O governo petista escreve mais uma página indigna da história da política externa do país nos últimos 11 anos. Milícias chavistas estão caçando a bala manifestantes que vão às ruas, de forma pacífica — não há black blocs por lá —, cobrar democracia, liberdade e segurança. Governado por Nicolás Maduro, um sujeito demencial, o país vai mergulhando no caos.
Nesta
quarta-feira, mais uma estudante foi morta, desta feita com tiro na
cabeça. Trata-se de Génesis Carmona, que tinha 22 anos e era aluna de
marketing da Universidade Tecnológica do Centro, no Estado de Carabobo.
O
governo Dilma está em silêncio. Diz que a sua posição é aquela expressa
numa nota oficial do Mercosul, um texto que é acintoso, chegando a ser
debochado. Atenção: a Venezuela ocupa a presidência rotativa do bloco
econômico, e o comunicado que veio a público parece ser um despacho do
governo Maduro. É vergonhoso!
O texto diz repudiar a violência, mas acusa “as
ações criminosas de grupos violentos que querem espalhar a intolerância
e o ódio na República Bolivariana da Venezuela como uma ferramenta
política”.
É
uma vigarice! Os únicos manifestantes violentos do país hoje são as
milícias chavistas, que atuam em defesa do governo Maduro. A violência é
promovida, financiada e incentivada pelo governo.
O
PT destruiu a tradição de independência de nossa política externa, que
não se deixou pautar pela ideologia antes da chegada do partido ao
poder. O Brasil conseguia manter um bom equilíbrio entre o pragmatismo e
princípios que são a base da civilização.
Lembro
que, em plena ditadura militar, o pais esteve entre os primeiros que
reconheceram a independência de Angola e Moçambique, por exemplo, que
fizeram revoluções socialistas, cuja ideologia era avessa ao regime aqui
vigente.
A
independência acabou. Não há ditadura escancarada ou mascarada — Cuba
ou Irã, para citar um caso de cada — que não mereça o endosso e o apoio
do governo petista.
A entrada da Venezuela no Mercosul, leitores,
patrocinada por Dilma e Cristina Kirchner, a doida que governa a
Argentina, já foi um acinte e descumpriu o protocolo do Mercosul.
Provo o que digo. Não se trata de mera opinião. Existe uma coisa chamada Protocolo de Ushuaia. Estabelece as condições para que um país possa ou não ser aceito no Mercosul.
Leiam estes artigos:
ARTIGO 1
A plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração entre os Estados Partes do presente Protocolo.
A plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração entre os Estados Partes do presente Protocolo.
FATO: A Venezuela é um ditadura, em que não existe liberdade de imprensa e liberdade de manifestação.
No caso de haver ruptura da ordem democrática, o Artigo 5 estabelece o seguinte:
ARTIGO 5
“(…) desde a suspensão do direito de participar nos diferentes órgãos dos respectivos processos de integração até a suspensão dos direitos e obrigações resultantes destes processos.”
Quando
Dilma e Cristina aceitavam a Venezuela, já desrespeitaram o Artigo 4 do
acordo. Agora, quando o governo Maduro, por meio de suas milícias, sai
matando manifestantes, o que se está desrespeitando é o Artigo 5.
Não
custa lembrar que Dilma patrocinou a suspensão do Paraguai do Mercosul
porque o Congresso desse país depôs, segundo as regras legais e
constitucionais, o então presidente Fernando Lugo — aquele padreco que
fez uma penca de filhos quando ainda usava batina…
Afinal,
Lugo era um amiguinho do PT, e o governo brasileiro considerou que a
sua deposição, mesmo sendo legal, era inaceitável.
Com a Venezuela,
dá-se o contrário: mesmo o país ignorando os princípios do Mercosul, foi
aceito no grupo e, no momento, é quem o preside. Mais: a violência
conta com o apoio do governo brasileiro.
O Planalto é hoje cúmplice de uma ditadura assassina.
*
Segue a nota asquerosa do Mercosul
Segue a nota asquerosa do Mercosul
Os
Estados membros do Mercosul, diante dos recentes atos violentos na irmã
República Bolivariana da Venezuela e as tentativas de desestabilizar a
ordem democrática, repudiam todo o tipo de violência e intolerância que
busquem atentar contra a democracia e suas instituições, qualquer que
seja sua origem.
Reiteram
seu compromisso com a plena vigência das instituições democráticas e,
neste contexto, rejeitam as ações criminosas de grupos violentos que
querem espalhar a intolerância e o ódio na República Bolivariana da
Venezuela como uma ferramenta política.
Expressam
seu mais forte rechaço às ameaças de ruptura da ordem democrática
legitimamente constituída pelo voto popular e reiteram a sua posição
firme na defesa e preservação das instituições democráticas, de acordo
com o Protocolo de Ushuaia sobre compromisso democrático no Mercosul
(1998).
Sugerem
que as partes a continuem a aprofundar o diálogo sobre as questões
nacionais, dentro do quadro das instituições democráticas e do Estado de
direito, como tem sido promovido pelo presidente Nicolás Maduro nas
últimas semanas, com todos os setores da sociedade, incluindo
parlamentares, prefeitos e governadores de todos os partidos políticos
representados.
Finalmente,
expressam suas sinceras condolências às famílias das vítimas fatais,
resultado dos graves distúrbios causados, e confiam totalmente que o
governo venezuelano não descansará no esforço para manter a paz e plenas
garantias para todos os cidadãos.
19 de fevereiro de 2014
Reinaldo Azevedo
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