02/01/2015
às 15:02 \ Política
O senador Aécio Neves concedeu uma ótima entrevista a
Joice Hasselmann, na TVeja. Mostra um misto de firmeza na posição
inegável de líder da oposição, com humildade, ao reconhecer que o
fenômeno é muito maior do que uma só pessoa. Há, pela primeira vez, uma
oposição desperta, ciente de seu papel fundamental no avanço da nossa
democracia. Algo que tomou conta do país todo, como reação aos
descalabros da gestão petista.
Aécio se mostrou preocupado com o
aparelhamento da máquina estatal, principalmente no Supremo Tribunal.
Lembrou que a sabatina de ministros nos Estados Unidos pode levar meses,
enquanto aqui virou um momento bizarro de elogios ao indicado. O
senador tucano pretende inclusive apresentar um projeto de lei para
dificultar esse tipo de coisa. Uma oposição acordada jamais teria
deixado passar a indicação de um Dias Toffoli para o STF, por exemplo.
Voltou a falar dos escândalos da
Petrobras também, sem receio de afirmar que há uma quadrilha montada
dentro da estatal. Disse que é fundamental investigar mais a fundo o
caso, não apenas na Petrobras, mas em outras empresas públicas. Há
claros indícios de que o esquema não se restringiu ao caso da Petrobras.
Aécio disse se sentir indignado com tudo isso, como milhões de
brasileiros. Perplexidade é a palavra que define seus sentimentos. A
institucionalização da corrupção precisa ser combatida. O PT tem apenas
um projeto de poder.
O presidente do PSDB está confiante de
que teremos pela primeira vez uma oposição vigorosa nos próximos anos,
rejuvenescida. Joice fez perguntas diretas, colocando Aécio “contra a
parede”. Mas o entrevistado se saiu bem, respondendo sem rodeios. Como
no caso de Lula, que o chamou de “playboyzinho” e que estaria tão
apavorado porque realmente temia uma vitória de Aécio, pois seu governo
colocaria ordem no país e acabaria com essa “pouca vergonha” toda,
inclusive com as boquinhas do próprio ex-presidente.
Falou da derrota surpreendente em Minas
Gerais e reconheceu, com humildade, que a derrota tem um fator
pedagógico importante, mais até do que a vitória. Assumiu a
responsabilidade pela derrota, sem jogar a culpa em ombros alheios, como
os petistas costumam fazer. Mas tampouco se furtou de constatar que
estamos diante de um estelionato eleitoral, e ainda citou o uso
criminoso de estatais na campanha do PT. Parece ciente do esforço que
será necessário para derrotar o PT.
E é bom que seja assim, pois já ficou
claro que sem muito esforço, feito com antecedência, será impossível
vencer a máquina estatal colocada a serviço do PT. Outro tucano de peso,
Geraldo Alckmin, também aproveitou seu discurso feito na posse para espetar o atual governo, ao
dizer que São Paulo tem rejeitado a “ilusão do populismo fácil”. Ao
rejeitar o que chamou de “falso dilema”, Alckmin constatou que “não é
preciso fraudar a boa fé do povo brasileiro para fazer justiça social”.
Ambos, Aécio e Alckmin, são bons nomes
dentro do universo tucano para enfrentar o PT em 2018. É bom que os dois
estejam com vontade de representar a oposição insatisfeita, indignada,
cansada dessa banalização da corrupção promovida pelo PT. Desde que a
disputa interna do PSDB não acabe por enfraquecer a oposição. Aécio teve
a sabedoria de se esquivar dessa pergunta sobre a chapa de 2018,
reconhecendo que é um privilégio ter mais de uma possibilidade para
liderar a campanha contra o petismo.
É importante que as vaidades e ambições
individuais fiquem mesmo em segundo plano, pois o Brasil precisa de uma
oposição não apenas conectada à realidade, mas unida de verdade em prol
de um projeto novo que coloque finalmente no passado essa época
vergonhosa de bandidagem, incompetência e mediocridade.
Rodrigo Constantino
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