Leitores
me enviam um vídeo que eu não conhecia. Na madrugada do dia 1º de
junho, o grupo Rappa se apresentou no “João Rock 2014”, em Ribeirão
Preto, em São Paulo, que fiquei sabendo ser o maior evento de rock do
interior. E aconteceu isto aqui. Vejam. Volto em seguida.
Voltei
Pois é… Os que me leem habitualmente sabem o que penso e o que não penso: - jamais fui simpático às chamadas “manifestações de junho”; os arquivos estão aí; - sempre considerei inaceitável a violência da esmagadora maioria dos protestos; - nunca apelei ao simplismo de afirmar que o dinheiro da Copa deveria ser investido no social porque não é assim que as coisas funcionam (já disse por que em outros posts).
Pois é… Os que me leem habitualmente sabem o que penso e o que não penso: - jamais fui simpático às chamadas “manifestações de junho”; os arquivos estão aí; - sempre considerei inaceitável a violência da esmagadora maioria dos protestos; - nunca apelei ao simplismo de afirmar que o dinheiro da Copa deveria ser investido no social porque não é assim que as coisas funcionam (já disse por que em outros posts).
Assim, há
muitas coisa na fala de Falcão, o vocalista do Rappa, com a qual não
concordo. Agora, as pessoas estão protegidas pela liberdade de
expressão, e tanto ele como a plateia têm o direito de dizer o que acham
que deve ser dito. Inaceitável, para mim, é a violência. E, como se vê
ali, todos estão em paz. Mas isso é para mim, não para Dilma por
exemplo, que recebe líderes de movimento que partem para a porrada, não é
mesmo?
E aí? O
que dizer da plateia do Rappa e do próprio Falcão? Também eles são, como
querem os petistas e a ESPN, expressões da elite branca de São Paulo?
Por que a canalha que nunca atacou os black blocs — ou por covardia ou
por concordar com a ação — fica tão desarvorada quando a plateia dirige
um impropério ao governante, o que acontecia, ora vejam!, até no Império
Romano? E olhem que a imperadora Dilma, até onde se sabe ao menos,
divina não é.
Ao
assistir esse vídeo, o que dirá José Trajano, o melancia às avessas da
ESPN? Já sei: “Pô, os leitores de Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli,
Diogo Mainardi e Augusto Nunes aparelharam o show do Rappa!!!” Também
nesse caso o PT vai acusar uma grande armação da oposição?
Leitores
me informam que o mesmo coro com que Dilma foi premiada no Itaquerão foi
ouvido, ainda que de forma mais discreta, na Arena Pantanal e no
Mineirão. O que há de surpreendente nisso? Nada!
Moro
praticamente ao lado do Pacaembu. Todas as vezes, todas, sem exceção, em
que fui ao estádio, ouvi em uníssono o “Ei, juiz, vai tomate cru…”
Aliás, dá pra ouvir até quando não se está lá dentro.
Nego-me a revelar se já aderi. Basta que o árbitro apite ou deixe de apitar alguma coisa que contrarie a torcida do time mandante, o coro começa na “geral”, onde não se encontram exatamente os mais endinheirados e os “brâncu de zoiazul” (como disse Lula).
E se espalha. Esse xingamento é um clássico dos jogos de futebol. Em estádios, aliás, não importa o setor, não é o melhor lugar para a gente escolher genros, não é? Fora de lá, ogros podem até virar lordes.
Nego-me a revelar se já aderi. Basta que o árbitro apite ou deixe de apitar alguma coisa que contrarie a torcida do time mandante, o coro começa na “geral”, onde não se encontram exatamente os mais endinheirados e os “brâncu de zoiazul” (como disse Lula).
E se espalha. Esse xingamento é um clássico dos jogos de futebol. Em estádios, aliás, não importa o setor, não é o melhor lugar para a gente escolher genros, não é? Fora de lá, ogros podem até virar lordes.
Por mais
que se lamente — por mim, todos declamariam Camões ou Shakespeare —, os
impropérios fazem parte da natureza do espetáculo.
“Ah, que coisa mais machista!” É mesmo? Vocês já viram a fúria das moças na arquibancada? Sogras também não escolheriam ali as suas noras… O que não impede as moças de virar princesas tão logo atravessem o portão. A violência retórica quase nunca é intima da violência física. Na maior parte das vezes, uma toma o lugar da outra.
“Ah, que coisa mais machista!” É mesmo? Vocês já viram a fúria das moças na arquibancada? Sogras também não escolheriam ali as suas noras… O que não impede as moças de virar princesas tão logo atravessem o portão. A violência retórica quase nunca é intima da violência física. Na maior parte das vezes, uma toma o lugar da outra.
De resto,
com uma popularidade bem maior do que a de Dilma, Lula foi vaiado na
abertura dos Jogos Pan-Americanos, em 2007. Vejam:
Ele chegou a comentar, mais tarde, a reação do público. Como a eleição vindoura estava longe, posou de compreensivo:
Ora,
Lula tinha sido reeleito havia apenas 9 meses, com 69,69% dos votos
válidos no Rio. Vaias e xingamentos a políticos em estádios não são nada
de excepcional nem encontram uma tradução político-eleitoral imediata,
como pretendem muitos — gostem ou não de Dilma Rousseff.
Manipulação da opinião pública O PT e seus asseclas “essepeênicos”, com um mone de anúncios de estatais, estão é tentando fazer do limão uma limonada.
Nas redes sociais, petistas e esquerdistas variados chamam a vaia a Dilma no Itaquerão de “tiro no pé”. Ora, isso revela a má-fé, então, do falso ofendido, não é?
Está na cara que estão buscando conferir a Dilma a força da “vítima”. Pretendem transformá-la numa espécie de mártir da suposta elite branca paulista — não é mesmo, ESPN? — para ver se o incitamento ao ódio reverte em benefício eleitoral.
A verdade é que alas diferentes do PT vibram com o acontecido por motivos distintos: os dilmistas acham que ela só tem a ganhar se posar de mártir que resiste; os lulistas esperam que a imagem da presidente se deteriore ainda mais para defenestrá-la da chapa e chamar demiurgo de volta. Ele próprio diz que, “por enquanto, não é hora”. No fundo, torce por mais vaias e mais xingamentos.
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