quarta-feira, 26 de novembro de 2014

DF: Distritais, por enquanto, suspendem blindagem

1:32:04


Nesta gestão, garantem os parlamentares, o tema não volta à pauta


Colégio de Líderes barra projetos que tornavam quase impossível a cassação de deputados. Resoluções são engavetadas e presidente da Casa assume erro pela superficialidade das discussões. ...
 


Os distritais desistiram dos projetos que dificultam a abertura de processos de cassação. Foi preciso muita cobrança e pressão nas ruas e nas redes sociais, mas, enfim, a Câmara Legislativa do Distrito Federal anunciou, ontem, que engavetou dois projetos de resolução polêmicos. Um deles, aprovado em primeiro turno por 13 parlamentares, estabelece que um deputado só pode ser cassado após decisão final da Justiça. Outro, que não chegou a ir a plenário, impede a participação popular — do cidadão comum e de entidades da sociedade civil — no pedido de investigação contra um parlamentar.

Agora, a responsabilidade para retirada das propostas da gaveta fica para os deputados da próxima legislatura, que e iniciam oficialmente os trabalhos em fevereiro. Os projetos têm até 60 dias para voltarem à pauta ou serão arquivados (leia mais sobre o assunto na página 20). O presidente da Casa, Wasny de Roure (PT),anunciou a notícia, após se reunir com seis dos 11 líderes de blocos e partidos. Ele admitiu que errou. “Foi um equívoco. Assumo a responsabilidade, não apenas por ter incluído na pauta, mas também por ter assinado e votado”, afirmou.

De acordo com o Regimento Interno, o presidente tem a prerrogativa de incluir ou retirar um assunto da pauta. Ontem, Wasny assumiu o compromisso público de não debater mais o tema. Ele levou o assunto para ser discutido ao Colégio de Líderes, “por entender que há na sociedade um apelo contrário ao projeto que trata do trânsito em julgado”. Na reunião a portas fechadas, a maioria decidiu pelo engavetamento. Estavam presentes, além de Wasny, Arlete Sampaio (PT), líder do governo; Chico Vigilante (PT), do bloco PT-PRB; Paulo Roriz (PP), do bloco PP-PTB-PR; Agaciel Maia (PTC); Celina Leão (PDT); Professor Israel Batista (PV) e Olair Francisco (PTdoB).

Em plenário, os deputados usaram a tribuna para se manifestar sobre o assunto. A posição foi amplamente favorável à decisão de engavetamento. A única voz destoante foi a de Eliana Pedrosa (PPS). Ela defendeu as duas propostas. “Parece um absurdo tanta polêmica. Não retiro assinatura e não volto atrás. Se as propostas vierem a plenário, votarei a favor”, argumentou. Ela disse que o Projeto de Resolução 82, que trata da participação popular nos pedidos de investigação contra deputados, seria modificado para exigir que os cidadão sejam identificados. Quanto ao PR 81 (ver detalhes em quadro), ela explica que ele não impede que o processo de cassação seja aberto.

A defesa de Eliana, no entanto, não encontrou eco no restante dos colegas. Também não explicou o motivo para as propostas terem tramitado tão rápido. A petista Arlete Sampaio chamou a atenção justamente para a falta de discussão das ideias. Os dois PRs foram protocolados em 12 de novembro e, na mesma data, o PR 81 passou pelas comissões temáticas e foi aprovado em primeiro turno. “Eles não foram colocados no Colégio de Líderes. Foi um equívoco a forma como vieram a plenário. Se fosse fazer alguma mudança, que fosse ampla no Código de Ética e Regimento Interno. Acho importante que se enterre esses projetos”, afirmou.

Também em plenário, onde não houve quórum para votações, Professor Israel Batista (PV) e Dr. Michel (PP) confirmaram que sofreram pressão de eleitores. Os dois assinaram as propostas e estavam presentes na votação de uma delas em primeiro turno. “Eu fui cobrado nas redes sociais. Eu ouvi um ‘não’ redondo de quem votou em mim. Volto atrás e me coloco contra”, admitiu. “Estão falando em criar uma comissão para discutir isso. Não tem que criar nada. Tem é que jogar uma pá de cal nessas duas propostas”, acrescentou Michel.

Mesmo que as propostas tenham sido apresentadas após as eleições e com tramitação recorde, o petista Chico Vigilante chamou a atenção para a questão que trata do trânsito em julgado. Ele salientou que existe um estudo técnico da Casa que mostra que o projeto apenas se adequa a preceitos constitucionais e ao que já ocorre na Câmara dos Deputados e no Senado. Mas a modificação só copia parte dos regimentos das outras casas.

Wasny afirmou que foi um equívoco incluir, assinar e votar a PR 81

Arlete chamou a atenção para a rapidez com que os projetos foram votados

Eliana Pedrosa foi ao plenário e defendeu os superpoderes aos distritais


Colégio de líderes

Presentes:

Wasny de Roure (PT), presidente da Casa
Arlete Sampaio (PT), líder do governo
Chico Vigilante (PT), líder do bloco PT-PRB
Paulo Roriz (PP), líder do bloco PP-PTB-PR
Agaciel Maia (PTC), líder do PTC
Celina Leão (PDT), líder do PDT
Professor Israel Batista (PV), líder do PV
Olair Francisco (PTdoB), líder do PTdoB

Ausentes:
Wellington Luiz (PMDB), líder do PMDB
Eliana Pedrosa (PPS), líder do PPS
Alírio Neto (PEN), líder do PEN
Decisão do grupo

Engavetar as duas propostas e não voltar a debatê-las nesta legislatura. O presidente da Casa tem a prerrogativa de colocar ou retirar um assunto da pauta de votações. Wasny de Roure se comprometou publicamente não colocar mais os assuntos em discussão.


As propostas polêmicas

Projeto de Resolução nº 81, de 2014
O que é: altera o Código de Ética da Câmara Legislativa. Estabelece
que os deputados só podem sofrer processo de cassação por ato
de improbidade administrativa depois da sentença transitada
em julgado (quando não houver mais possibilidade de recursos judiciais).

Situação: aprovado em 1º turno em 12 de novembro. Engavetado.
Quem assinou: Agaciel Maia (PTC), Alírio Neto (PEN), Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Celina Leão (PDT), Chico Vigilante (PT), Cláudio Abrantes (PT), Cristiano Araújo (PTB), Dr. Michel (PP), Liliane Roriz (PRTB), Olair Francisco (PTdoB), Professor Israel Batista (PV), Robério Negreiros (PMDB), Wasny de Roure (PT) e Wellington Luiz (PMDB).

Votaram a favor: Alírio Neto (PEN), Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Celina Leão (PDT), Chico Vigilante (PT), Cristiano Araújo (PTB), Dr. Michel (PP), Eliana Pedrosa (PPS), Liliane Roriz (PRTB), Professor Israel Batista (PV), Robério Negreiros (PMDB), Rôney Nemer (PMDB), Wasny de Roure (PT) e Wellington Luiz (PMDB).

Projeto de Resolução nº 82, de 2014
O que é: Altera o Regimento Interno da Câmara Legislativa. Retira cidadãos comuns e entidades representativas
da sociedade civil da relação daqueles que podem oferecer representações, denúncias ou notícias de infrações
contra deputados distritais.

Situação: Engavetado.
Quem assinou: Agaciel Maia (PTC), Alírio Neto (PEN), Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Celina Leão (PDT), Chico Vigilante (PT), ristiano Araújo (PTB), Dr Michel (PP), Eliana Pedrosa (PPS), Liliane Roriz (PP), Professor Israel Batista (PV), Robério Negreiros (PMDB) e Wellington Luiz (PMDB).

Fonte: Correio Braziliense - Por ALMIRO MARCOS E ARTHUR PAGANINI. Ed Alves/CB/D.A

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