quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sem uniformes esterilizados, Hran teve de priorizar emergências

Sem o auxílio dos profissionais de saúde, os médicos tiveram de cancelar todas as cirurgias marcadas para o dia

ary.filgueira@jornaldebrasilia.com.br


A falta de roupas adequadas para procedimentos médicos fez com que enfermeiros do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) cruzassem os braços ontem. E, mais uma vez, quem pagou a conta foi o paciente. Sem o auxílio dos profissionais de saúde, os médicos tiveram de cancelar todas as cirurgias marcadas para o dia. 

De acordo com o memorando número 199/2014, assinado pelo enfermeiro responsável pela Central de Material Esterilizado (CME), Uilson Alves Negre, o uniforme é utilizado para manipular bandejas, pacotes e materiais cirúrgicos. 

Em um dos trechos do documento, ao qual o JBr. teve acesso com exclusividade, "não há óleo suficente para acionar a caldeira e funcionar a lavanderia, que é encarregada de esterilizar o uniforme dos servidores". Além disso, outros profissionais também ficaram prejudicados com a falta do produto. Entre os quais, alguns médicos. 

O servidor termina o memorando avisando que, "diante do exposto, a unidade deixará de fornecer temporariamente os produtos estéreis utilizados em procedimentos cirúrgicos na unidade hospitalar. 

Um servidor do Hran, que não quis se identificar, afirmou que o óleo BPF está em falta em toda a rede de saúde. Ele disse que esteve na Secretaria de Saúde no início da manhã e presenciou a preocupação dos responsáveis pelo serviço de compra do produto. "Eles afirmaram que a empresa suspendeu o fornecimento devido à falta de pagamento", disse. 

 A Secretaria de Saúde explicou que as cirurgias eletivas (marcadas), que deveriam ocorrer ontem foram canceladas, preventivamente, devido ao desabastecimento de óleo nas caldeiras. Isso reduziu a quantidade de instrumentos esterilizados – que foram deixados, prioritariamente, para os casos de intervenções de emergência. 
Tudo no papel
 
Enfermeiro responsável pelos instrumentos utilizados nas cirurgias explicou em documento interno do Hospital da Asa Norte (Hran) que falta de óleo combustível na caldeira impediu a esterilização das roupas exigidas para trabalhar no local, o que motivou a decisão, temporária, da unidade hospitalar de realizar apenas procedimentos cirúrgicos de emergência, em detrimento daqueles que haviam sido marcados com antecedência, conforme explicou a Secretaria de Saúde.
 
Pasta afirma que problema foi resolvido
 
A secretaria afirmou que houve o abastecimento no Hran com 10 mil litros de óleo e que as caldeiras já teriam voltado a funcionar. Segundo a pasta, as cirurgias canceladas foram remarcadas. A assessoria, porém, não soube informar quantos procedimentos foram cancelados devido ao problema. 
 
Ontem, a reportagem esteve em dois hospitais do centro do Plano Piloto após uma denúncia. No Hran, pacientes com cirurgia marcada desistiram e foram embora. Lá, um funcionário confirmou que um caminhão com óleo esteve na unidade para abastecer a caldeira.
 
No Hospital de Base,  alguns médicos atendiam os pacientes sem o tradicional jaleco branco. "O médico da ortopedia que engessou meu dedo está com uma camisa pólo verde", descreve a pedagoga Hana Fraga, 29, moradora do Guará, que sofreu um acidente de trânsito.
 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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