sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O PT e a farsa do ódio aos bancos

dilma-rousseff
Como legítimo partido socialista, o PT vive emulando a velha retórica de guerra de classes, pela qual eles se fingem de defensores do povo “contra uma elite malvada”. A qual teria os banqueiros como alguns de seus principais representantes. A coisa chega ao nível de dizer “ou você está com os bancos, ou está comigo”. Mas de acordo com o ceticismo político, será que há algo de verdade nessas alegações?

Por exemplo, eles tem praticado um patrulhamento ideológico canalha contra Neca Setúbal apenas por ela apoiar a candidatura de Marina Silva. Tudo isso mesmo que Neca sempre tenha vivido afastada dos negócios da família. O problema é que o PT é o partido que mais se aproveita dos financiamentos empresariais de campanha… por parte do Itaú.

Outro detalhe: como pode existir um mundo de mocinhos (do PT) e vilões (os bancos) quando as notícias mostram que os bancos lucraram 8 vezes mais no governo Lula do que no governo FHC? E olhe que para seu militantes funcionais, o PT declara que os bancos estão contra eles apenas por buscarem “lucro”. Quem notou que as declarações de Dilma parecem querer alcançar um novo patamar de hipocrisia conseguiu perceber o quanto é lamentável a postura governista.

Alias, se Neca Setúbal virou a verdadeira Malévola após ter decidido apoiar Aécio, ela era a Branca de Neve quando ajudou na campanha do petista Fernando Haddad pela prefeitura de São Paulo?

Lembremos também as expressões do ex-deputado petista Paulo Delgado: “A Dilma se esquece de que a Carta ao Povo Brasileiro foi escrita a pedido do (Olavo) Setubal, do Itaú”. Delgado se referia a um documento divulgado em 2002 para a campanha de Lula no intuito de acalmar o mercado.

Mas em termos de vergonha alheia, Dilma se supera quando lembramos que ela defendeu a autonomia do Banco Central em 2010 e agora demoniza Marina por compartilhar do mesmo discurso.

É hora de resumirmos o quão baixo eles estão:
  1. Apoiam autonomia do BC em 2010; demonizam Marina por propor autonomia do BC em 2014
  2. Usam auxílio de Neca para Haddad em 2012; demonizam Neca por ajudar Marina em 2014
  3. Dizem que defender lucros de bancos é coisa de pessoas ruins; e os bancos obtém a maior taxa de lucro no governo do PT
  4. O Itaú financia principalmente candidatos do PT; o partido diz que Marina é candidata do Itaú
Diante dessas constatações, não surpreende que o povo brasileiro considere Dilma como a candidata mais associada aos bancos, dentre os presidenciáveis:
Empenhada em associar Marina Silva (PSB) aos bancos, a presidente Dilma Rousseff é vista pela maior parte do eleitorado (42%) como a principal representante dos interesses do setor financeiro na corrida eleitoral. Além de medir as intenções de voto e a avaliação de governo, o Ibope apresentou aos entrevistados uma lista de segmentos econômicos e sociais e perguntou qual dos candidatos representa melhor cada um deles.

No caso do setor financeiro, Marina ficou em terceiro lugar, com 20%, atrás de Aécio Neves (PSDB), com 25% – uma mostra de que a ofensiva de Dilma e de seu marqueteiro, João Santana, teve efeitos limitados, ao menos até o momento.


A campanha de Dilma exibiu na TV um vídeo de 30 segundos no qual afirma que a proposta de Marina de dar autonomia ao Banco Central vai entregar aos banqueiros “um poder que é do presidente e do Congresso, eleitos pelo povo”. Marina contra-atacou e acusou a presidente de ter criado o “bolsa banqueiro”.

Na segmentação do eleitorado por classes sociais, Dilma é vista como a principal representante dos interesses dos pobres por 44% dos brasileiros. A seguir vem Marina (29%) e Aécio (11%).

Em relação aos ricos, há uma divisão maior: 36% acham que é a petista quem mais os defende, e 34% apontam o candidato do PSDB nessa posição. A candidata do PSB, cuja atuação no Ministério do Meio Ambiente a colocou em situação de confronto com o agronegócio, é vista por 31% como a melhor defensora dos interesses da agricultura. Os índices de Dilma e Aécio são 36% e 17%, respectivamente.

Dilma é considerada pela maior parcela do eleitorado como a principal defensora dos trabalhadores (45%), dos aposentados (43%), dos jovens (38%), dos funcionários públicos (40%), da indústria (42%) e do comércio (42%). Marina se destaca no quesito meio ambiente (50%). O Ibope perguntou aos entrevistados se eles tomaram conhecimento das novas denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras: 65% responderam que sim, e 32%, que não.
Será que Marina e Aécio conseguirão perceber que a relação de Dilma com os bancos (especialmente em todas as suas contradições) é uma mina de ouro?

Mas ficamos assim: se quem faz aliança com bancos “não presta” (nas palavras da própria Dilma), então a petista comunica ao povo que ela mesmo não deve ser eleita. Mas o problema não está nos bancos, mas em seu governo.


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