domingo, 21 de dezembro de 2014
Na edição
impressa da revista Veja desta semana, J. R. Guzzo analisa o
decepcionante governo Dilma, que inicia o segundo mandato "em viés de
baixa". Pior de tudo, trata-se de um governo que tem desprezado a honra,
a ética e a decência - ojeriza característica do lulopetismo:
A presidente Dilma Rousseff está fechando o ano de 2014 numa situação curiosa: no momento em que se prepara para começar sua segunda e última temporada no Palácio do Planalto, está em viés de baixa, como se diz – um caso raro de governo que ficou mais fraco, depois de ganhar uma reeleição, do que estava antes da vitória. Esse início de segundo tempo, normalmente, marca o ponto mais alto a que um governo pode chegar. No caso de Dilma, não está sendo assim: a presidente entrou em declínio antes de chegar ao auge, e parece destinada a passar direto da decepção que foi seu primeiro mandato à desesperança que existe em relação ao segundo.
Ao longo dos seus primeiros quatro anos, o governo Dilma nunca chegou realmente a engrenar. Nesse período, o crescimento da economia, uma necessidade absolutamente crítica para o Brasil, ficou em média na casa dos 2% ao ano, o segundo pior resultado desde a proclamação da República, em 1889. Passou do saldo para o déficit nas exportações.
A indústria, que alterna períodos de marcha lenta com períodos de marcha a ré, é menor hoje do que era quando Dilma assumiu a Presidênca. Não há praticamente nada que esteja melhor agora do que estava no começo de 2011. Em suma: o desempenho do governo começou a ratear antes de ganhar velocidade, e disso não saiu mais. Hoje o Brasil roda a uma velocidade entre 0% e 1% de crescimento – seu resultado de 2014 e provavelmente de 2015.
A
presidente não tem nada de bom a anunciar para o ano que começa – ao
contrário, tem muita notícia ruim para dar, ou para esconder, e terá de
tomar aquelas medidas amargas que, como dizia há pouco, seu adversário
iria adotar se ganhasse. Mais que tudo, Dilma não sabe, simplesmente, o
que fazer a partir de 1° de janeiro para sair do atoleiro onde seu
governo foi se meter – se soubesse, por que raios não fez até agora o
que deveria ter sido feito?
A única iniciativa que tomou depois da
eleição foi armar uma fraude política para falsificar a realidade
numérica do orçamento de 2014; obteve do Congresso, em troca do
compromisso por escrito de dar dinheiro público aos parlamentares, uma
licença para desrespeitar a lei. Em matéria de mudança para o segundo
mandato, teve apenas uma ideia, jamais mencionada durante a campanha:
voltar a cobrar a CPMF, o imposto do cheque criado no governo Itamar
Franco e extinto definitivamente pelo Senado sete anos atrás. Fora isso,
nada mais lhe ocorreu de útil.
Qual a surpresa, nessa miséria de propostas, soluções ou alternativas? É um fato comprovado que a presidente da República não tem competência para fazer mais ou melhor do que tem feito; não há razão para imaginar que teria descoberto a luz, assim de repente, depois de ganhar a eleição. Quem acha que essa afirmação é um exagero fica convidado a responder a uma pergunta bem simples: em que momento, em todos os seus quatro anos de governo, Dilma mostrou algum talento visível, ou teve uma boa ideia que mereça ser citada?
Que problema sério resolveu por sua capacidade
própria? Como economista formada, escreveu algum artigo que tenha
causado admiração ou respeito? Que tese, estudo, pesquisa ou pensamento
original tem para apresentar?
O declínio de Dilma às vésperas de assumir seu segundo mandato não se manifesta apenas na falta de aptidão para governar. Tão ruim quanto isso é o desmanche moral de seu governo quatro anos antes da data de vencimento. Quase 70% dos brasileiros, na primeira pesquisa após as eleições, acham que a presidente está envolvida, em maior ou menor grau, nos episódios de corrupção na Petrobras.
Hoje os brasileiros sabem que
Dilma é capaz de comprar abertamente os votos de deputados para escapar
ao cumprimento daquilo que mandam as leis – e se beneficia quando as
galerias do Congresso são esvaziadas para que ela e seus agentes escapem
de vaias.
Também
sabem que nomeou para o Ministério da Fazenda um profissional do sistema
financeiro — depois de ter permitido que a propaganda de sua campanha
destruísse a adversária Marina Silva, acusando-a, sem nenhuma
comprovação, de favorecer os bancos caso fosse eleita. Dilma, Lula e o
PT já demonstraram de todas as formas possíveis que valores morais não
têm lugar na política.
Sua pergunta não é: “Isso está certo?”. O que interessa é outra coisa: “Dá para fazer?”. É muito ruim, inclusive por razões estritamente práticas – não há caso conhecido de governos bem-sucedidos que tenham desprezado a honra, a ética e a decência. O Brasil não vai ser o primeiro. (Coluna do Augusto Nunes).
Sua pergunta não é: “Isso está certo?”. O que interessa é outra coisa: “Dá para fazer?”. É muito ruim, inclusive por razões estritamente práticas – não há caso conhecido de governos bem-sucedidos que tenham desprezado a honra, a ética e a decência. O Brasil não vai ser o primeiro. (Coluna do Augusto Nunes).
2 comentários:
- Dilma não consegue montar o gigantesco ministerio porque quem e' bom e competente, alem de decente, nao quer entrar num governo enlameado. Quem entrar passa a ser suspeito. Simples assim.
- A visão que tenho desse segundo mandato do PT e que foi disputado na
cacetada, como última cartada, diz respeito aos compromissos assumidos
no Foro de São Paulo e a Pátria Grande em construção. O Brasil, pelo seu
tamanho e importância, por ser o primo rico da América Latina, tem o
papel de avalizador desse projeto. Perder a eleição significaria a
paralisação das expectativas e da execução do planejado. É aí que se
situa o segundo mandato do PT. Digo PT e não Dilma, pois ela apenas é
uma executiva do projeto de um partido declaradamente socialista e,
portanto, revolucionário.
Quem imagina que o governo tenta convencer as ditaduras, começando por Cuba, latino americanas, a suavizar o regime, esquece da natureza petista e dos atuais ocupantes do poder. Assim, pouco importa se o novo governo de Dilma vai ou não vai colocar nos eixos a economia, vai ou não vai administrar os problemas latentes nacionais. O foco é outro, é a continuidade dos compromissos socialistas.
E um dos símbolos marcantes desse fato é a construção do porto de Mariel em detrimento de carências em infraestrutura no Brasil. Os brasileiros podem esperar até que chegue efetivamente o novo regime que está em construção. Alguém imagina que a Justiça terá mãos pesadas sobre os políticos? Morro de rir. Marcos Valério, para o STF foi o articulador de todo o chamado processo do mensalão, envolvendo figuras ingênuas e honestas como José Dirceu, Delúbio, José Genoino e outros menos importantes.
Fico na expectativa de que o porteiro, a copeira, o vigilante, o motorista, o pessoal do baixo clero, terão penas duras para que a justiça possa dar uma satisfação à população. Em 2075, finalmente serão julgados, depois de muitas firulas jurídicas, vistas do processo, recorrência, etc., os principais cabeças da falcatrua. Isso é Brasil.