Caso Rôney Nemer: Tribunal de Justiça condena distrital
Decisão coloca em risco, nos termos da Lei da Ficha Limpa, mandato de deputado federal obtido em outubrodaniel.cardozo@jornaldebrasilia.com.br
Por unanimidade, a 3ª Turma Cível considerou que Rôney Nemer participou do esquema de compra de apoio político apelidado de Mensalão do DEM. As penas foram de R$ 300 mil por danos morais coletivos e de R$ 552 mil de ressarcimento do dano provocado ao erário. Além disso, o distrital ficará inelegível por seis anos.
A Lei da Ficha Limpa prevê que condenados em órgão colegiado por improbidade administrativa, comprovado o dano ao erário, perdem os direitos políticos. O Ministério Público aguarda a notificação da decisão e já prepara ação para cassar o diploma de deputado federal a ser entregue a Rôney Nemer. Segundo o calendário eleitoral, a entrega deve ser feita até 19 de dezembro.
Os desembargadores do Tribunal de Justiça concluíram que Rôney Nemer recebeu dinheiro para apoiar o governo, apesar de não existirem vídeos que comprovassem o crime, como em outros casos. No entanto, ele foi citado em gravações de áudio e teve as iniciais anotadas em um caderno que seria de controle no pagamento de propinas.
O relator do caso, o desembargador Mario-Zan Belmiro, estipulou multas que passavam de R$ 1 milhão - diminuindo a condenação em primeira instância - e manteve a perda dos direitos políticos por dez anos. O voto foi seguido pelo desembargador Gilberto Pereira de Oliveira. No entanto, a desembargadora Maria de Fátima Rafael Aguiar trouxe um novo entendimento e as sanções foram abrandadas. Os magistrados unificaram o voto para evitar possíveis embargos infringentes.
Promotoria vai questionar a diplomação
Os problemas do parlamentar com a Justiça devem continuar. Rôney Nemer pode ter questionada a diplomação, por parte do Ministério Público, de partidos e coligações. Mesmo assim, a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral ainda não tirou o diploma de parlamentares condenados após a data da eleição, como é o caso do distrital.
“O que pode acontecer é uma ação pedindo a cassação do diploma, com prazo máximo de ingresso no primeiro dia após o fim do recesso do Judiciário”, explicou o advogado Rodrigo Pedreira. Além da diplomação, que passou a ser ameaçada, o distrital poderá enfrentar processos de cassação na Câmara dos Deputados.
Especialista duvida
Já o especialista em Direito Eleitoral José Eduardo Alckmin não crê na validade em um processo disciplinar no Congresso Nacional, mesmo após o trânsito em julgado do processo. O advogado considera difícil a mudança na jurisprudência. “O que aconteceu no caso do ex-governador José Roberto Arruda foi uma hipótese ainda não experimentada pela Justiça Eleitoral. Esse caso já possui similares, onde a diplomação foi mantida”, opinou.
Em nota, o deputado Rôney Nemer classificou a decisão como uma “injustiça” e prometeu recorrer. A nota lembra que Durval Barbosa, o delator do esquema de corrupção, “afirmou jamais ter entregado dinheiro ou benefício ao deputado e nem ter tomado conhecimento de que alguém tenha feito”.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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