Josias de Souza
Longe dos refletores, Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara, procurou os congêneres da bancada da oposição para pedir apoio à sua pretensão de tornar-se o próximo presidente da Câmara. De acordo com o relato de seus interlocutores, o deputado irá à sorte dos votos no plenário enrolado em três bandeiras:
1. Fora PT: Eduardo Cunha apresenta-se como candidato favorito a impedir que um petista se apodere da cadeira de presidente da Câmara na legislatura que se inicia em fevereiro de 2015.
2. Independência: desafeto de Dilma Rousseff, o líder do partido do vice-presidente Michel Temer sinaliza que comandará a Câmara como um magistrado parcial. Nas bolas divididas entre Planalto e Câmara, decidirá sempre em favor do Legislativo.
3. Respeito às minorias: afirma, de resto: nas ocasiões em que a maioria governista ameaçar com o trator, proverá à minoria oposicionista a proteção dos escudos do regimento interno e da Constituição.
Antes composta por PSDB, DEM e PPS, a infantaria oposicionista ganhou o reforço do PSB e do Solidariedade. Numa primeira rodada de conversas, decidiram costurar uma estratégia conjunta. Analisam a viabilidade de uma candidatura própria. Como Plano B, a maioria prefere Eduardo Cunha a qualquer nome do PT.
Afora o flerte com os antagonistas de Dilma, Eduardo Cunha articula a formação de um bloco de legendas governistas para isolar o PT. Faz isso com o respaldo da unanimidade da bancada do PMDB, que o reconduziu à liderança na última quarta-feira.
Ao farejar a movimentação do pseudoaliado, o Planalto decidiu tratá-lo como adversário. Porém, numa conversa com Temer, Dilma disse que, antes de decidir o que fazer, seria conveniente verificar como se comportarão os partidos.
Auxiliares da presidente consideram adequado também saber quem sobreviverá às delações do petrolão. O problema é que, se demorar muito para levar o seu fubá, o Planalto arrisca-se a encontrar Eduardo Cunha voltando com o bolo -ou com o bololô.
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