Luciana LimaiG Brasília
Com um discurso
emocionado, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República,
Gilberto Carvalho (PT-SP), deixou o governo nesta sexta-feira (2). Ele
se desculpou por suas declarações à imprensa que irritaram a presidente
Dilma Rousseff e respondeu aos que acusam os integrantes do governo de
fazer parte de uma “quadrilha”.
“A quem diz que
perdeu as eleições para uma quadrilha, quero responder que é essa a
nossa quadrilha. Para eles, pobre é quadrilha, essa é a quadrilha dos
pobres, que foram injustamente vencidos na história, que foram o tempo
todo marginalizados e que agora estão sendo tratados minimamente com
dignidade. Com muito orgulho quero dizer que pertenço a essa quadrilha e
vamos continuar mudando no País”, disse Carvalho durante a cerimônia de
transmissão de cargo.
O ex-ministro foi
substituído por Miguel Rossetto. A pasta tem a função de fazer a
interface do Planalto com movimentos sociais. Rossetto disse que seguirá
a orientação dada pela presidente Dilma de não retroagir em direitos já
conquistados. “Há que se dar continuidade a um projeto iniciado com um
conceito expresso. Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás”, disse o
ministro Rossetto.
NÃO É LADRÃO
Antes, Carvalho, em
um discurso emocionado, disse que não é ladrão. “É por conta dessa
gente que ganhamos as eleições, é por conta desse tipo de mudança que
ganhamos as eleições. E ai de quem se apega ao poder. A política é feita
para servir. A imensa maioria dos nossos companheiros, ministros e
assessores trabalha aqui por amor, trabalha aqui para servir. Nós não
somos ladrões. Eu volto para casa depois de 12 anos com minha quitinete
rural e com meu apartamento que estou devendo para o Banco do Brasil
durante 19 anos. Desafio certas vestais a comparar a evolução
patrimonial de todos eles com os nossos ministros, nossos parlamentares,
nossa gente. Não vamos levar desaforo para casa. Temos dignidade”,
disse o ministro, arrancando aplausos da plateia.
O petista continuou
o desabafo. “É verdade que há entre nós aqueles que tombaram e aqueles
que caíram nos erros. Diferentemente de antes, cada um de nossos
companheiros que cometeu um erro foi punido, pagou um preço doloroso
para nós, mas pagou o preço e isso eu espero que sirva de fato para um
novo padrão republicano.”
“SINCERICÍDIO”
Carvalho disse que
suas declarações feitas a imprensa ocorreram em momentos de
“sincericídio”. “Eu pedi desculpas a ela porque eu dei muita dor de
cabeça a ela, principalmente, devido as minhas declarações à imprensa”,
afirmou.
“Nesta casa ninguém
falava com os jornalistas e eu caía na deles e de repente isso virava
uma bomba. Mas em nenhum momento eu me arrependi”, disse Carvalho, que
protagonizou episódios de saia justa no governo. Na Copa do Mundo, por
exemplo, Carvalho rechaçou a ideia de que as vaias e xingamentos nos
estádios contra a presidente, partiram da “elite branca”, como defendiam
petistas, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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