagando-se juros mais elevados que os recebidos e não pela
utilização dos excedentes cambiais.
Uma
“inovação” estratégica foi criada em 2008 – o Fundo Soberano do Brasil, com
reservas estimadas em R$ 14 bilhões, administrado pelo Sr. Arno Augustim
(Secretário do Tesouro Nacional), o único que consegue ser ainda pior do que o
ministro Mantega na equipe econômica. O resultado é um colossal prejuízo aos
cofres públicos, em função das aplicações exclusivamente em ações de empresas
estatais e também com a finalidade de ser um excelente provedor para mascarar
as contas públicas.
Em
função das pesquisas realizadas mostrarem, desde o ano passado, que existe uma grande preocupação com a expansão da
inflação, o Banco Central subiu a taxa de juros de 7,25% a.a. de abril de 2013,
permanecendo em 11% a.a. até julho do corrente, mas os efeitos causados são
insignificantes até o presente momento e suas causas continuam evidentes sem
que o governo procure atacar os pontos cruciais.
Sentimos
um indiscutível descompasso na relação oferta e demanda após os excessos de
estímulos direcionados ao consumo e a inflação está superando os 6% ao ano, com
possibilidade de terminar 2014 no teto ou ultrapassando seu limite estabelecido
de 6,5%.
Como
vimos há dias atrás, foi divulgado o PIB do primeiro trimestre, que mostrou uma
expansão ridícula (0,2%) em relação ao último trimestre e, também preocupantes,
foram os resultados apresentados para a formação do capital fixo (FBCF), com
uma queda de 2,1%.
A taxa de investimentos de 17,7% e a taxa de poupança de 12,7%, ambas
confrontadas com o PIB, são estarrecedoras.. Essas variáveis influenciam no
desempenho futuro da economia e, diante deses resultados, fica claro que
existem grandes chances de ainda convivermos com esses dados por um tempo razoável.
Voltando à problemática do PIB, que me
parece importantíssima sobre vários aspectos, sua divulgação referente ao segundo
trimestre deverá acontecer a partir dos meados de agosto vindouro, quando
estaremos muito próximos ao primeiro turno das eleições majoritárias. A
presidente Dilma corre um grande perigo de ter que engolir, possivelmente, uma
taxa negativa no crescimento da nossa economia ou até mesmo, um PIB paralisado,
o que, sem dúvida, seria extremamente negativo para sua obsessiva campanha de
reeleição.
A situação poderá ser turbinada por uma
inflação obstinada, medida pelo IPCA e acumulada em 12 meses, que deverá
permanecer acima do teto da meta de 6,5%, durante aproximadamente quatro meses,
devendo começar possivelmente em agosto e se estender até novembro, segundo
previsões do mercado financeiro. Isso deverá marcar um período de desconforto
para o governo, que já não tem mais muita margem de manobra na política
monetária para conter a inflação. Seria tudo de bom para os 74% de eleitores
brasileiros que desejam mudanças no sofrido Brasil.
Diante do que presenciamos, desejo me
dirigir ao neopetista, economista e ex-ministro consagrado pelos governos
militares, Prof. Delfim Netto, que, em outubro de 2013, criou a frase
“tempestade perfeita” (metáfora para grandes distúrbios internos e externos que
desestabilizam a economia de um país) e, com imenso respeito, peço-lhe licença
para parodiá-lo, alterando parcialmente a sua expressão para “tsunami perfeito”
(poderosa onda ou uma série delas que ocorrem em turbulências econômicas,
desestabilizando os fundamentos macroeconômicos de uma nação) que, a meu ver,
encaixa-se melhor na presente situação, em função da gravidade que enfrenta
atualmente a economia brasileira, dificultando-lhe inclusive, pegar o vácuo na
recuperação econômica global.
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador
com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador)
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