sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Brasil 247 quer que Aécio “bata” só em Marina. FHC defende o oposto. Eis a questão…

a questão…

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Depois da pesquisa do IBOPE da última quarta-feira, 16/09, o Brasil 247 lançou seus tradicionais “conselhos” de amigo da onça ao candidato Aécio Neves:
Por mais que ainda pareça difícil a situação de Aécio, a estratégia política correta pode fazê-lo ressurgir. Será preciso, neste instante histórico, ao menos, ele arquivar momentaneamente as críticas à Dilma e ao PT que, de resto, a própria Marina já vem fazendo, para concentrar-se no resgate do lugar que era dele antes da morte do presidenciável Eduardo Campos.

Até a tragédia de Santos, Aécio nunca perdeu sua posição consolidada de segundo colocado. Ele próprio assegurou em diferentes declarações que o segundo turno eleitoral já estava contratado, com ele próprio e Dilma na nova disputa.

Como tarefa número para completar o que será um verdadeira façanha, Aécio tem deixar de agir, agora, como candidato a presidente e “botar o chapéu”, como gosta de dizer o próprio Fernando Henrique, de presidente do PSDB. Um chefe partidário que precisa dizer com todas as palavras para sua direção, militantes e apoiadores que não é hora de despejar bílis sobre o PT, mas sim sobre Marina.

A candidatura da musa do PSB está repleta de falhas e contradições, que têm sido explorada somente por Dilma e o PT. A ponto de essa estratégia já ter beneficiado a própria Dilma, que se descolou a ex-ministra e com ela empata em todos as projeções de segundo turno – no qual chegou a sofrer dez pontos de desvantagem no Datafolha.

Tarimbado por uma incessante atividade política desde o início da década de 1980, ao lado de seu avô Tancredo, Aécio tem a simpatia de todos no meio político por seu comportamento entusiasmado, gentil e conciliador.

No principal momento de sua vida política, porém, Aécio precisará ser bem mais duro para chegar ao topo. Paradoxalmente, ele nunca teve pela frente uma adversária com tantas fragilidades eleitorais já comprovadas. O primeiro passo é convencer Fernando Henrique sobre quem é o verdadeiro adversário neste momento – ou tocar a campanha neste começo de reta final ignorando, pelo triunfo, os conselhos do ex-presidente.
Agora vejamos o que FHC disse, o que é bem diferente do que os governistas querem:
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acredita que o candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, deve mirar principalmente a adversária do PT, Dilma Rousseff, ao fazer ataques durante a campanha.

Ele avalia ser “natural” o tucano criticar Marina Silva, do PSB, mas ressalta que são os petistas quem têm que estar no centro dos ataques. “O chumbo grosso deve se concentrar no PT e, portanto, na Dilma”, disse ele à Folha de S. Paulo.

Depois de ter sido citado por aliados de Marina como um dos defensores de que os ataques à candidata cessassem, FHC negou ter feito qualquer comentário a respeito da postura do candidato do PSDB. Segundo esse aliados, o ex-presidente endossaria a tese de que, atacando Marina, Aécio ajuda Dilma.

“Não fiz qualquer comentário sobre as críticas do Aécio com quem quer que fosse. Acho natural que ele, que está no fogo, dê uma ou outra cutucada na Marina”, declarou FHC. Para ele, as denúncias de corrupção na Petrobras devem ser a principal exploração do discurso do PSDB.
É evidente que vocês já sabem qual caminho ele deve seguir, não?

Pergunta: minha análise tem viés? Sim, tem. Assim como toda e qualquer análise estratégica, pois todas as estratégias tomam em mente um objetivo. Reconheço que existem pessoas que pensem na opção “Aécio, tudo ou nada” e que podem sugerir algo diferente do que eu sugiro aqui. Eu já adoto a perspectiva: “Tirar o PT, preferencialmente com Aécio”. Isso significa que Aécio tem que conquistar o máximo possível, mas não ao ponto de inviabilizar uma parceria com o PSB caso as coisas deem erradas.
Por esta perspectiva específica, Aécio deve fazer o que eu tenho sugerido há tempos, e parece que tem dado algum resultado:
  1. “Bater” em Dilma
  2. Bater em Marina basicamente na hipótese de ataque transversal, pois fazendo isso ele segue realizando (1) de maneira diferente e ainda consegue se vender como diferenciado da situação
Em linhas gerais é o princípio focado em fazer o oponente gastar tempo e esforço. Mas e se existe um outro alvo além do alvo principal? Daí é usar o método do ataque transversal.
A meu ver, Aécio precisa ampliar a imagem de opositor do PT. Pelo IBOPE, Dilma tem 36% dos votos, enquanto Marina 30% e Aécio 19%. Uma meta interessante pode ser mirar em 6 pontos de Dilma e 3 pontos de Marina. Alguns podem dizer: “ah, mas é bom bater nas duas”. Sim, tudo bem, mas o foco é no ataque à Dona Dilma.
Em relação ao ataque à Marina, lembro que a última já sofreu diversos ataques do PT e mostrou-se resiliente. Ademais, o que Aécio pode fazer (em termos de ataque) à Marina que o PT já não esteja fazendo? Ou seja, chega a ser desperdício de esforço atacar Marina, a não ser na hipótese de ataque transversal e uma ou outra crítica ali. É aí que ele pode enquanto “bate” em Marina, fazer o impacto ser sentido por Dilma ao mesmo tempo.
Exemplos de ataques transversais, extremamente úteis e bem-vindos:
  • Marina saiu do PT, mas o PT não saiu de Marina
  • Marina apoiou o Decreto 8243, aberração lançada por Dilma – lembrando que esse decreto viabiliza uma tomada de poder ditatorial, o que sempre leva o povo a sofrer
  • Marina até agora não disse se o PSB vai rejeitar o Foro de São Paulo, entidade criminosa de tomada de poder
  • Marina já votou alinhada com o PT várias vezes
Como em todo ataque transversal que se preze, ele não atinge apenas Marina, mas também Dilma.
Outra tática interessante pode ser deixar Marina no isolamento. Ao se engalfinhar na briga definitivamente com Dilma, Aécio atrairia os holofotes sobre ele. Mas tecnicamente isso vem acontecendo, pois Marina quase não responde os ataques de Aécio, pois, como já disse, não há nada que ele possa fazer contra Marina que o PT já não tenha feito.
Basicamente, essa eleição tem um tom: PT versus anti-PT. Quem obterá maior sucesso em posicionar-se como “anti-PT” tende a aumentar seus resultados. Foi exatamente isso que o tucano fez nos últimos 8-10 dias, resultando em uma melhor pontuação. Note que a meu ver ele optou pela tática correta, como este blog vem sugerindo há muito tempo, mas não com a contundência necessária. Caso contrário, poderia estar ainda melhor pontuado.

Isso é tudo o que o PT não quer. O PT quer que Aécio retorne a um comportamento de 20-25 dias atrás, onde não apenas ele e seus correligionários como também alguns atores na direita e centro começaram a centrar fogo em Marina, chegando, em alguns casos, até a fornecer ideias de ataque para o PT, que as reconstruiu e nem sequer agradeceu. O resultado foi que, livre de ataques e com 11 minutos disponíveis na TV, Dilma deu uma “esticada”.

Enfim, Aécio não deve dar ouvidos ao Brasil247. FHC neste caso está no caminho certo, com a diferença de que não há problema algum em atacar Marina, desde que a maioria desses sejam ataques transversais.

Agora é hora de foco: fazer Dilma perder poder de combate e, consequentemente, pontos.

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