Apenas
dez dias após Dilma ser reeleita já ficaram evidentes inúmeros
estelionatos eleitorais. Logo três dias após a vitória, o Copom resolveu
subir a taxa de juros, algo que era, durante a campanha, associado a
coisa de tucano “neoliberal” insensível para com os pobres. Quando é o
PT quem faz tudo bem?
Em seguida, os nomes de dois banqueiros
passaram a ser considerados na lista de prováveis substitutos de Guido
Mantega. Trabuco, do Bradesco, e Meirelles, que foi presidente do Bank
Boston, portanto banqueiro internacional, seriam as sugestões de Lula
para o cargo. Mas banqueiro não faz a comida desaparecer do prato dos
miseráveis?
Por falar em bancos, o PT não era o
partido que iria enfrentá-los para proteger os pobres? Marina Silva não
foi acusada de defensora de banqueiros por ter o apoio de uma herdeira
do Itaú? Pois bem: o próprio divulgou
esses dias seu lucro recorde: R$ 5,4 bilhões no trimestre! Um aumento
superior a 35% contra o ano passado. Imagina só se Dilma fosse amiga, e
não inimiga dos banqueiros…
A inflação, vamos lembrar, estava “sob
controle”, disse uma Dilma firme. Chegou a afirmar que era zero, pegando
um mês apenas, um ponto fora da curva. E os preços represados? Isso não
existia, garantiu a presidente candidata. E agora?
Agora a Aneel já autorizou o aumento de
quase 20% na conta de luz para várias empresas, como a Light aqui no
Rio, e a Petrobras já entrou com pedido de aumento para a gasolina, que
deve ser aprovado em breve.
A OCDE divulgou que, enquanto a inflação mundial caiu pelo quarto mês consecutivo, a nossa subiu. Mas não era tudo culpa de uma suposta “crise internacional”? Ao menos isso foi dito durante a campanha.
Dilma seria intransigente com a corrupção
também. Foi a promessa durante a campanha. O que aconteceu depois?
André Vargas, aquele deputado que saiu do PT para evitar
constrangimentos após vazarem dados sobre sua íntima relação com o
doleiro Alberto Youseff, foi passear na sede do PT, para trocar dois
dedos de prosa com seus “ex-colegas” de partido. É essa a imagem de quem
não compactua com a corrupção?
O presidente da Transpetro, ligado ao
PMDB que apoiou Dilma, caiu nesses dias também. Eis uma amostra singela
de apenas três notícias em destaque no site de um jornal carioca ontem:
Diante disso tudo – e é só o começo –
caberia perguntar aos eleitores do PT: não se sentem traídos? Esperavam
tantas mudanças repentinas logo depois do pleito, em direção contrária
ao que foi dito na campanha? Ou será que não se importam com o
estelionato eleitoral, pois o que vale é ficar no poder “em nome do
povo”, custe o que custar?
É por essas e outras que costumo dizer
que o PT não tem mais eleitores, e sim cúmplices. Qualquer pessoa com
algum resquício de decência estaria cobrando do partido e da presidente
reeleita explicações para tantos atos opostos ao prometido na campanha.
Mas os eleitores do PT fazem um ensurdecedor silêncio. É conivência.
Estão dando o aval para mentir, para enganar os mais ignorantes.
Aumento de juros, aumento da conta de
luz, aumento da gasolina, aumento do lucro dos bancos, e proximidade
amigável com notórios corruptos: quem não se sente traído só pode ser
cúmplice. Podem ficar sossegados, caros eleitores do PT, que estaremos
aqui por muito tempo para jogar em suas caras que são responsáveis por
isso tudo também.
Rodrigo Constantino
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