domingo, 4 de janeiro de 2015

Wagner começa mal na Defesa, desagradando aos militares


Wagner desconhece a gravidade da questão indígena
Carlos Newton
O novo ministro da Defesa, Jaques Wagner, fez uma estreia desastrada no importantíssimo cargo. Sem ter informações sobre a gravidade da questão indígena no país, foi logo defendendo a imediata demarcação da área Tupinambá de Olivença, no Sul da Bahia, como forma de amenizar a tensão entre não índios e os descendentes de antigas tribos, que querem se apossar de extensas áreas que dizem ter pertencido a seus antepassados. Com macaco em loja de louças, Wagner também criou uma briga com outro ministro petista, José Eduardo Cardozo.


“No sul da Bahia, o caso ganhou transtornos complicados porque o Ministério da Justiça ainda não registrou sua posição. Não quero dizer que fulano ou sicrano tem culpa – até porque tenho sempre trabalhado em sinergia com o ministro José Eduardo Cardozo e com a Funai [Fundação Nacional do Índio]. Mas, em política, a pior decisão é a que não se toma”, afirmou o desastrado Wagner.



A área que os índios reivindicam mede 47.376 hectares (1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial) e abrange parte do território das cidades de Buerarema, Ilhéus e Una.


Reivindicada pelos índios há décadas, foi identificada e delimitada pela Funai em 2009. Para a conclusão do processo demarcatório, o Ministério da Justiça precisa expedir a portaria declaratória, reconhecendo a área como território tradicional indígena. Por fim, é necessário que a Presidência da República homologue a decisão.


QUESTÃO INDÍGENA
Ao dar essas declarações, Jaques Wagner demonstrou que não tem habilidade nem discernimento para ser ministro da Defesa, um cargo que se caracteriza pela discrição e pela diplomacia. Além disso, mostrou que não conhece a chamada questão indígena, justamente um dos problemas que mais preocupam os militares, devido à pressão internacional das Nações Unidas e da Organização Internacional do Trabalho para que seja declarada a independência política, territorial e administrativa das chamadas nações indígenas, com base em tratados que o governo brasileiro ingenuamente (acertadamente)(?) assinou nas gestões de FHC e Lula.


Para os militares, suportar um ministro que não tem informações sobre a real importância da questão indígena é algo inimaginável, ainda mais quando sai dando declarações à imprensa sobre assunto que não domina. Mas o que se poderia esperar de um Ministério despreparado como este que a presidente Dilma Rousseff acaba de nomear?
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