Outro dia escrevi aqui que um dos
animais mais interessantes da fauna brasileira é o petista que acha que o
PT está transformando o Brasil em uma Noruega tropical. Não teve como
não me lembrar disso depois que vi o Duvivier no Jô.
O cara diz que vota no PT, em linhas
gerais, porque agora muitos têm acesso a bens de consumo. Ele diz que
vota na esquerda porque quer todo mundo rico e que por isso não vê
contradição alguma entre ser de esquerda e comer no Leblon. Eu,
particularmente, pouco me importo com o quê ou onde o Duvivier come. Até
onde me consta seu dinheiro e de sua família (sua mãe é uma cantora
excepcional, voz divina) vêm de ganhos legais e honestos.
O que é interessante, pois raso, no
raciocínio dele é a justificativa do voto. Vamos lá: é fato que o PT
tornou universal um programa de assistência social cuja abrangência não
era satisfatória. É fato também que o PT incentivou o crédito ao
consumo, que possibilitou a muitos a aquisição de bens de consumo que
eram antes objetos de desejo.
Porém a ideia de ligar bonança ao PT traz consigo muitos problemas, os quais tento enumerar aqui:
1- A riqueza, para existir, precisa
continuar sendo gerada. No primeiro mandato do Lula houve uma tentativa
de criar confiança institucional dos agentes que geram a riqueza no PT.
Foi o que os analistas chamam de era Palocci. Não que Palocci fosse um
santo, mas a dupla Palocci-Meirelles aperfeiçoou a base econômica e
institucional herdada pelo governo anterior enquanto o PT fazia seus
programas sociais (e José Dirceu fazia o mensalão). Interessante é ver
que o pessoal que é petista “da gema” ou nunca menciona o Palocci ou
praticamente não o defende. Se o faz, não é com o mesmo ardor com quem
defende Genoínos e Dirceus. Por isso, creio que ele possa ter sido
abatido da política por “fogo amigo”.
2- Ambientes que criam riqueza, seja
esta intelectual, cultural, econômica, etc. são ambientes propícios ao
contraditório. O PT sempre fez um discurso de animosidade em relação ao
contraditório. É o tal do “nós x eles”, o dividir para conquistar. O
fato de termos como “aliados” (hahahahahah) gente como Putin (Dilma foi a
ÚNICA a sentar do seu lado no G20), Castro, Maduro et caterva, mostra
que o partido nutre muito amor por totalitarismos. Como ter um ambiente
propício ao contraditório com um discurso institucional de ódio?
3 – Não adianta estimular o consumo,
distribuir riqueza, e não criá-la. E riqueza não é criada por um ente
centralizador, no caso o Estado. Onde houve tentativa de centralizar a
criação de riqueza, houve pobreza. Dilma, diferentemente de Palocci, não
só acredita em algo equivocado (que ela pode criar a riqueza, afinal,
ela é uma cepalina), mas acredita nisso dogmaticamente. A partir do
momento em que esta senhora tomou as rédeas do país, a coisa começou a
degringolar por ela fazer uma receita econômica que incentiva o consumo,
mas é tosca na criação da riqueza.
4 – Criação de riqueza exige
estabilidade. Não adianta os petistas-que-odeiam-Palocci desdenharem “os
mercados”. Os mercados existem e, diferentemente dos consumidores
individuais ou de pequenos grupos, no agregado funcionam mais ou menos
de maneira racional (exceto quando estão psicóticos ou cegos, o que
acontece também, mas não é o caso com a Dilma). Se as regras do jogo
mudam durante o jogo, ninguém mais vai querer jogar. Advinhem? É o que a
Dilma tem feito.
5 – Houve um crescimento dos países
emergentes na primeira década do século XXI, em geral. É bem provável
que com qualquer partido governando, com ideologia que não PSOL para
baixo (porque aí a Venezuelização seria muito rápida), o padrão de vida
geral melhorasse.
Duvivier poderia e faria muito bem se refletisse um pouco sobre esses pontos.
Esperar reflexões de um esquerda caviar, com fixação na “porta dos fundos”, é esperar demais.
.
Mais fácil é tirar água de pedra.
1) Fale sempre com muita propriedade sobre assuntos genéricos. Faça de conta que suas análises rasas e superficiais são muito profundas. Exemplo: “O Brasil sofre com as desigualdades. Diminuir as desigualdades deve ser o norte de qualquer governo”.
2) Associe a si mesmo a bondade, honestidade, fraternidade e preocupação com os oprimidos. Associe as outros a maldade, o preconceito, a violência, o fascismo, o nazismo, o ato de assassinar cachorrinhos como esporte predileto.
3) Ignore os significados das palavras. Diga “direita”, “fascismo”, “neoliberal”, “golpista”, mas não se preocupe se alguém vai querer que você defina o que quer dizer com todas essas palavras. O que importa é parecer inteligente, não saber o que está dizendo. Pelo amor de Deus, cara, não vá pesquisar o significado do termo “reacionário”. Diga que alguém é reacionário, mas não me envergonhe querendo saber o que você quer dizer com isso, ok?
3) Pegue somente as maiores besteiras ditas pela “direita” e associe essas besteiras a toda a “direita”. Por exemplo, em um protesto contra o governo atual, pegue uma ou duas pessoas que pedem intervenção militar e diga “a direita quer a volta dos militares”.
4) Para não dar muita bandeira, faça pose de isentão. Diga que você não é nem esquerda nem direita nem meia nem atacante nem goleiro, só um espectador interessado.
5) Procure sempre fazer, de vez em quando, uma acusação vaga à esquerda. De preferência, diga que alguém “virou de direita” quando fez algo ruim. Exemplo: “meu cachorro, ao fazer cocô no chão da sala, virou de direita”.
Pronto, com esses 5 passos, você pode se declarar um cara super inteligentão! Parabéns!
Ele vota no pt por não ter que pagar a conta. e eu fico aqui pensando se ele dentro desta lógica de raciocínio, é um psicopata, um histérico ou um cretino. Apoiar criminosos condenados, apoiar o uso desabrido da coisa pública em favor próprio ou de um partido, fechar os olhos para o enriquecimento meteórico de caciques do partido, que não têm mérito intelectual; so reforçam este pensamento. Para mim ele é um zero a esquerda, e não lhe concedo um segundo de meu tempo, além do usado para fazer este comentário. R.I.P. Sr. Duvivier.