quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Se Dilma enganar seus eleitores e “tucanar” de vez, isso é bom ou ruim para o país?

05/11/2014
 
 



Mal foi reeleita e Dilma já começa a escancarar o estelionato eleitoral que praticou. Esqueçam o que foi dito durante a campanha: ali valia tudo para vencer, e apenas isso importava. Agora ela precisa ser mais realista, encarar o Brasil de verdade, não aquele da propaganda de João Santana. Não será nada fácil.


As primeiras medidas mostram que algum grau de realismo até mesmo Dilma terá de demonstrar. Aumento na taxa de juros, como se Arminio Fraga fosse o novo ministro da Fazenda, segundo a fala da própria presidente. Preços sendo aumentados após ficarem represados por causa da eleição. E até mesmo banqueiros, ó céus!, cogitados para assumir a pasta no lugar de Mantega. Isso é bom ou ruim?


Divido a resposta em duas partes. Do ponto de vista econômico, sem dúvida seria positivo Dilma ter mentido descaradamente para seus eleitores e enganado os trouxas. Afinal, insistir em suas promessas e levar a cabo seu discurso de campanha seria catastrófico para o país.


E não sou daqueles que acha que quanto pior, melhor. Até porque o fracasso econômico não é garantia de derrota política, como vimos na Venezuela e na Argentina. Se o PT conseguir aparelhar toda a máquina estatal e o que falta no STF, nem uma crise econômica nos salvará do bolivarianismo.


Logo, seria bom para a economia o estelionato eleitoral e uma “tucanada” de Dilma. O que não acho que vai acontecer de fato. Algumas coisas sim, como já estamos vendo. Mas não creio no repentino despertar para o bom senso de nossa presidente, cujo ranço ideológico e autoritário é muito forte. Mesmo sob pressão de Lula e da economia, acho mais provável ela fazer poucas concessões, mas manter sua “nova matriz macroeconômica”, insistir nos erros, e até dobrar a aposta.


Já do ponto de vista político, o estelionato eleitoral seria bastante negativo. Qual mensagem fica se um partido pode simplesmente falar o que bem entender durante a campanha, e logo depois fazer o oposto? Qual o efeito disso para nossa democracia a longo prazo?


Uma candidata que diz que banqueiro na Fazenda significa falta de comida para os pobres, e logo depois indica um banqueiro para a Fazenda? E vamos aceitar passivamente isso só porque é melhor para a economia? E para nossa moral, nossos costumes, nossos valores éticos? Eles não importam? Devemos aceitar calados um verdadeiro golpe eleitoral? Não estaríamos assinando embaixo que vale tudo para ficar no poder?


Enfim, se Dilma realmente adotar uma postura mais tucana, isso será evidentemente bom para a economia, pois a turma do PT é terrível e nada entende de economia, mas será ruim para a democracia. Porém, como já disse acima, acho pouco provável uma mudança tão radical de Dilma. Por isso mesmo não corremos muito “risco” de dar certo…

Rodrigo Constantino

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