quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Quatro temas econômicos que devem dominar a eleição presidencial






Atualizado em  5 de agosto, 2014 - 16:13 (Brasília) 19:13 GMT
    Urna eleitoral (AFP)
    Para governo, "pessimismo" eleitoreiro estaria por trás de análises negativas
    Não é a toa que o slogan que ajudou a alçar Bill Clinton à Casa Branca nos anos 90 se popularizou também fora dos EUA: "É a economia, estúpido!" resume uma dinâmica que há décadas tem definido corridas eleitorais pelo planeta – e as eleições brasileiras de outubro não parecem ser uma exceção.

    "Especialmente em um cenário de desaceleração econômica, como o do Brasil hoje, o eleitor tende a votar com o bolso", diz Carlos Melo, cientista político do Insper.
    "Ele está mais preocupado com sua renda e emprego do que, por exemplo, com casos de corrupção."

    Segundo Renato Perissinotto, cientista político da Universidade Federal do Paraná, a economia terá um lugar central no debate eleitoral brasileiro "porque o desempenho do governo nessa área, sobretudo no último ano, tem sido muito ruim".

    "Trata-se de um cenário que, para muitos, é o pior dos mundos, pois conjuga inflação crescente e baixo crescimento econômico", diz Perissinotto. "A oposição não tem nenhuma proposta alternativa claramente delineada, mas encontra-se na posição confortável de poder atacar os pontos negativos do desempenho do governo nesse campo."

    Faltando dois meses para o primeiro turno, temas econômicos parecem ter dominado o discurso dos presidenciáveis.

    Os principais candidatos da oposição, Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, atribuem o baixo crescimento a políticas equivocadas adotadas pelo governo.
    "O que me preocupa são os 7% de inflação e 1% de crescimento que serão deixados para nós se formos eleitos", disse Aécio, traçando um paralelo entre os indicadores econômicos e a derrota por 7 a 1 para a Alemanha.

    Já o governo atribui as análises negativas a um "pessimismo inadmissível" de fundo eleitoral e chama a atenção para a força do mercado de trabalho e o crescimento da renda dos trabalhadores.

    "O mesmo pessimismo da Copa está se dando agora com a economia, mas é ainda mais grave porque a economia é feita de expectativas", disse a presidente Dilma Rousseff.

    Para identificar quais temas da agenda econômica serão chave na eleição e entender as estratégias do governo e da oposição nessa área, a BBC consultou economistas e cientistas políticos. O resultado é este:
    Se a desaceleração é um dos pontos fracos do governo, os níveis de desemprego são um trunfo.
    "No que diz respeito ao mercado de trabalho, Dilma foi melhor até que Lula", opina Biancarelli, da Unicamp. "Nos últimos anos, o desemprego caiu para patamares historicamente baixos, e a renda dos trabalhadores continuou a crescer."

    Segundo o IBGE (PNAD Contínua), o desemprego chegou a 7,1% no primeiro trimestre. O resultado é maior que os 6,2% do trimestre anterior, mas menor que os 8% do mesmo período de 2013 (comparação que evita sazonalidades).

    Por outro lado, o ritmo de criação de postos de trabalho formais caiu, como aponta o Ministério de Trabalho.

    A oposição provavelmente ressaltará a fragilidade desse cenário, argumentando que, sem crescimento, uma hora ou outra o dinamismo do mercado de trabalho acabará abalado.

    "Já o discurso governista deve ser o de que um eventual governo de oposição deve colocar esses ganhos em risco, impondo ao país um ajuste ortodoxo brusco", diz Castelar.

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