15/12/2014
às 11:15
Leitores,
acabei ficando preso no Rio em razão de contratempos . Depois falo da
maravilha que foi o lançamento de “Objeções de um Rottweiler Amoroso” na
Livraria da Travessa. Escrevo no celular. Vamos lá.
Afirmei neste blog que é um
absurdo a Comissão da Verdade ignorar os crimes das esquerdas. Os
idiotas, como sempre, reagiram com idiotices. Agora, quem diz isso é uma
das vozes mais respeitadas do mundo em defesa dos direitos humanos em
entrevista à Folha. Tratarei do assunto nos Pingos nos Is. Leiam trecho.
Volto depois
Há
mais de quatro meses venho cobrando aqui, sistematicamente, a demissão
de Graça Foster, presidente da Petrobras. Ainda que nenhuma suspeita
houvesse contra ela; ainda que tivesse um passado impoluto como as
flores; ainda que fosse um verdadeiro gênio da raça na área
administrativa, esta senhora deveria ter caído no começo de agosto,
quando ficou evidente que tivera acesso prévio a questões que lhe seriam
feitas na CPI. Mais do que isso: ficou comprovado que um grupo se
reuniu no gabinete da presidência da estatal para combinar a maneira de
fraudar a legitimidade da Comissão Parlamentar de Inquérito. Há um vídeo
a respeito. É inquestionável. Trata-se de um fato comprovado, não de
uma suspeita.
De
agosto a esta data, Graça tem visto minguar a sua reputação; de agosto a
esta data, o passado de Graça tem sido reescrito por fatos nada
abonadores; de agosto a esta data, a técnica com fama de competente e
irascível tem-se mostrado apenas mais um quadro do PT na Petrobras, lá
instalado não com a missão de moralizar a empresa, mas de salvar a
pátria dos companheiros.
Nesta
sexta, ficamos sabendo que uma executiva da Petrobras -- seu nome:
Venina Velosa da Fonseca -- denunciou tanto à diretoria anterior da
estatal como à atual a existência de um esquema de roubalheira na
empresa. E o que fez a diretoria anterior? Nada! E o que fez a atual?
Nada também!
De quebra, as acusações de Venina atingem, e com bastante
verossimilhança, o governador da Bahia, Jaques Wagner, candidato a ser
um dos homens fortes do governo Dilma.
A presidente da República não pode assistir, inerme, à desconstituição
da Petrobras sem tomar uma medida drástica. É preciso, e com urgência,
criar uma espécie de gabinete de crise -- composto, também, de técnicos
sem quaisquer vinculações com a estatal -- para enfrentar a turbulência.
Se
o episódio da CPI não fosse grave o bastante para inviabilizar a
permanência de Graça, há o caso, escandaloso por si, da empresa
holandesa SMB Offshore. Em fevereiro, VEJA denunciou que a gigante havia
pagado propina a intermediários na Petrobras em operações de aluguel de
navios. Em março, a presidente da estatal concedeu entrevista negando
quaisquer irregularidades; no mês passado, ela as admitiu, afirmando que
tinha conhecimento das falcatruas desde meados do ano.
Graça só se
esqueceu de que a Petrobras é uma empresa de economia mista e de que
seus acionistas merecem satisfação. Esse seu comportamento servirá de
prova contra a empresa em ações múltiplas nos EUA contra a estatal, que
pode assumir proporções bilionárias.
Não!
Graça não é a moralizadora de que a Petrobras precisa. Graça é apenas a
moralizadora de que o PT precisa. E, a esta altura, está muito claro
que os interesses do PT e da Petrobras não se misturam.
Ao contrário: a
cada dia fica mais claro que o que é bom para a Petrobras é ruim para o
PT e que o que é ruim para o PT é bom para a Petrobras.
Vá embora, Graça! Deixe em paz o patrimônio do povo brasileiro.
*
O diagnóstico é contundente: o
chileno José Miguel Vivanco, 53, diretor-executivo da divisão Américas
da ONG Human Rights Watch, diz que o Brasil está atrasado e precisa de
coragem para julgar os acusados, de ambos os lados, de crimes durante a
ditadura militar (1964-1985).
Diz sobre a decisão de ignorar
os crimes das esquerdas: “Foi um erro. Não pode haver dois pesos e duas
medidas. Se houve abusos cometidos por grupos armados irregulares, isso
deve constar de um informe dessa natureza. E também haveria servido
para mostrar a magnitude dos abusos cometidos pelo Estado e a magnitude
dos abusos dos grupos armados.”
Voltei
Não. Não concordo com Vivanco
em tudo. Ele acha que a Lei da Anistia pode ser revista para ambos os
lados, e eu, para nenhum. Demonstrarei que o Brasil está mais pacificado
do que os países que ele usa como exemplo. Vou deixar claro que ele
ignora o caso da África do Sul. Mas, no essencial, concordamos: direitos
humanos não têm marca ideológica.
E agora? Chamarão Vivanco de “direitista” e agente da ditadura?
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