Flávia, ao lado de Arruda: Escolha pela mulher do ex-governador pode ser a mais acertada,de acordo com aliados.
Em breve, o presidente do TSE, Dias Toffoli, despachará pedido do
Ministério Público de suspensão da campanha de Arruda. Com as sucessivas
derrotas na Justiça Eleitoral, aliados do ex-governador já pensam em
nomes para substitui-lo na chapa...
A campanha do ex-governador José Roberto Arruda (PR) para tentar voltar
ao Palácio do Buriti entra em momentos decisivos a partir dos próximos
dias. Restam duas semanas para que a coligação possa tomar a decisão de
substituir o cabeça da chapa ou mantê-lo no páreo, sob o risco de ficar
sem candidato nas próximas eleições. A data de 15 de setembro é
considerada o marco temporal para mudanças porque, a partir daí,
encerra-se a possibilidade de alterações. Ainda que Arruda adote um
discurso otimista, o grupo mais próximo de aliados começa a analisar
qual é o candidato mais viável num plano B (ver quadro).
Sexta-feira, 29 de agosto, Setor Sul do Gama. A tarde chega ao fim e
cerca de 300 pessoas — a maioria vestindo camisetas ou balançando
bandeiras verdes — se acotovelam para ouvir Arruda falar. Ele repete um
discurso que vem fazendo desde o início da campanha e, principalmente,
nos últimos dias, desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
indeferiu o registro de sua candidatura. “Não sou covarde, não sou
frouxo. Se fosse, não tinha chegado até aqui. Não está sendo fácil,
reconheço, mas vou até o fim. Eu não desistirei”, discursa. As pessoas
aplaudem e gritam, incentivando o ex-governador.
Entre os aliados de Arruda, a avaliação é de que ele está determinado a
continuar. Isso, aliás, é motivo de preocupação. Afinal, se ele
ultrapassar a data decisiva de 15 de setembro na cabeça de chapa, pode
colocar a perder boa parte do trabalho da coligação, caso não consiga
reverter na Justiça a sua condição de ficha suja.
Se a chapa é cassada até o primeiro turno, por exemplo, apenas os
outros adversários inscritos concorrem. Se a decisão da Justiça barrar a
candidatura entre o primeiro e o segundo turnos, os dois candidatos
mais bem classificados além dele vão para a disputa. Se Arruda vencer e
continuar ficha suja após as eleições, os votos são anulados e nova
eleição é convocada.
Desde que as articulações para reunir o grupo começaram a ser feitas,
muito antes do período eleitoral, Arruda tem procurado ouvir a família
Roriz (que agrega PMN e parte do PRTB), o ex-senador Luiz Estevão
(presidente regional do PRTB), o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM)
e o senador Gim Argello (presidente regional do PTB). Outro
interlocutor próximo é o candidato a vice Jofran Frejat (PR). A última
decisão de Arruda foi tomada após consultar familiares e advogados.
Opções
Luiz Estevão, Frejat, Gim e a família Roriz entenderam que a
permanência de Arruda favoreceria toda a coligação, incluindo o
candidato ao Senado e os concorrentes à Câmara Legislativa e à Câmara
dos Deputados. Fraga também se posicionou no mesmo sentido, mas foi um
dos únicos a falar em uma nova opção em caso de queda do ex-governador.
“Vamos juntos até quando os recursos se esgotarem. A Justiça está sendo
célere na análise do caso do Arruda e esperamos ter uma resposta até 15
de setembro”, disse ele, na semana passada, ao Correio.
Arruda tem usado o caso de Joaquim Roriz para ilustrar o seu próprio.
Em 2010, sob risco de ser considerado inelegível, ele abriu mão da
disputa em nome da mulher, Weslian Roriz (então no PSC), no meio da
campanha — ela acabou derrotada. A encruzilhada do grupo de Arruda é
saber qual o potencial de transferência de votos que ele teria. “A
grande questão é saber se o eleitor vai votar na Flávia Arruda (mulher
do ex-governador) ou no Jofran (Frejat, candidato ao vice) com a mesma
certeza de que votaria no Arruda. Ela pode ser a melhor alternativa,
pois é conhecida e não tem telhado de vidro, além de ter traquejo e
acompanhá-lo sempre. Temos que começar a pensar nisso tudo”, afirma um
aliado do grupo.
A busca por uma solução também entra na esfera jurídica. Em 9 de julho,
o ex-governador foi condenado pela 2ª Turma Cível do Tribunal de
Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) por improbidade administrativa
pelo envolvimento nas ações investigadas pela Operação Caixa de Pandora
em 2009 — o que o deixaria inelegível à luz da Lei da Ficha Limpa. Os
advogados tentam reverter a decisão dos desembargadores no Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e, assim, “limpar” o nome de Arruda.
Sem campanha
O TSE deve julgar esta semana um pedido feito pela Procuradoria-Geral
Eleitoral para que Arruda seja impedido imediatamente de fazer campanha
para o Palácio do Buriti. O procurador-geral, Rodrigo Janot, fez o
requerimento por considerar que, como o ex-governador é ficha suja, não
pode ser eleito, tampouco tomar posse. Dessa forma, a permanência dele
na campanha engana e confunde o eleitor. Um dos ministros do TSE e STF,
Luiz Fux, já defendeu a saída do candidato da campanha. Fux acredita que
Arruda já está inelegível e que a permanência dele na disputa pode
deixar a decisão com cara de “faz de conta”.
QUEM SUBSTITUI ARRUDA?
» Jofran Frejat (PR): o
médico subiria para a
cabeça de chapa. Nesse
caso, outro nome ocuparia
a vaga de vice.
» Flávia Peres Arruda (PR): mesmo sem ter disputado eleição, a mulher
de Arruda é conhecida. Ela ocuparia o lugar do marido.
» Alberto Fraga (DEM): é outro que tem sido citado. Mas
ele pensa que tem grande chance de chegar à
Câmara dos Deputados
e correria o risco de
trocar o mais certo pelo duvidoso.
» Gim Argello (PTB): aliado
de Agnelo até as vésperas
da campanha, o senador poderia entrar na disputa
ao governo e se arriscar,
pois seu desempenho
nas pesquisas para o
Senado tem sido ruim.
Fonte: Por ALMIRO MARCOS, Correio Braziliense - 31/08/2014 - - 11:38:49
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