quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Equipe de Dilma tem ministros que não despacham com ela há mais de um ano

Blog do Josias de Souza


Josias de Souza


Dilma Rousseff acha que preside 39 ministérios. Durante a campanha, tachou de míopes os adversários que prometiam lipoaspirar a Esplanada. No entanto, há um mês e quatro dias do encerramento do ano, pelo menos dez ministros atravessaram 2014 sem um despacho individual com a chefe. Para cinco deles, o jejum de audiências já se prolonga por mais de um ano.


Alertado para o fenômeno por um dos ministros sem-audiência, o blog resolveu fazer uma pesquisa na agenda eletrônica de Dilma, disponível no site do Planalto. Varejaram-se os compromissos agendados pela presidente no período de 1º de outubro de 2013 até esta quarta-feira, 26 de novembro de 2014. Vão abaixo algumas das constatações:


1. Nesse período de quase treze meses, ministros de setores estratégicos como Garibaldi Alves (Previdência), Maurício Dias (Trabalho) e Jorge Hage (Controladoria-Geral da União) não tiveram seus nomes gravados na agenda de Dilma nenhuma vez. Se foram recebidos, foi em compromisso extra-agenda. Ou em conversas coletivas. Deu-se o mesmo com a titular da periférica pasta de Políticas de Igualdade Racial, a ministra Luiza Helena Barros, e com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito Carvalho Siqueira.


2. Nomeados nos primeiros meses do ano, cinco substitutos de ministros que trocaram de pasta ou deixaram Brasília para tentar a sorte nas urnas ainda não viveram a experiência de enxergar seus nomes gravados na agenda da presidente depois da cerimônia de posse. De novo: tomando-se como precisos os registros eletrônicos do Planalto, se estiveram com Dilma foi extra-agenda ou em evento coletivo. São eles: Mauro Borges Lemos (Desenvolvimento), Clelio Campolina Diniz (Ciência e Tecnologia), Vinicius Nobre Lages (Turismo), Laudemir André (Desenvolvimento Agrário), e Eduardo Benedito Lopes (Pesca).


3. Outros ministros aparecem na agenda de Dilma, ao longo do período pesquisado, uma quantidade mixuruca de vezes. Por exemplo: Marcelo Neri (Assuntos Estratégicos), Gilberto Magalhães Occhi (Cidades), Francisco José Coelho Teixeira (Integração Nacional) e Neri Geller (Agricultura), uma vez cada. Izabela Teixeira (Meio Ambiente), Paulo Bernardo (Comunicações) e Eleonora Menicucci (Políticas para Mulheres) colecionam duas menções na agenda de Dilma. Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), três. Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores) e Guilherme Afif Domingos (Micro e Pequena Empresa), quatro cada. César Borges (ex-Transportes, hoje Portos) e Moreira Franco (Aviação Civil), foram à agenda cinco vezes cada.


4. No topo do ranking das audiências formais com Dilma aparecem, desde outubro de 2013: Guido Mantega (Fazenda), 26 vezes; Aloizio Mercadante (ex-Educação, hoje Casa Civil), 19 vezes; Thomas Traumann (Comunicação Social), 17 vezes; Miriam Belchior (Planejamento), 15; José Eduardo Cardoso (Justiça), 14; Aldo Rebelo (Esportes) e Edison Lobão (Minas e Energia), sete vezes cada.
De volta às articulações para a composição de mais um ministério, Dilma vive o dilema entre a racionalidade e a necessidade de saciar o apetite de seus apoiadores. Seria sensato que cada ministro tivesse algo como uma hora semanal de despacho com a chefe. Mas, com 39 auxiliares, sobrariam para Dilma 60 minutos numa jornada de 40 horas por semana.



Resta à presidente conviver com a ilusão de que governa seu ministério, ainda que à distância.

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