22/09/2014
às 6:11
É
preciso ser idiota ou ter muita má-fé — eventualmente uma soma das duas
coisas — para sustentar que o fim da doação legal de empresas a
campanhas eleitorais diminuiria a corrupção no Brasil.
Em primeiro
lugar, ainda que venham a ser proibidas — e o STF está a um passo de
fazer essa escolha estúpida —, as doações continuarão a ser feitas, só
que por baixo do pano. Em segundo lugar, a roubalheira maior nada tem a
ver com eleição. Ela se dá por intermédio das empresas estatais, como
prova a Petrobras, e das ONGs que são usadas pelos partidos.
A VEJA
desta semana traz uma reportagem que revela os bastidores escabrosos de
uma ONG chamada Instituto Brasil, criada em 2004 para supostamente
facilitar a construção de casas próprias, com dinheiro federal, para
pessoas de baixa renda na Bahia. Assim era no papel. De fato, a
dita-cuja era apenas um dos braços do PT que operava para desviar
dinheiro dos cofres públicos para o bolso dos petistas.
Quem faz a
denúncia? Não é o PSDB. Não é algum outro partido de oposição. Quem põe a
boca no trombone é Dalva Sele Paiva, nada menos do que presidente da
entidade. Ela cuidou do esquema para os petistas até 2010, quando o
Instituto Brasil foi fechado, atolado em irregularidades. Ao longo de
seis anos, segundo ela, R$ 50 milhões — SIM, CINQUENTA MILHÕES DE REAIS —
saíram dos cofres do governo federal para as burras dos companheiros.
O esquema
era relativamente simples. O Instituto Brasil era qualificado pelo
governo para construir, por exemplo, um número x de casas. Erguia muito
menos, repassava o dinheiro para a companheirada, e o próprio partido se
encarregava de arrumar as notas frias que justificavam as despesas.
Assim foi, por exemplo, em 2008, num caso já desvendado pelo Ministério
Público Federal.
O Instituto Brasil foi escolhido pelo governo para
erguer 1.120 casas ao custo de R$ 17,9 milhões. O dinheiro saiu do Fundo
de Combate à Pobreza. O MP já tem provas de que parte do dinheiro
sumiu.
Atenção! Só nesse convênio, revela Dalva à VEJA, R$ 6 milhões
foram parar nos cofres do PT, consumidos na eleição municipal. Ela deixa
claro que a entidade foi criada com o propósito de alimentar o caixa do
partido. E tudo passou a funcionar ainda melhor para o grupo depois da
eleição do petista Jaques Wagner para o governo da Bahia, em 2006.
A
investigação está a cargo da promotora Rita Tourinho, que chegou a
localizar testemunhas que acusavam políticos, mas, diz ela, faltavam as
provas. Parece que a tarefa agora será facilitada. Diz Dalva, que
presidia a ONG: “Vou levar todos esses fatos ao conhecimento do
Ministério Público. Quero encerrar esse assunto, parar de ser
perseguida. O ônus ficou todo comigo”. Ela diz ter em mãos, por exemplo,
os recibos de R$ 260 mil repassados à campanha do agora senador Walter
Pinheiro à Prefeitura de Salvador, em 2008.
Não era só
Walter Pinheiro, é claro! Atenção para a lista de outros petistas que,
segundo Dalva, receberam o dinheiro que deveria ter sido usado na
construção de casas para os pobres:
– Afonso Florence, deputado federal e ex-ministro da Reforma Agrária de Dilma. Dalva diz ter entregado a ele várias pacotes de dinheiro de R$ 20 mil a R$ 50 mil, quando era secretário de Jaques Wagner. Um assessor seu chamado Adriano teria recebido a bufunfa;
– Vicente José de Lima Neto, presidente da Embratur: recebeu pensão mensal de R$ 4 mil;
– Rui Costa, atual candidato ao governo da Bahia: pensão mensal de R$ 3 mil a R$ 5 mil;
– Nelson Pellegrino, deputado federal: recebeu dinheiro para boca de urna, para pagar cabo eleitoral e bancar outras despesas da campanha.
E o
governador Jaques Wagner? Será que ele sabia? Dalva diz que era
impossível não saber. Afinal, quem arrumava as notas frias que
justificavam os gastos era a então diretora da Secretaria de
Desenvolvimento Urbano, Leda Oliveira. Hoje, Lêda é ainda mais poderosa:
ocupa o cargo de diretora de Comunicação do governador Jaques Wagner.
Todos os
acusados negam tudo com veemência. O deputado Nelson Pellegrino, por
exemplo, começou afirmando que nem conhecia a tal Leda. Chamou pela
memória e acabou lembrando que uma irmã sua trabalhou no Instituto
Brasil: “Mas eu pedi para ela sair quando descobri como eram as coisas
lá”. Então quer dizer que ele sabia como eram as coisas por lá?
Vamos ver
no que vai dar a investigação do Ministério Público. A mulher que
cuidava da dinheirama contou tudo, mesmo sabendo que também está
confessando um crime. Só não aceita cair sozinha.
Comentario
E o Magela e o Eduardo Brandão e a TERRACAP quanto não estão ganhando com o Minha Casa Minha Vida?Ajudar os pobres é apenas uma desculpa politicamente correta pra roubar esses mesmos pobres que afirmam proteger!Brasileiros, acordem!
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