Depois da pesquisa do Datafolha, igualando Dilma e Marina (com 34% cada) e deixando Aécio na rabeira (com 15%), em um primeiro turno, os estrategistas do PT resolveram conversar entre eles e mudar a estratégia. Como sabem que o potencial de rejeição de Dilma é muito maior que de Marina, eles vão bater em Marina e forçar o PSDB a deixar de atacá-los, para somente atacar Marina. Alias, agora o lema do PT é “vamos juntos, Aécio”.
O PSDB sempre age como uma raposa. Mas não é a raposa esperta. É a raposa da fábula do folclore americano na qual o coelho é capturado e diz: “Não, raposa, por favor, não me jogue naquele arbusto cheio de espinhos!”. A raposa joga o coelho lá, de onde ele foge, são e salvo.
Disto poderia resultar a pergunta: se Marina está empatada com Dilma e o potencial de rejeição da ultima é maior, o “mercado” a ser explorado não deveria ser os votos dos que rejeitam Dilma? Sim, claro, mas não espere coerência lógica de um partido que sempre primou por fazer tudo que o PT deseja, mesmo que não intencionalmente. É por isso que eles são o adversário preferido do PT. No momento em que os bolivarianos estão mais vulneráveis, conseguiram a proeza de fazer o PSDB poupá-los de ataques. Depois o PSDB não entende por que não ganha uma eleição presidencial há tanto tempo.
Como boa parte da direita resolveu apoiar Aécio (assim como eu), pode ser que parte deste grupo esteja aumentando a influência negativa sobre o candidato do PSDB, o que pode levar o partido ao pior resultado nas eleições presidenciais desde a chegada do PT ao poder. Sim, é isso mesmo, pois uma parte da direita tem sido um verdadeiro prodígio em escolher estratégias erradas e definir a priorização de suas ações. Os resultados não tem sido positivos, nota-se.
Mas essa não é a cereja do bolo. É esta: uma parte da direita resolveu ignorar o fato das pesquisas apontarem que em um segundo turno Aécio estaria 8 pontos atrás de Dilma, enquanto Marina ganharia da atual presidente por 10 pontos. Aí a “estratégia” foi muito fácil: dizer que as pesquisas estão manipuladas. O problema nem é dizer que “as pesquisas não correspondem à opinião do eleitorado”, pois essa é uma estratégia política feita por muitos candidatos (incluindo o PT) enquanto falam ao povo. O problema que trato aqui é ver formadores de opinião influenciando os partidos para que torcem vendendo esse tipo de crença à eles.
Quer dizer, enquanto o PT trabalha com as pesquisas em mãos, o PSDB vai ignorá-las. Em termos de conforto psicológico, ignorar é a melhor opção. Alguns de seus eleitores parece que caíram na zona de conforto e passaram a dizer que Aécio poderia até ambicionar um segundo turno com Marina. Eu só não consigo entender como Aécio poderia ir para um segundo turno com Marina fazendo uma campanha para poupar a Dilma. Será que eles chegaram à essa conclusão usando uma tábua de Ouija?
Mas já que parece que esse discurso vai ser incluido na pauta dos PSDBistas (fiéis ou temporários), eu sugiro entregarem o pacote completo: dizerem que, se as pesquisas forem confirmadas (como geralmente são, dentro da margem de erro), as urnas estão fraudadas. Ora, se as urnas estarão fraudadas e as pesquisas estão erradas, isso significa que a campanha de Aécio deve estar uma beleza, não? Se o problema está nas pesquisas manipulada e nas urnas fraudadas, devemos crer que ele está fazendo uma campanha correta.
No mundo corporativo esse é um jogo político extremamente danoso que os subalternos fazem para a chefia algumas vezes. Chama-se “sem más notícias”. Com isso, os reais problemas são escondidos do chefe e a imagem de quem se reporta a ele fica melhorada por algum tempo. São feitas manipulações de gráficos e informações são omitidas, algumas até inventadas. Para negar a crise atual, Dilma tem feito isso. Só não sei se isso partiu de Mantega, o que configuraria o jogo “sem más notícias”. Porém, na hora de tratar a conquista do poder, os petistas levam a coisa a sério e parecem abandonar este jogo. Fazem bem.
Então, para que serve a propagação do negacionismo das pesquisas? Simples: para dizer ao candidato Aécio que a campanha está indo nos trilhos e que o problema se encontra nas pesquisas mal intencionadas. O lema é dizer que se as pesquisas não fossem manipuladas, o povo teria a confirmação de que a campanha está no caminho certo. Será que o PSDB precisa realmente acreditar neste tipo de desculpa furada neste momento?
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