domingo, 2 de novembro de 2014

Dia de Finados: Cenário de abandono choca frequentadores


A exceção é o cemitério da Asa Sul, onde os problemas são outros: falta de segurança e cobranças abusivas

ludmila.rocha@jornaldebrasilia.com.br


Entra ano, sai ano e as reclamações do visitantes dos cemitérios do Distrito Federal continuam as mesmas. Falta de manutenção e segurança estão entre as principais queixas.


Muitos frequentadores afirmam que os espaços  passam por uma espécie de “maquiagem” nesta época do ano e cobram que os cuidados permaneçam durante o ano inteiro. Neste Dia de Finados,     600 mil pessoas devem passar pelos   cemitérios do DF.


Na unidade da Asa Sul,   maior das seis administradas pela Campo da Esperança Serviços, a condição da área comum é considerada boa. No entanto, a   funcionária pública Ondina Rocha diz estar insatisfeita com o serviço de manutenção dos jazigos.


Apesar de pagar  uma taxa mensal de R$ 35 à empresa para limpeza e conservação do túmulo de seu falecido marido, ela afirma se sentir coagida a contratar serviços particulares.


“Se não pagamos, os jardineiros particulares arrancam as flores que colocamos no túmulo. Eles dizem que fazem isso porque as plantas atraem insetos, mas as dos túmulos que eles cuidam não têm esse problema?”, questiona.


Segundo a mulher - que aproveitou para visitar o túmulo do marido antes do feriado, para evitar o trânsito e as filas - às vezes até a lápide de mármore é mudada de local. “Chego aqui e percebo que a lápide foi mexida. Fico indignada!”, diz.


O jardineiro Fabiano Pereira, de 37 anos, é um dos profissionais que  prestam esse tipo de serviço.  “Já tenho uma clientela fiel. Cobro  R$ 50 pela limpeza e manutenção dos túmulos, mas tudo depende do tipo de trabalho necessário”, afirma.


A dona de casa Adélia Maria Rocha, 58, reclama da falta de segurança e da presença de usuários de drogas no cemitério. “Um dia vim  visitar o túmulo da minha mãe e havia uns garotos fumando maconha. Não vi um segurança sequer. Com medo, nem desci do carro e fui embora”, alerta.


Planaltina
No Cemitério de Planaltina, a situação é similar. Inaugurado no início da década de 1970, após a desativação do antigo cemitério da cidade, o local tem acesso precário   aos túmulos mais afastados.


A passagem  de concreto que divide as quadras 2 e 3, por exemplo, está completamente destruída, de forma que o visitante precisa se equilibrar  nas partes soltas para atravessá-la. Em outros lugares, nem há passagem de concreto. Para chegar aos túmulos é preciso sujar os sapatos na terra batida.


A confeiteira Juliana Marthias, 29, que foi visitar o túmulo de uma tia, reclama do cenário encontrado. “É horrível andar por aqui. Apesar da nova sinalização das quadras, que facilitou muito a orientação, o acesso aos túmulos ainda é ruim. Ou damos voltas enormes para usar a parte com concreto ou passamos pela terra”, disse.


Sem sinalização
No Cemitério de Sobradinho, localizado na Quadra 105, uma enorme vala foi aberta, ao que parece, para a construção de novos túmulos. O problema é que a área não está  cercada ou sinalizada, o que pode ocasionar acidentes.


Perto dali, a comerciária Juliana Santana, 18 anos, visitava o túmulo do pai com seu irmão, o vendedor Claiton Nascimento, de 22 anos. “Viemos arrumar o túmulo para visitá-lo no domingo com o resto da família. No feriado, vamos trazer velas e rezar”, diz a jovem.


De acordo com Claiton,  durante os últimos  anos, a mãe teria arcado com pagamentos para que fizessem a manutenção particular do túmulo. Mas, agora, a família optou por cuidar pessoalmente da conservação do espaço.


“Nós achamos que não compensava muito. Hoje, nós mesmo podamos a grama, colamos as pedras que se soltam e deixamos flores”, conclui.


Empresa garante reparos e vigilância
A administradora Campo da Esperança informou que possui 50 vigilantes trabalhando regularmente na segurança interna das unidades para evitar roubos, furtos e a presença de pessoas suspeitas.


“Além desse efetivo, haverá   38 homens nos cemitérios durante o feriado. Como se trata de área pública sob concessão, os cemitérios também contarão com reforço das secretarias de Segurança Pública e de Justiça, da Agefis, das polícias Militar e Civil, do Detran e do Corpo de Bombeiros”, afirma a empresa.


A Campo da Esperança também garantiu fazer manutenção dos seis cemitérios diariamente. “Na área- parque (área nova), são feitos os serviços de irrigação, adubação, limpeza das placas de identificação das sepulturas, recolhimento de lixo e corte da grama. Na parte antiga, o serviço de manutenção é feito nas calçadas e gramados entre os túmulos. Duas vezes por ano, os funcionários pintam as instalações. A dedetização também é feita a cada seis meses”, explica.


Segundo a concessionária, qualquer túmulo com jardins e adornos deve ser cuidado pelos donos, uma vez que são bens imóveis. “Os funcionários só podem mexer nessas sepulturas com autorização da família, por meio da contratação do serviço de manutenção, pelo qual é cobrada taxa mensal de R$ 35”.


Em relação aos serviços particulares, a empresa diz que os jardineiros não têm direito à água da Campo da Esperança Serviços. “Esses trabalhadores são contratados diretamente pelos donos dos jazigos. A Associação dos Jardineiros (Osjacem) se comprometeu a cadastrar seus membros e a pagar pela água, para que os autônomos pudessem continuar cuidando dos túmulos.


A Caesb instalou dois hidrômetros em cada cemitério: um para a Campo da Esperança e outro para a Osjacem. A Campo da Esperança paga suas contas, mas a Osjacem já deve milhões de reais à Caesb. A água deles está cortada”, conclui.


O que muda no trânsito
O Departamento de Trânsito (Detran-DF)   fará o controle do tráfego perto dos cemitérios de Taguatinga e Brazlândia. De acordo com o órgão, “as equipes atuarão, principalmente, para facilitar a travessia de pedestres e na fiscalização de estacionamento irregular”. O departamento recomenda   evitar a Avenida Hélio Prates, em Taguatinga, pois, devido ao número de visitantes, o trânsito ficará lento.


“O estacionamento em frente ao Cemitério de Taguatinga servirá de área de embarque e desembarque, sendo que o tráfego ocorrerá em sentido único para facilitar a fluidez. Por essa razão, a via de acesso ao cemitério pelo Setor de Oficinas ficará fechada”, explica.


Em Brazlândia, também não será permitido o tráfego de veículos na via de acesso ao cemitério, com exceção de viaturas e portadores de mobilidade reduzida.


Na região do Gama, o trânsito na via de acesso ao cemitério será permitido apenas para veículos de emergência, policiamento, condutores com mobilidade reduzida e imprensa. Já na DF-475, o controle de tráfego será feito pelo DER. O Detran atuará nesses locais com o efetivo de 56 auditores fiscais de trânsito, 24 viaturas, três guinchos e uma empilhadeira.


FUNCIONAMENTO
Hoje, os portões dos cemitérios serão abertos às 7h. O acesso será permitido até as 19h. O atendimento ao público também será estendido, das 7h30 às 18h.


O acesso de veículos aos cemitérios de Planaltina e de Brazlândia será proibido, uma vez que não há espaço para circulação. Nas demais unidades, ficará restrito aos que tiverem a autorização de vaga especial ou de pessoa com deficiência emitida pelo Detran.


Na Asa Sul, em Taguatinga, no Gama e em Sobradinho o público terá transporte coletivo gratuito dentro do cemitério.


Todos os cemitérios aumentarão o número de terminais e de atendentes. Serão 15 terminais e 26 atendentes extras, além dos 170 funcionários da empresa. Velórios e sepultamentos ocorrerão normalmente.


HORÁRIOS das MISSAS
Asa Sul:  Às 8h, 9h30,  11h,  12h30,  14h,  15h30 e  17h.
Brazlândia:  Às 9 h e 16h.
Gama:  Às 8h,  9h30,  11h,  12h30,   14h,   15h30 e  17h.
Planaltina:  Às 8h,  9h30,  11h,  12h30,  14h e  15h30.
Sobradinho:  Às 8h,  9h30,  11h,  14h30 e 17h.
Taguatinga:  Às 7h,  8h30,  10h,  11h30,  13h,  14h30,  16h e 17h30.
 
 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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