26/11/2014
às 5:09
No dia 3 de novembro, escrevi aqui um post intitulado
“O PT e advogados de corruptos se organizam agora para tentar destruir o
juiz Sérgio Moro”, com base em reportagem publicada na revista VEJA.
Dois
advogados de empreiteiras o acusam de manobrar à margem da lei para
impedir que o caso migre todo para o Supremo. Ele também estaria usando a
decretação de prisões para forçar delações premiadas e cerceando o
direito de defesa ao não permitir o acesso de acusados ao conteúdo das
delações. A acusações foram feitas pelos advogados Alberto Toron, em
entrevista concedida à Folha, e Fabio Tofic Simantob, em reclamação ao
Supremo. Eles defendem, respectivamente, as empreiteiras UTC e Engevix.
Advogados têm o dever de defender os seus clientes. Mas nem por isso a
gente precisa ser sensível à livre interpretação que possam fazer da
lei. Moro classificou as acusações de “fantasiosas” — e me parece que
ele está certo.
Vamos
ver. O juiz tem impedido que os investigados citem nomes de políticos
em seus depoimentos por uma razão simples: eles têm foro especial por
prerrogativa de função, e caberá ao STF ou ao STJ, a depender do cargo, a
condução do processo. Assim quer a Constituição, não o juiz. Ele tem
ciência — e parece que não pode ser censurado por conhecer os códigos de
seu país — de que poderia provocar a nulidade do processo por um mero
erro formal. O juiz negou que esteja investigando políticos: “O objeto
desse processo não envolve o crime de corrupção de agentes políticos,
mas sim crimes licitatórios, de lavagem e, quanto à corrupção, apenas de
agentes da Petrobras.”
Do
que os advogados o acusam? De reconhecer a existência do chamado foro
privilegiado? É a lei. De resto, acho que não fica bem toda essa ânsia
dos doutores para que o caso migre para o Supremo. Acaba passando a
impressão de que, na Corte maior do país, eventuais corruptos teriam
melhor sorte. Acho bom o STF refletir sobre tal ilação.
Quanto
ao acesso à delação premiada, dizer o quê? Seu caráter é
necessariamente sigiloso. E só há consequências se as revelações feitas
estiverem ancoradas em provas. Toron fala como se não soubesse do que
seu cliente está sendo acusado. E ele sabe. Ter acesso às delações
implica imiscuir-se no trabalho de investigação do Ministério Público e
da Polícia Federal. Não consta que essa seja uma prerrogativa de um
advogado de defesa. Fosse assim, nenhuma investigação avançaria, não é? É
como se Toron quisesse que seu cliente soubesse antes tudo o que os
investigadores já sabem para, então, responder a uma pergunta.
Não
vamos confundir alhos com bugalhos. Todos os advogados sabem do que são
acusados seus respectivos clientes. O que não sabem — nem devem saber — e
de quais provas já dispõem as autoridades que investigam e que dizem
respeito, atenção!, a toda a teia criminosa. E os crimes, como a gente
sabe, aconteceram, ou um grupo de delatores não se disporia a entregar
alguns milhões de dólares que foram roubados da Petrobras.
O ministro Teori Zavascki, relator do caso no Supremo, encaminhou alguns questionamentos a Moro. Não está claro se foi mera ação burocrática ou se, de fato, se mostra simpático à tese dos advogados. De resto, não custa lembrar: é o Ministério Público Federal quem detém a guarda do conteúdo da delação premiada, não o juiz Sérgio Moro.
28 Comentários
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Afinal, os novos “sócios” daquela fraternidade parecem dispostos a fazer da atividade legiferante politicamente correta uma espécie de “banho de descarrego” compensatória da ineficiência do Poder Legislativo — o qual, sempre que possível, não têm pudor algum de substituir.
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V Ex, com sua coragem e conhecimento da lei, devolve a esperança de ser feito justiça ao povo brasileiro.
Estamos juntos!
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O velho Rui tinha razão:
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“ Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de estado, interesse supremo, como quer te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde.” Rui Barbosa
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Lewandovski com a palavra!
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Acusação , corrupção e lavagem de dinheiro .
Quando veremos o Lula , nessa situação ???
O Brasil sonha com esse momento
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do que podem tentar os petralhas.
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Como é tratado pela justiça, quando um ex-agente público, como, por exemplo, um ex-presidente, estiver envolvido em um crime? Ele tem direito a foro privilegiado?
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Está tudo muito quieto no ar.
O que será que está acontecendo?
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