São Paulo VEJA
Pena afirmou que as previsões, porém, indicam que a chuva volta a cair a partir do dia 20. E que o órgão conta com segunda cota do volume morto
Vista do reservatório Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira, na região de Vargem - Mariana Pekin/VEJA
A previsão de Dilma está em linha com a do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que apontou o clima quente e seco na capital até o final desta semana. Depois, a chegada de uma frente fria deve provocar chuvas na região. A Sabesp está à espera de autorização judicial para usar a segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira, que opera a 4,5% da sua capacidade. Desde o início do ano, o nível do reservatório, que abastece 6,5 milhões de pessoas da Grande São Paulo, vem caindo exponencialmente. Ela disse ainda que a companhia está fazendo uma obra capaz de aumentar o nível do Sistema Cantareira em até 12%, com a captação da segunda cota do volume morto. “Temos uma obra já licenciada, em fase de finalização, para disponibilizar 106 milhões de metros cúbicos para o Cantareira", afirmou.
Indagada sobre frequentes queixas de falta d'água em diversas regiões de São Paulo, ela voltou a negar que haja racionamento e disse que a situação está "sob controle". No primeiro depoimento, ela negou o racionamento, mas admitiu que a empresa estava reduzindo o bombeamento de água durante a noite. A ação teria afetado principalmente as partes mais altas da cidade.
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Questionada se dividia a responsabilidade do desabastecimento com o governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB), Dilma Pena respondeu que tanto o governador como os funcionários da companhia estão empenhados em resolver a questão. "Este problema eu divido com a diretoria colegiada da Sabesp, com os nossos superintendentes, que estão trabalhando de 12 a 18 horas ininterruptas por dia, com o governo de administração, com o governo do Estado de São Paulo e com a sociedade paulista”, disse.
Dilma Pena disse ainda que o objetivo central da companhia não é gerar lucro, mas que não falte água. "Temos uma companhia eficiente, que não visa lucro, mas usa de seu status de empresa para obter financiamentos mais baratos", disse a executiva, procurando defender a Sabesp das acusações de que a administração financeira como vem sendo conduzida se chocaria com a sustentabilidade do recurso hídrico e com a ideia de que o abastecimento de água é um serviço público fundamental. Depois, questionada sobre sua declaração de que a Sabesp "não visa lucro", Dilma esclareceu que se referiu ao fato de que a missão da companhia inclui item que diz que não pode faltar água."Essa é a primeira premissa da Sabesp,e fazemos tudo pra que não falte", disse.
Na última sexta-feira, a Sabesp enviou plano de operação aos órgãos reguladores no qual afirma que reduzirá a vazão do Cantareira para 18.500 litros por segundo a partir de novembro e que isso possibilita o aumento de ocorrências de falta d'água. Na prática, contudo, a Sabesp já tem retirado 18.300 litros por segundo do manancial neste mês.
Justiça - Há duas semanas, o Ministério Público Federal e o Ministério Público de São Paulo entraram com uma ação civil pública na Justiça pedindo a "revisão imediata" da retirada de água do Sistema Cantareira pela Sabesp e a proibição da captação integral da segunda cota do volume morto do manancial, além da exclusão da estatal da função de assessoramento do comitê contra a crise. Além da Sabesp, a ação citava como réus a ANA e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), órgãos reguladores.
Na sexta-feira, o juiz federal Miguel Florestano Neto, da 3ª Vara Federal em Piracicaba, acolheu parcialmente a ação e determinou que a ANA e o DAEE revissem as vazões de retirada do Sistema Cantareira pela Sabesp e proibiu a captação da segunda cota do volume morto do manancial. Segundo a decisão judicial, ANA e DAEE, que são os órgãos reguladores do manancial, deverão definir limites para as novas vazões de retiradas realizadas pela Sabesp com o objetivo de que o Cantareira chegue ao final de abril de 2015, quando começa o próximo período de estiagem, com, no mínimo, 10% do volume útil original.
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