Não é credível que o governo de
nossa República, ao combinar com o regime cubano as modalidades de
importação de pessoal da área médica, não estivesse a par das
peculiaridades da remuneração dos profissionais.
Portanto, se assinaram o convênio e aceitaram suas condições, fizeram isso com conhecimento de causa. Estavam a par de que os missionários receberiam menos de 10% do total desembolsado pelo contribuinte brasileiro.
Quem assina, concorda. Que não venham agora alegar ignorância. Essa história de «eu não sabia» ficou como imagem de marca de personagem em acelerada via de decadência. Não cai bem requentar o símbolo.
Nossos mandachuvas têm o
persistente e irritante costume de só trilhar o caminho certo quando
pressionados a fazê-lo. São como criança pequena: exigem atenção 24
horas por dia. Bobeou, fazem besteira.
Foi preciso que uma certa Ramona ―
admitida no «programa» na qualidade de médica ― botasse a boca no
trombone, em atitude temerária. Não fez mais que gritar bem alto o que
todo o mundo já sabia. Mas seu trombone soou forte, e ninguém mais pôde
fazer de conta que o problema não existia.
Ficou claro que o governo
brasileiro patrocina trabalho escravo. Ficou escancarado que, apesar de
se autoproclamar justo e igualitário, o governo popular faz vista grossa a gritantes desigualdades ― desde que seus interesses pecuniários sejam preservados.
Assim mesmo, medo pânico se
infiltrou nos bastidores! E agora? Se «debandar geral», como é que fica?
Por mais que o atual estilo de governar ande desmoralizado, ainda não
tocou o fundo do poço. Continua presente a ameaça de descer mais fundo.
Mais vale pôr um esparadrapo enquanto é tempo, antes que a sangria se
torne inestancável.
Eis que, de repente, nosso bondoso
governo prepara gestões junto aos bons velhinhos de Cuba para
pedir-lhes que concedam um aumentozinho no holerite dos missionários.
Pode ser coisa pouca, um cala-boca pra inglês ver. Sempre ajuda.
Lígia Formenti e Vera Rosa, do Estadão, nos dão conta do embaraço
e da aflição que invadiram a alma de nossos dirigentes ao perceberem
que a remuneração dos infelizes cubanos equivalia à décima parte do que
recebem os profissionais, digamos assim, normais.
Nosso governo, que não suporta injustiça na distribuição de benesses, indignou-se.
Até a abnegação missionária tem limites, que diabo!
PS:
Como diz o outro, se importaram médicos cubanos para melhorar a saúde, quero políticos suecos para acabar com a corrupção.
Como diz o outro, se importaram médicos cubanos para melhorar a saúde, quero políticos suecos para acabar com a corrupção.
19 de fevereiro de 2014
José Horta Manzano LOROTAS POLÍTICAS E VERDADES EFÊMERAS
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