Aliado do ex-presidente Lula, o
empresariado já começa a ficar preocupado com o tom mais radical do discurso do
petista nos últimos eventos em defesa da presidente Dilma Rousseff.
Lula tem criticado empresários,
atacado a mídia e até defendido medidas econômicas que destoam do receituário
adotado em seus dois mandatos na Presidência. Em recente reunião, empresários
fizeram a avaliação de que o ex-presidente pode colocar em risco seu
"patrimônio" político ao voltar a entoar o discurso mais radical do
"nós contra eles".
A Folha ouviu de dois
interlocutores do mundo empresarial que Lula fez um bom governo ao se firmar
como político com bom trânsito em todas as camadas da sociedade. Agora, dizem,
ele parece optar pelo enfrentamento para tentar estancar a queda de Dilma nas
pesquisas.
O risco, afirmam, é o efeito
contrário, com o PT voltando a ser um partido com elevada rejeição na classe
média e empresarial. A expectativa dos executivos próximos a Lula é que, se
Dilma for reeleita, ele retome um discurso mais amigável e menos radical.
Um interlocutor do presidente
confirma que ele está "magoado" com empresários agraciados com
benefícios nos governos petistas e que, hoje, circulam em almoços e jantares
oferecidos aos principais candidatos adversários, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo
Campos (PSB). "Estamos recebendo relatos
de que empresários que frequentam o Palácio do Planalto estão cumprimentando o
Aécio como meu presidente'", critica um interlocutor de Lula,
reservadamente.
Do lado dos empresários, gerou
preocupação a fala de Lula em evento recente em Porto Alegre, quando criticou
publicamente o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, defendendo que o
governo deveria liberar mais crédito e gastar mais. Neste momento, está claro que um
dos problemas do governo atual, diz um empresário, foi exatamente não segurar
os gastos federais, o que pressionou a inflação.
CONSELHEIROS
Em tom de brincadeira, a Folha
ouviu que Lula deve estar ouvindo pouco dois de seus antigos conselheiros, o
ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente do Banco Central Henrique
Meirelles. Ambos são defensores de um
política fiscal mais austera para segurar a inflação dentro do centro da meta,
hoje de 4,5% ao ano.
Auxiliares de Lula dizem que o
recado do ex-presidente em Porto Alegre não teve como alvo apenas Arno
Augustin, mas principalmente o Banco Central. A avaliação é que o BC teria
apertado demais a política monetária e provocado uma escassez de crédito na
economia.
Com isso, a retração no ritmo
econômico foi muito forte exatamente no ano eleitoral, o que levará o país a
ter um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2014 na casa de 1,5%,
abaixo do registrado em 2013, de 2,5%.(Folha de São Paulo)
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